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Hoje acordei no meio de um sono
estava dormindo, não sei como
com sonho confuso, maluco, tristonho
atormentando meu sentimento, sentido
sem dono
Acordei eram três, não, minto, eram quatro
na quarta hora de um dia escuro
tentei dormir, sonhei de novo e vi um retrato
de uma cena bonita que há dias procuro
De tão bela a cena me hipnotizou
não consegui acordar nem sair daquele lugar
foi quando vi que o homem nessa cena chorou
porque não era eu nela a passear
Acordei eram quatro, não, minto, quase cinco
na quinta hora de um dia parado
não quis dormir e ficar acordado eu não fico
sentei no computador e digitei esse texto rimado
Há um chamado chamando eu sinto
Cansei de fingir que não é comigo o trato
mas não sei como atender essa coisa sem vinco
estou apreensivo, chateado e cansado
Vez outra ouço uma voz me falando no ouvido
para prestar atenção nas escolhas que faço
Olha! Quero muito acertar, disso não duvido
quero recomeçar com boas escolhas de imediato
Perdoe Rodrigo, perdoe Rodrigo
é muito difícil esse primeiro ato
Perdoe a si mesmo, perdoe, perdoe
se limpe do passado, se livra do trapo
Zere toda sua angústia, seu luto e pensamento
Pare de alimentar os monstros com esse silêncio
Tome as rédeas de sua vida, siga com ajustamento
Não olhe para trás, siga em frente, você é o seu gênio
Peça a si mesmo e tudo se arranjará
Lembre que o que se dá, se receberá
Não se preocupe se a justiça divina chegará
para ela que a você soube machucar
Olhe pra frente, perdoe e ande
sacuda a poeira do mal que se expande
vista roupa nova, bonita e grande
seja seu amigo, seu parceiro, levante, levante!
Eu preciso recomeçar, começar de novo
Não posso mais ficar dentro desse mundo escuro
Quero sair de dentro desse pequeno ovo
ou definir ficar de qual lado do muro
Tudo que dei recebi na mesma moeda
se aconteceu comigo acontecerá com ela
e com todos que fazem o mal inconsequente
moeda por moeda será paga justamente
A Natureza é clara e sábia
Nada se perde e tudo se transforma
Não existe recurso, nem petição nem lábia
Para protelar a justiça, esfriá-la ou deixá-la morna
Certo disso preciso parar tudo e seguir
com o plano desse poço emergir
olhar com respeito o que me aconteceu
e agradecer pela nova chance que Deus me deu
Agora posso recomeçar, reconstruir, reabilitar
o meu universo destruído pela falta de amor
Agora posso fazer tudo o que pude sonhar
sem precisar de sentir desamor, desvalor, desvalor...
É tempo de recomeçar, preciso e vou agir
É tempo de me namorar, me amar, me curtir
Eu quero, preciso fazer algo por mim
Eu posso, eu posso, eu posso sim!
E começo minha cura, meu resgate agora
nessa madrugada muda, escura e silenciosa
Vou iniciar hoje, agora mesmo, nessa hora
uma vida minha bem mais, muito mais amorosa
Obrigado Deus pelo sofrimento, a perda do amor, o livramento
que o Senhor me deu não por merecimento
mas sim por amor a mim, por graça, por graça
agora entendo o plano que traça
É para eu ser melhor, maior, sereno
porque a humildade nos faz mais belo, mais pleno
Entendo agora a dor e o sofrimento
Porque da agonia surge o nosso alimento
E me alimento desse manah intelectual
que não tem cor, sabor, é espiritual
preciso ter fé e com fé seguir
da auto-piedade devo me despir
Sou humano e já paguei o preço da trasnformação
estou quite com a dívida que fiz
agora posso seguir com minha vida em exaltação
porque tudo aconteceu como o Senhor bem quis
Não me preocupo mais com ter ou não ter companhia
vou zelar das coisas que resta, cuidarei mais de mim
ajudarei a quem precisar de alegria
e continuarei a cuidar do meu jardim
E quero ver como funciona a lei do universo agora
Plantarei flores cheirosas e adocicadas
verei meu jardim cheio de borboletas, beija-flores a toda hora
e desejarei ter alma e consciência renovadas, renovadas.
Agora é meu momento eu sei eu sinto
Tudo está consumado repito o que digo
Até o sono voltou, são quase cinco
mas tudo foi resolvido, esclarecido.
Quando temos uma relação rompida, quer por vontade, quer contra nossa vontade, e depois que atravessamos nosso deserto ou quando ainda estamos atravessando esse extenso deserto, uma viagem solitária pelo luto da perda de um amor nos deparamos com uma pergunta silenciosa que custamos querer ouvi-la e até de reproduzi-la em voz alta: "Quem virá para preencher?".
Certamente não é a pergunta real que vem, mas ela fala por aquelas tantas outras como: "Ficarei só?" ou "Será que vou amar novamente?" ou ainda, "Será que alguém vai querer alguém como eu na condição em que me encontro?".
Quem virá para preencher a solidão do meu sentimento?
Quem virá para preencher o vazio que está a casa de meu coração?
Quem virá para preencher o silêncio que emudece os ouvidos do meu espírito?
Quem virá para preencher com cores o cinza e branco de meus dias sem razão?
Essas perguntas martelam a mente por mais que não se queira ouvi-las e por mais que sejam coerentes, apesar de difíceis de serem respondidas, elas existem e nos retrucam o tempo todo.
Mas dependerá do que? De quem? Quanto tempo ficarei na lanterna dos afogados à espera de um milagre, de um salvamento? Um ano? Dois? Quatro ou Cinco? Talvez dez anos, quem sabe nunca mais... E dependerá do que? Dependerá da minha vontade? Da sua? Quanta confusão!
Certamente é mais uma chance que ganho para fazer aquilo que tanto gostaria. Lembro-me que numa situação embaraçosa do convívio com a parte que um dia eu amei surgiu-me na mente um pensamento rápido de uma possível nova chance de recomeçar, apesar que meu ego maior, aquele que chamam de superego encarregou-se de destruir minhas vontades e pensamentos, como se suspirar um pouco a vontade de recomeçar fosse mais que um pecado, fosse sim um crime.
Eu sei, essa é uma nova chance de recomeçar, mas com quem? Como? Dependerá do que? De quem? De mim? Oh não! De mim não! Não sou mais capaz disso, nem confio mais na minha própria capacidade de sustentar um amor permanente, preciso que alguém dê o primeiro passo e seja alguém que me faça dar muitos passos para me agarrar nesse novo sentimento. Mas quem? Como? Não sei. Sinceramente não sei.
O jeito é esperar e não desejar as pessoas a todo instante, por toda parte. Mas esperar pelo o que? Qualquer coisa ou pessoa pode ser o estímulo para nos dizer que é o amor renascendo? Claro que não. Então se não tem um sinal, um macete, alguma maneira de ser avisado, como será que conseguirei? Já me disseram que só descobrirei o amor quando eu me der para o amor. Mas como alguém se dá para o amor sem saber como amar novamente? E me responderam que é ficando com as pessoas que transmitam algum tipo de conforto, então estarei me dando para o amor, porque o amor não tem um conceito que o defina ser o mais correto, não há uma única resposta. Me disseram que o amor se treina, não se encontra pronto e mesmo que não sejam as pessoas as que nos amarão por toda a vida, isto é, que ficarão conosco por todo tempo, mesmo assim terão feito parte do renascimento do amor. Ainda concluíram dizendo que o amor ficado é um amor degustado, que só faz bem a quem o dá de coração aberto e o recebe na mesma harmonia.
Então que assim seja..
São reflexões assim que assustam as pessoas dependentes de amor, porque faz pensar no indeterminado, no novo e no diferente. Então eu fechei-me para desfrutar da vida de recém-solteiro, estou reaprendendo a viver comigo mesmo, sozinho, donde minhas opiniões finalmente são ouvidas e minhas escolhas também estão sendo aceitas sem cara feia, carranca, mau humor e um dia daqueles bem ruins. Tenho me perguntado o que quero fazer, o que não quero, o que preciso e o que é fútil. Aprendi a cozinhar, faço o arroz, passo a carne, lavo as vasílhas, bato a vitamina, cuido de mim. Tudo parecendo que ando sendo visto e ouvido. O interessante de tudo é que ouço uma voz, a mesma que ouvi nos momentos mais desesperadores e bem próximos de uma tentativa de suicídio em junho de 2009. Essa voz que não sei de onde vem, mas também não me assusta mais, tem m timbre suave, brando e excessivamente tranquilo. Uma voz que diz que tudo dará certo, que não devo me preocupar e que devo cuidar de mim mais do que ficar preso aos pensamentos do passado, também do presente e principalmente do futuro. E o que me chama a atenção é que tenho obedecido muitas vezes essa tal voz.
Às vezes pareço um louco e discuto com essa voz serena algum desapontamento, provoco uma reflexão entre mim e a voz, mas me contenho tão logo alguém me denuncie para algum hospício. Minha vontade era bater boca e vencer a voz na canseira. Ouvir e obedecer na maior parte das vezes essa voz tem dado a mim segurança e tranquilidade. Isso é bom, para quem estava à beira de ceifar a própria vida (isso sim seria loucura) é um achado, um presente do Céu.
Então pergunto sem querer perguntar - já que o pensamento mal precisa que abramos a boca para fazer perguntas, basta-nos pensar em pensar que vamos pensar em algo e o cérebro já está formulando perguntas, respostas e saídas - e essa voz me responde a mesma coisa sempre: "Tenha calma, você não ficará sozinho e a pessoa que é sua verdadeiramente está sendo preparada para você, exclusivamente. Ela vai encontrar você, não é você quem a encontrará, acalme-se!"
Isso me excita e me amedronta, me desconforta e me provoca muitas coisas. Sinto medo também, medo de não gostar do "presente" providenciado pela providência (divina?), mas quando será isso? Como ela será? Realmente isso me incomoda.
Será como uma amiga piadista me disse certo dia, que o amor em mim seria despertado mesmo se a "prometida" for uma banguela, vesga, de pé torto e com tiques nervosos? Ai, não sei, acho que não vai rolar desse jeito. Não é possível! Melhor pensar noutra coisa...
Quem virá para preencher?
Eu tenho notado o quanto alimentamos os monstros que nos atormentam. Se já é fato que existem, por que os alimentamos? Mas primeiro pergunta-se de que monstros estamos falando? Depois perguntamos de que alimento nos referimos?
Sim, a pergunta está correta e é muito propícia que tenham muitas respostas, porém - e certamente - são respostas que convocam a um pensamento novo, resiliente, perspicaz e de coragem. Coragem de parar de alimentar os monstros.
Antes de falar dos monstros e do alimentos que eles devoram, preciso falar do que nos condiciona a preferir alimentá-los a ter que mantê-los anoréxos, pálidos e fracos. Essa coisa que nos vicia chama-se "Zona de Conforto". E o que é isso? Estamos constantemente criando Zonas de Conforto para nos acomodarmos nelas. São os comportamentos que mais nos causam comodismo, acomodação, preguiça de nos mexermos, quer seja para melhorarmos ou para deixarmos de ficar ruins, de sentirmos mal ou menores ou piores. A Zona de Conforto está nas coisas mais simples, como um exemplo fácil de entender: o sofá versus o controle remoto da tevê e a distância que a TV está. A Zona de Conforto é o sofá e o controle remoto da TV, porque quando nos acomodamos na macia espuma do sofá e temos um objeto que nos dá o "poder" de trocar os canais, os programas de televisão, estamos deliciosamente presos (física e espiritualmente) no comodismo e conforto. Note que se o canal não pega ou se mostra com uma sintonia ruim, nós não nos levantamos para tentar configurar a receptividade da antena mexendo nos botões atrás do aparelho. Não. Simplesmente mudamos de canal, porque nos é mais confortável (Zona de Conforto).
Agora, já sabendo sobre o que é a Zona de Conforto, podemos apresentar os Monstros que acostumamos alimentá-los, diariamente, por muitos e muitos anos. Alguns alimentam sem conhecimento de causa. Outros alimentam sabendo disso e ainda assim não fazem nada para mudar.
Os Monstros não são Dinossauros, também não são Crocodilos e muito menos Lulas Gigantes. Não. Os monstros que alimentamos são a Depressão, os Traumas, as Síndromes, os Nojos, os Medos, as Agonias, as Fobias, os Pavores, as Supertições, as Manias etc. São monstros que passam a existir em nossas vidas porque lhos damos espaço, alimentos saborosos e valores inestimáveis. Eu, particularmente, já alimentei muitos Monstros, dos quais não obtive vantagem alguma, só atraso de vida. Não estou dizendo que somos nós que os criamos em nossas vidas, mas se pararmos tudo, isso mesmo, se apertarmos o botão de "pause" do controle remoto de nossas vidas, podemos perceber que realmente esses Monstros vieram justo pois nós facilitamos para que viessem à vida. Claro que não conseguimos controlar isso, mas temos condições de deixá-los famintos, fracos e impotentes, só que não fazemos isso porque nos dará muito trabalho, nos tirará de nossa Zona de Conforto, dos remédios, da "dó" que as pessoas nutrem por nós, do colo e do cafuné que recebemos por sermos mais fracos e menos protegidos.
Alimentei todo tipo de Monstro. O monstro do Medo de Escuro, do Medo de olhar debaixo da cama na hora de dormir, do Medo de tomar um fora da menina bonita da festa e tantos outros Medos. Outros monstros como Trauma de altura, Trauma de ver alguém segurar um frasco de álcool perto de uma churrasqueira, a Síndrome do Pânico, as Depressões por relações de amor terminadas, os Nojos de coisas gelatinosas, as Fobias à fécula de mandioca (povilho), o Pavor de alturas, a Mania de pensar que todos estão falando de mim o tempo inteiro. Dei alimentos a todos esses Montros e somente de uns dias para cá é que percebi que os Monstros só atravancaram minha vida, só me mostraram mais fraco dos demais e decidi parar de alimentá-los. Mata-los-ei de fome, frio e sede.
Tal qual é o Monstro, o alimento são os valores que os damos excessivamente. Se tenho uma depressão, uma fobia, um trauma, um medo, um surto de pânico dentre outros sentimentos maléficos e que não me elevam à felicidade, acostumei alimentá-los com a divulgação para todos os ventos, para todas as pessoas. O tempo inteiro eu precisava falar das minhas demências e fragilidades, contar o quanto sofria, sofri e sofro, dizer o tanto que sou pior que você, que aquele outro e que todos os demais. Essa divulgação é o alimento que os Monstros mais adoram, pois nutrem seus intestinos com a nossa dependência mental e espiritual que passamos a ter por eles, torna-os fortes, robustos, belos e indestrutíveis. Divulgá-los nos coloca à margem da saúde e os colocam no centro da nossa enfermidade. Fazer propaganda desses Monstros só os deixam mais fortes e a gente fica mais fraco. Mais fracos diante deles, diante de nós mesmos e diante da sociedade. Eu chegava a me sentir bem melhor quando as pessoas me olhavam com pena e paravam um pouco do que faziam para me ceder suas migalhas de tempo e escutar o quanto eu me tornei pior e mais fraco que elas, tudo porque o Monstro estava mais forte, sempre! E muito bem alimentado por minha necessidade de pena.
Então decidi atrofiar as tripas dos Monstros, deixá-los com fome e sede, fracos, à beira da morte. Sei que não morrerão facilmente, mas poderei mantê-los na mais terrível anorexia, assim não me farão qualquer mal. E o pior é que estou tão, mas tão acostumado com essa Zona de Conforto de atrair o sentimento de pena, de dó das pessoas, que até para conseguir uma paquera lá estou eu dizendo o quanto sou um coitado, que a Depressão me fez perder 43kg em dois meses, e que isso e que aquilo. Daí arregalo os meus olhos para mim mesmo e penso: "Êita Ferro! Olha eu aqui me fazendo de pior e mais fraco de novo! Que merda!", então me esforço para mudar de assunto e tirar o prato farto e saboroso de alimento da boca do Monstro. "Ele (o Monstro) que se arrebente pra lá!", penso. Quando sinto que o Monstro toma a frente de minha mente e de minha voz, começo a falar o quanto sofro e o tanto de dó que gostaria que a pessoa que me ouve tivesse de mim. Quando o Monstro vem e me pega de surpresa, avalio a força que ele tem e tomo as decisões de confiná-lo no meu silêncio sem alimentá-lo. Toda vez que passo por uma pessoa e não faço publicidade da força do Monstro, ele enfraquece de fome e eu me fortaleço de amor-próprio. Mas agora estou treinando a confrontar o Monstro e sua fome terrível por publicidade. Já venci algumas vezes, mesmo que ficasse um sentimento vazio e uma vontade louca de clamar às pessoas o quanto sou fraco, pior que elas e que tivessem pena de mim, me olhassem com olhar terno e atencioso. Estou atento para qualquer manifesto de carência que me vier à mente. Estou ficando bom nesse negócio de parar de alimentar o Monstro e já consigo encará-lo tão logo ele começa a dominar a mim ainda inconsciente. Claro que vez outra o Monstro vence e se alimenta de minha divulgação, mas tenho notado que ele emagreceu um pouco mais depois que comecei a entender que devia parar de alimentar os Monstros.
Como emagreci muito passei a seguir um plano de ganho de peso e toda vez que sinto que vou alimentar um Monstro, dou um "pause" nele e vou eu, sozinho, para a cozinha e junto os ingredientes para fazer uma vitamina de iogurte de banana com maçã, uma xícara de leite de soja, uma xícara de leite de vaca, uma outra xícara de iogurte com sabores, três colheres de sopa de farinha lactea, mais três colheres de sopa de granola, um pouquinho de adoçante e deixo bater por mais de 3 minutos. Então eu tomo para ganhar calorias. Depois que eu estiver com o peso ideal, vou trocar as vitaminas e lanches excessivos por maquinário de musculação, então farei isso por vários motivos: Para não dar chance ao Monstro de aparecer e se divulgar através de minha boca, para sair da Zona de Conforto de tudo na minha vida, produzindo energia, suando e proporcionando bem-estar ao meu corpo, também para ficar forte, com músculos mais definidos e parecer cada vez menos com meu sofá. O Monstro.... que ele morra de fome!
E assim eu deixo de alimentar os Monstros em minha vida. Porque a vida fica muito mais leve, mais gostosa de viver quando os Monstros não estão fortes, alimentados e maiores.
É isso.
Rodrigo Caldeira
Ensaios resilientes de superação e perseverança.
Eu já disse para mim mesmo
Eu já deixei claro que não quero mais
Eu faço tudo direitinho para que não aconteça
Eu me sinto desgastado e fragilizado quando isso se repete
E já não sei o que fazer
E isso estraga meu ânimo
Destrói minha auto-estima (que já não está lá essas coisas)
Arregaça o meu dia, minha pouca alegria de viver
Será que por culpa do meu cérebro?
Como será que isso acontece?
Será que por influência de lá pra cá?
De onde vem tudo isso que é tão ruim?
Será que é porque sou mais fraco?
Por que isso não se vai logo de uma vez?
Só quero parar de sonhar com o ex amor
Deixá-lo livre para voar como planejou fazer outrora
Deixar-me livre para seguir meu caminho em paz
Só quero poder dormir e acordar sem mais sofrimento
Longe dessa tortura desgastante
Sempre está lá, isolada, triste, amargurada
Sempre estou perto, pesaroso, ansioso e com saudade
Ela sempre está silenciosa, quieta, muda, incerta
Eu estou sempre em movimento, observando seus sentimentos
Calada, me olha sem me olhar como quem diz venha, não fique, vá
E eu não sei como interpretar, mesmo dentro do sonho não sei como fazer
Tudo acontece dentro do silêncio, um clima morno-frio, inexpressivo, morto
Nunca ela está para mim, sempre estou por ela
Uma vez ela se achegou em meu peito e ficou, nunca me abraçou,
nunca me beijou
Hoje porém foi a primeira vez que ouvi a voz sair de sua boca
disse-me que estava triste e cansada de viver essa vida solitária, se sentia explorada por seus pais, seus familiares
Até que entrou um estranho e rompeu nosso flerte,
nosso princípio de conversa
tal estranho pegou-nos em nossa intimidade que há muito não existe mais
ela de calcinha e camisetinha na cama de solteiro ao lado da minha
eu sentado na cama de solteiro dela, próximo de sua boca, mas não para beijá-la e sim tentar escutá-la de tão baixinho que falava
Então ela olhou para o estranho, seguiu direto com seus olhos para mim (aquele olhar de "ops" que as esposas fazem aos seus maridos... o único momento de tantos sonhos em que me senti alguém próximo dela, do ninguém que eu sempre aparecia nos sonhos) se incomodou com o estranho, se virou, se cobriu, se levantou
Percebi que no lugar dos seus seios, sob a blusinha havia um peito de menina, sem seio ainda,
estranho vê-la como uma criança e não como mulher
mas sempre como uma pessoa distante, não alguém qualquer
E pus o estranho para fora do quarto do modo agressivo-educado
Para acordar pensativo, um pouco triste, melancólico, caído, cansado, exaurido, com saudades, distraído
Cá estou agora perturbado e destruído.
Vá ex amor, vá-te embora, voa para o alto, suma
Não deixe suas penas caírem sobre mim, não sinta pena
Da pena que sinto de mim, vá, me liberte sumindo
Me alivie do peso de sua existência
Morra nos meus sentimentos, faleça nos meus pensamentos
Eu só quero viver em paz
Vá ex amor, vou-me eu preciso ir e não olhar para trás.
Rodrigo Caldeira
Extremamente reflexivo, tentando entender a realidade que passou e a confusão que aconteceu. Imensamente introspectivo, sem saber se o que lembro é fantasia, se montei criativamente os cenários ou se realmente aconteceu e não consigo acreditar. Profundamente entristecido, pois já não sei se eu fui mais uma vítima de uma mente insana ou se eu fui a mente insana e o vilão de toda a história. Absolutamente confuso, preocupado com o meu racional, meu intelecto, moral e caráter. Será que sou eu quem faz o mal às pessoas?
Hoje, 07 de abril de 2010 eu faria três anos de casado.
Mas hoje não vou fazer 3 anos de casado.
Então é isso, dane-se. Farei noutra ocasião com alguém que valha a pena.
Hoje, 07 de abril de 2010 vou é comemorar a libertação
de um casamento doentio, competidor e egoísta,
de uma relação mentirosa e interesseira,
de uma paixão efêmera e total e somente dada à aparência física e comportamental,
donde a opinião alheia tinha mais peso que nossa própria.
Hoje, 07 de abril de 2010 estou livre para ser melhor, viver melhor, aproveitar a vida
no melhor que ela tem para me oferecer, sei que tenho muito para aprender, muito
mais para ensinar, infinitamente para receber, absurdamente para dar.
Darei então o que tenho em mim, darei então o amor que tenho em mim.
Não darei egoísmo, porque não tenho isso comigo.
Não darei humilhação, porque não preciso humilhar ninguém.
Não darei falsidade, porque eu tenho agido na verdade.
Sendo assim serei muito mais feliz, porque duma coisa vou dizer aqui
em segredo guardado a sete chaves: no casamento com tal vazia mulher eu já estava
muito infeliz, imensamente infeliz, mas não tinha certeza se era de mim essa frustração,
ou se partia dela toda a podridão.
Hoje, 07 de abril de 2010 vou viver a vida intensamente,
de tocar o meu presente com olhos no referencial que sei que ela não tem,
o referencial da bondade.
Há quem já ouviu expressões como essas:
"Aqui se faz, aqui se paga."
"Ninguém sai dessa vida com dívida para pagar depois de morto."
"Quem com ferro fere, com ferro será ferido."
Entre tantas outras "afirmações".
Então, enquanto eu não estava na condição de um sedento por justiça não havia me dado conta do peso dessas expressões, porém, agora, na condição de ter sede de justiça tenho parado para observar o fluxo da vida em minha vida e tenho notado que as expressões são fantasias que não existem para os que têm sede de justiça, talvez para os que não esperam justiça ou um revés da vida àqueles que faltaram com a verdade, fizeram algum mal a alguém. Na minha sede por justiça, caberia uma justiça divina ou do além-mundo à pessoa que me causou extremo mal, que me deu de beber seu precioso veneno de ruindades, ignomínias, inveja e ingratidão; entretanto não vejo nada disso acontecer. E por que não acontece? Será que sou diferente daqueles que lavaram a alma vendo seus maldosos pagarem por suas injustiças? O que teria eu de menor ou pior do que aquele que já me disse que sentiu-se bem em ver com os olhos humanos algo que se tomasse por "justiça feita"?
Não, eu não acredito em mais nada que meus olhos não possam ver ou meus ouvidos ouvir. A vida é feita de radiações de energia, ora quando está concentrada de força faz acontecer a sorte ou revés na vida daqueles que estão na "faixa de Gaza" da neutralidade, como se estivessem num campo minado ou não, tudo dependerá de como a radiação de energia atingiria cada um. Enquanto que outros não sofreriam nem sorte nem revés simplesmente porque estariam longe dessa faixa irradiada.
Me disseram que a justiça acontecerá sim, mesmo que eu não saiba nunca. Então não é justiça! É até cômico. Porque a justiça para ser valorizada como algo justo precisa do conhecimento do injustiçado, senão não deverá receber o nome de "justiça". Não há o que se pagar para ninguém, não existe essa de que a justiça pode e vai acontecer mesmo que eu não saiba nunca. Seria como subestimar minha capacidade de raciocínio, inteligência e percepção das coisas à minha volta. Alguém já viu juiz sentenciar um réu sem testemunha? E sem reclamante? E sem platéia? Claro que não! Só uma pessoa muito hipócrita acreditaria que a justiça àquela pessoa que lhe fez um mal doloroso pagará sua ruindade longe de seus olhos! Isso é um devaneio!
Mas casos, histórias e contos são falados constantemente, muitos desses chegam aos meus ouvidos ou são falados diretamente a mim e o mais interessante é que sempre acontecem com alguém que esse alguém conhece. Poucos me disseram que foram testemunhos de ver a justiça acontecer e ter a alma lavada. Será então que a justiça não acontece àquele que semeia a dor? Será que não existe dividas a serem pagas, simplesmente seguindo a lei de Darwin, que diz ser tudo seleção natural das espécies onde o mais forte come o mais fraco? Então fica a pergunta. Será que alguém está verdadeiramente interessado de só conseguir ver a justiça "divina" acontecer quando tudo passar e só quando se tornar uma alma desencarnada se verá um julgamento celestial acontecer, sentado nas nuvens do fórum dos céus? Claro que não! Até lá já se esqueceu-se os detalhes do sofrimento, o tempo já terá curado muito da ferida aberta e o perdão ao infrator terá seus alívios e condicionamentos para o merecimento da vida eterna.
E há quem diga que a justiça realmente acontece e que, inclusive, já viu acontecer. É... eu gostaria de acreditar.