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http://blogdorodrigocaldeira.blogs.sapo.pt

Desde 2008 - 716.000 visualizações em todo o mundo. Diário pessoal aberto, onde se pode ler experiências pessoais de vida, de relacionamentos, vislumbrar reflexões psicológicas, sociais e até pessoais.

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Entulho Emocional

12.10.16, RodrihMC

entulho emocional 1.jpg

Havia recebido um e-mail de uma moça muito comunicativa, advogada, que havia se encantado com os posts sobre homens misóginos no meu blog. Ela relatava a agressão física e moral que recebera de seu então esposo. Foi a gota d´água para que ela parasse de continuar cega para uma grande verdade: Ela havia sido eleita para se envolver com um misógino. Talvez mais do que isso, quiçá um psicopata ou um cara com sérios transtornos psicológicos. Trocamos muitas ideias sobre esse assunto, e como é natural de acontecer mostrei mais o humano em mim, dos trabalhos e resultados obtidos na vida real, muito além do estereótipo que fica virtualmente. Mas, de repente, do nada, e igualmente a outras mulheres que não sei dizer o porquê reagir assim, esta também sumiu de repente. Fica um desconforto na alma da gente, que tem a intenção de acolher a pessoa com todas as suas verdades, suas experiências e crenças, em que desaceleramos a nossa vida para nos prestar nesse abraçar altruísta, desdobrando-nos numa profunda abertura de nossa íntima experiência, para, de repente, nos vermos no limbo do silêncio, sem feedback nem um motivo que propiciasse um entendimento coerente dos fatos. Mas esse comportamento é natural, quando se lembra que o sucesso dos aplicativos como Badoo, Tinder, Whatsapp, e outros mais antigos como o próprio MSN, o Skype etc, permitem que você não tenha nenhum propósito na interação com alguém, isto é, você simplesmente bloqueia, exclui, deleta, desaparece da frente de outrem, como num passe de mágica, sem sentir culpa nem a obrigação de dar satisfações, adios, arrivederte ou qualquer sinal de fumaça. É a nova realidade da comunicação sem se comunicar, em que vou ali despejar meu caminhão de entulhos emocionais e depois saio mais leve, sem culpa e nem compromisso. E que quem recebe o entulho que se vire para administrá-lo. Enfim, é frustrante quando isso acontece e, sinceramente, sinto que essa ideia de deixar um e-mail para que a pessoa possa entrar em contato para ser melhor ouvida, orientada e até mesmo ser reinventada não vale a pena, por mais humanista que eu seja. E não é pra menos, há o espaço para comentários e se a pessoa quiser realmente se manifestar poderá fazer uso dessa ferramenta, assim nem eu paro minha vida em função do outro, nem quem comenta sua experiência se envolve mais do que o necessário no propósito do post. Vou fazer isso. Entretanto, em consideração à essa moça de quem não revelo seu nome nem referência, justamente por fazer valer o poder da confiança (algo que primo profundamente), uma moça nova mas extremamente sofrida, uma guerreira por natureza, vitoriosa de batalhas constantes, bonita e muito inteligente, vou responder suas buscas nas sugestões de temas que fez, enquanto estava animada e dentro da vibe do momento. Muito embora, acredito eu, que seu silêncio se deu pela verdade que eu disse, naquilo que acredito e tenho domínio para sustentar este conceito, sobre a maneira como ela está buscando se manter ou se sustentar diante o turbilhão de eventos em sua vida e abalos císmicos, tudo ao mesmo tempo: se agarrando a tudo e a todos os recursos de ajuda e autoajuda. Bom, vou começar por aqui. Quando você tem várias pontes para atravessar, na verdade você não vai a lugar algum. Você vai e volta o tempo todo, se perde e fica com uma sensação de que patinou no gelo, andou em círculos, não saiu do lugar. Buscar fazer terapia com psicólogo, participar de grupos de autoajuda, ler trocentos livros de autoajuda, falar do seu problema com inúmeras pessoas, dentre outras coisas que nem lembro ao certo, é o mesmo que tentar enxugar gelo. A pessoa não cria um referencial, um modelo a ser seguido, porque cada ajuda prima por uma linha de pensamento, o raciocíno digladia com o conceito de outra fonte de ajuda, e no fim, quem se arrebenta é a pessoa que já está em desespero querendo resgatar de si os fragmentos do que sobrou de sua última batalha. E é uma questão de raciocínio lógico, quem busca ajuda em tudo acaba se perdendo. Este conceito vale para tudo, por exemplo, "a loja que vende de tudo, no fim não vende nada". E acredito que essa verdade que eu disse foi dura demais para ela suportar e querer continuar os diálogos, mas enfim, paciência. Ela havia me pontuado três perguntas e vou respondê-la com o coração todo aberto na melhor intenção de atender à sua sede por respostas, em que me adianto e digo não ser eu o dono da verdade, mas ser essa a maneira como a enxergo. Ela: "Se puder seguem alguns temas: 1 - O poder de a mulher escolher o cara certo; 2 - A falta de malícia da mulher que estraga; 3 - Diferença entre misogino e psicopata". Respondo o seguinte: Sobre "O poder de a mulher escolher o cara certo" vem, primeiramente, do quanto ela se ama. Geralmente a mulher faz vista grossa para detalhes do comportamento do cara que ela está interessada. O tesão e as condições sociais dele ofuscam e neutralizam o senso de observação da moça. E muitas falhas de comportamento, tanto familiar, quanto social, até mesmo no trato com o pet de estimação. A mulher deve se envolver sim, mas precisa ficar atenta aos sinais. Este conceito serve aos homens também. Eu, envolvido pelo tesão e a admiração de ter havido "conquistado" uma gata dos sonhos, não consegui me atentar à podridão que constituía a vida da bela moça e o quanto seria uma roubada me envolver com ela e seus familiares. Entrei de cabeça e isso me custou dez anos de atraso de vida. Se envolver com alguém requer malícia. Prego o conceito para que você possa desenvolver o poder de escolher o cara certo, que é o de não ter medo de perdê-lo, ou seja, faça tudo o que puder para que a nova relação não dê certo, que se acabe nos primeiros três meses. Com isso quero dizer que você deva ser atenta, determinada, de opiniões próprias e inteligente. Obviamente que você não será antipática, mas nesse período seja flores, perfumes e amores, mas não se envolva por completo, porque tudo é apenas o colorido inicial em que a paixão está falando mais alto. E respondendo esse primeiro tema, já emendo no segundo: "A falta de malícia da mulher que estraga", em que é realmente isso o que acontece. Quando a mulher se entrega de corpo e alma nesse começo de relação, ela simplesmente se condenou pelo resto da relação inteira. Ela já revelou seus mais íntimos segredos, suas experiências do passado, seus tropeços e trapaças, e com isso o cara tem o poder de controle sobre ela. Isso vale, e muito, do homem para com a mulher, como também aconteceu comigo, em que eu sempre expus minha vida pregressa no intuito de adiantar à amada minhas experiências ruins e na esperança que ela tivesse a doçura de compreender o que não fazer. Só que cada cabeça interpreta a informação como pode ou deseja fazer, e com isso eu me tornava previsível e fácil de manipulações. A malícia está em tudo e a falta dela justifica o buraco negro de decepções e frustrações que suga suas energias durante o relacionamento. E por fim, a "Diferença entre misogino e psicopata". Bom, o misógino é um cara que sempre teve dificuldades de relacionamento com sua mãe e irmã(s), em que ao se relacionar com uma mulher se torna um cara opressor, pois no seu entendimento ele deve agir com antecipação na ideia de eliminar a mãe e/ou a irmã na mulher que está com ele, e ainda não sabe de seu medo e fraqueza com o feminino. Então ele parte para o ataque neutralizando-a antes que ela se sinta forte o suficiente para dominá-lo. Mas geralmente, os misóginos se envolvem com mulheres psicologicamente mais fracas do que as outras mulheres. Fracas no sentido de que passaram por algum trauma de infância e/ou adolescência, e vêem no cara um porto-seguro para serem acolhidas e protegidas. Pronto, pior do que isso não tem como ficar! Ela já está fragilizada por sua própria vida e suas escolhas erradas, daí vê num cara problemático o referencial de conforto. Ele, por não ter tido bom relacionamento com a mãe e irmã se faz de seguro de si, então são dois que se conhecem no baile de máscaras e acreditam que o rosto que se apresenta é o da máscara, e não se dão conta que tudo era só uma fachada. O psicopata é o tipo de pessoa fria, calculista, que não sente culpa de seus atos e, pior, acredita fortemente que tudo o que faz - ainda que seja destruindo a vida alheia - tem uma justificativa plausível, é sensato e está fazendo o que é certo. É o tipo de pessoa que não deveria vir na forma humana, mas talvez como um vírus ou bactéria. Mas, sabe-se lá por quê, esse tipo de malfeitor vem na forma humana para causar danos difíceis de reparar ao longo dos anos. Bom, respondi resumidamente os três temas que essa mocinha simpática e cheia de vida me propôs. Espero que ela encontre o caminho, dentre tantas pontes que está se dispondo atravessar, e que não se iluda, porque pode acontecer que daqui a alguns anos ela se envolva com outro misógino e vai achar que Deus não tem sido legal com ela, mas Deus não tem nada a ver com as escolhas que ela estará fazendo, principalmente em encher seus caminhos de pontes... Felicidades!

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