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http://blogdorodrigocaldeira.blogs.sapo.pt

Desde 2008 - 716.000 visualizações em todo o mundo. Diário pessoal aberto, onde se pode ler experiências pessoais de vida, de relacionamentos, vislumbrar reflexões psicológicas, sociais e até pessoais.

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Aos homens misóginos, a desesperança!

31.03.15, RodrihMC

Caros homens misóginos, homens no sentido de gênero masculino e não no sentido de referência de maturidade, força intelectual e orgulho humano. A você homem que agride sua companheira psicologicamente, que comete assédio moral, que se acha o bam.bam.bam na relação: seus dias de machão estão contados!

Esse post é para as meninas, moças, mulheres, lobas e leoas que estão sofrendo na relação com seus companheiros sem noção, agressivos, imperdoáveis, estúpidos, grosseiros, nervosos, indelicados, ignorantes, decepcionantes, ingratos, insensíveis, mesquinhos, egoístas, vulgares etc.. Homens que foram um doce um dia, amorosos, sensíveis, amigos, deliciosos, envolventes, bons filhos e caras bem legais. Homens que fazem cara de coitados, que pedem desculpa, que perdoam, que mandam flores, que começam a tratá-las bem, que prometem que irão melhorar, que se dizem mal compreendidos, que contam histórias tristes etc..

Pois bem, vamos jogar limpo aqui e falar a real sem muita embromação e sem enfeitar para não assustar, nem deixar o clima estranho, então entendam uma coisa muito séria e extremamente importante, que poderá salvar sua vida e, principalmente, a dele também, porque ele, num dado momento poderá mudar o estilo de vida que tem e procurar ajuda psicológica, fazer tratamento e ter uma vida mais saudável. 

Ok, então vamos à verdade verdadeira: Mulheres, preparem suas vidas para sair fora de relacionamentos em que seus companheiros são tudo, menos companhia saudável e amável. Se preparem para saírem da relação e recomeçar uma nova vida sem ele comendo o cérebro de vocês, pois é isso que eles são, zumbis famintos e infectados pela maldade, pela insanidade e são vorazes quando o cardápio são vocês como prato principal. Mas não será para sexo, e sim para consumi-las a alegria de viver, destruir em vocês a boa autoestima, minar a segurança psicológica que vocês têm, envenenar a fé e distorcer suas realidades. Não existe relação amorosa nessa coisa que parece que há. Não, não há! Não se iludam, não se martirizem, não se dêem de graça para a desgraça que a sua vida sem graça está. Não se vendam, não se prostituam, não se diminuam e saiam da relação, qualquer que seja ela, namoro, noivado, casamento ou tico-tico no fubá. Saiam fora e reconstruam suas autoestimas, fiquem sozinhas um tempo, tempo suficiente para que vocês quando olharem ou pensarem nesses retrógrados machos desalmados, que vocês não sintam saudade, nem remorso e tampouco pena. Simplesmente sintam desprezo, pois será o mínimo que esses caras merecerão.

E por que estou tão revoltado assim? Não, não estou revoltado, mas estou alertando e dizendo a verdade para vocês! Esses caras não prestam e nunca prestarão, justamente porque eles aprenderam como se faz para ferir vocês. É como a galinha que bota o ovo e aprende a quebrá-lo com o bico, e depois beber a clara e a gema (exemplo dado em "E por falar em Misógino..." 10/12/2013). Essa galinha nunca mais nessa vida terá conserto, ela só terá um destino: ir para a panela! Assim é o misógino, ele quebrou a casca do ovo e bebeu a gema e a clara, ou seja, a casca do ovo é a proteção da relação, a clara é tudo o que alimenta essa relação, isto é, os sentimentos bons, o afeto, o respeito, a lealdade, a gentileza, o carinho, a segurança, a paz, o tesão, a sexualidade, a sensualidade, o desejo e o prazer. E a gema é o bem mais sagrado da relação, isto é, o amor, o valor e a confiança. Então acreditem, a relação acabou e tome uma atitude de proteção radical. E quando eu digo radical estou dizendo para ser impiedosa mesmo, fria e calculista, porque a partir do momento que você tomar essa decisão terá que estar ciente de que declarou guerra contra seu pior adversário, e ele, impulsionado pela piada que você se tornou fará um escândalo para assustá-la e amedrontá-la, ou se fará de vítima, de coitado. Fique firme, chame a polícia, os bombeiros, a segurança pública. Tire os cachorros de sua casa e ponha cachorros do seu vizinho para rondar os espaços enfraquecendo o acesso do misógino até você. E se ele resolver encarar os bichos, deixe ele se rasgar sozinho, porque um homem misógino é um tipo de doente que é capaz de se ferrar todo só para fazê-la sentir-se mal consigo mesma, se arrepender e se culpar. Deixe-o se lascar, apenas chame os bombeiros e o SAMU para carregá-lo depois. Mas não amoleça, não permita que a culpa lhe tome de refém, será esse o objetivo do misógino, fazê-la sentir-se com remorsos. 

Troque a fechadura e segure uma frigideira na mão.

Se por acaso você tiver condições de sair e se virar fora de sua casa, entenda que se você ficar por mais de 30 dias fora de casa ele poderá fazer um anúncio no jornal dizendo que você abandonou o lar. Nesse caso consulte um advogado antes.

Mas não se iluda! O misógino do seu companheiro nunca será aquele cara legal de novo. Poderá tentar ser, poderá até prometer que será, mas não será. Você também pare de se fazer de vítima ou de coitada, cria vergonha na cara e mude seu modo de pensar e de viver. Saiba que 50% exatos da culpa da relação chegar ao ponto que chegou é sua. E outros 50% exatos são dele, mas geralmente a mulher é a parte mais sensível da relação, principalmente com um parceiro misógino, então planeje sua saída e saia! Não olhe para trás, porque sua relação já está morta e enterrada, mas enquanto você fica nesse lenga-lenga de voltar, acreditar nas promessas, se iludir que ele melhorará, sua relação será somente um zumbi zanzando por aí sem futuro nem presente, vivendo só de passados.

Pense com a cabeça de cima e tome as decisões que você gostaria que sua filha tomasse, supondo que você a tivesse e que o parceiro dela fosse também o agressor psicológico, moral e espiritual da moça.

Espero ter ajudado.

Adicional do autor do blog em 26/06/2016:

O disposto a seguir se trata de um e-mail recebido recentemente de uma moça que se envolveu com um misógino e resolveu navegar pelas tormentas da compreensão, a fim de viver uma grande e dolorosa aventura, e seu nome foi excluído para manter sua privacidade:

boa tarde,
me chamo XXXXX e vivo com um misogino a 8 meses, no começo eu nao etendia o que estava acontecendo ele do nada mudava o temperamento, começava a gritar sem motivo, busquei na internet ajuda para entender o que estava acontecendo e ai consegui  entender o que estava acontecendo, li varias publicações com dicas de como agir.
hoje sei que o problema nao é comigo e sim com ele, hoje falo o que penso pra ele, nossa relação mudou muito.
comprei o livro homens que odiam suas mulheres e esta me ajudando muito, mas ainda algumas vezes fico confusa em como me comportar, sempre espero ele ficar mais calmo para dizer o que penso pra ele, acredito que estou fazendo certo.
conversei com a mae dele e ela o convenceu a buscar tratamento.
quero agradecer a publicação que fizeram para mim foi muito importante, e gostaria que fizessem mais publicações com mais orientações,tenho certeza que como eu existem muitas mulheres que estao passando pela mesma situação e nao sabem o que fazer.
grata,
XXXXX

Resposta:

XXXXXX, boa noite, obrigado por entrar em contato e manifestar sua experiência. Li todas as suas colocações e temo que esteja fazendo escolhas erradas ao nutrir e sustentar a esperança de "curar" um misógino. Conheço diversos casos de mulheres que só adiaram o óbvio, isto é, que não houve cura, e sim um tempo maior de convívio delicadamente amistosos. Oito meses é tão pouco tempo para que este se revelasse tão impaciente com você, geralmente é depois de um ano ou mais, e isso é um sinal que me chama a atenção ainda mais sobre sua boa intenção. Todas as mulheres querem que isso seja algo do passado, mas a natureza do homem misógino é clara e não deixa dúvidas. Mulheres que tentam resgatar o amor* desse tipo de homem, geralmente sofrerão por suas escolhas e deverão viver sempre ansiosas para não serem imprudentes com os seus - teria jeito pior de viver com alguém senão o de sempre ficar atenta com o que e quando dirá alguma coisa? - mas não posso convencê-la de algo, que já está sendo administrado por você, e com tanto amor - ainda que, para mim, seja em vão.

Misóginos são como as mulheres misândricas, isto é, aquelas que odeiam os homens, não há solução. Vemos aí as feministas, mas paciência, neste mundo há lugar para todos.

O problema do seu namorado está com a mãe. O misógino é assim por ter um passado mal resolvido com a mãe, e você será o reflexo da mãe que ele odeia, observe com o tempo - já que me parece estar decidida levar isso adiante e ver no que vai dar. Desejo que tenha sorte na sua empreitada, muito embora eu já posso prever um mar instável na relação de vocês dois.
 
Li o livro e o achei uma catequese de como manter a mulher passiva diante um homem cruel, quem conseguirá entender a um lobo estando na sua frente? 
Mas é isso, no ponto de vista literário para os estudos, o livro é interessante, mas no ponto de vista leigo, para mulheres que sofrem com misóginos, este livro é como segurar uma serpente, e o resultado já é o que sempre foi esperado: dor e sofrimento.

Desculpe a sinceridade, mas prefiro jogar limpo a ter que não ser verdadeiro.
Boa sorte e conte comigo se precisar.
Rodrigo Caldeira
 
Bate papo com Rodrigo Caldeira através de umavezildo@gmail.com (bobagens não serão respondidas)

Escravos Modernos

29.03.15, RodrihMC

Há muito tempo eu venho observando a inversão de valores na vida que vivemos, na forma que levamos a vida, e em tudo que nos é imposto, nos forçando a aceitar as mudanças que, muitas vezes, são valores invertidos. Assim como o voto elege o político e a massa é quem coloca no poder o corrupto, tal qual é como a própria sociedade se contamina com opiniões nocivas e invertidas dos valores humanos. A mesma comunidade que critica o criticado é julgadora de si mesma, porque também está ofendendo a ética e a moral no sentido oposto da qual reclama e se manifesta. O ser humano é carente por natureza, e por ser um animal, um ser vivo, essa carência se justifica pela necessidade ínfima de acasalamento e procriação, muito embora não haja estrita necessidade desse objetivo, enfim. E essa carência tanto pode ser preenchida com imersão religiosa, como por qualquer outra busca ou fuga, costumes, comportamentos, ações e manifestos. Há quem externiza sua carência procurando brigar ou confrontar alguém de sua própria casa ou um indefeso na rua, numa festa ou mesmo em quem está quieto no seu canto e tem sua vida invadida abrupta e covardemente, como os que sofrem os moradores de rua incendiados por pessoas desalmadas. Tanto pode ser como aquele que se dopa para dormir, ou que fuma, cheira, chupa ou injeta um entorpecente tóxico. A sociedade vive num conflito entre ética e hipocrisia desde a hora que acorda e se estende até o momento que vai dormir novamente. "O bom julgador por si se julga", e grupos são formados para tacar pedras nas cabeças de seus próximos, ignorando o ensinamento de que "aquele que não tiver pecado atire a primeira pedra". Comecei essa polêmica reflexão dessa maneira para que possamos abrir a mente para uma realidade promíscua e violenta na qual estamos inseridos, e participamos sem perceber que já fazemos parte de um sistema corrupto de vandalismo dos valores social e espiritualmente corretos. E venho refletir sobre os escravos modernos que comercializamos naturalmente, defendendo a falsa ideia de amor e acolhimento, sustentando opiniões hipócritas e intensamente mal intensionadas. Por puro egoísmo, egocentrismo e vaidade calcada de uma zona de conforto miserável vemo-los humanizados, agindo como quase gente sob o medo da mão pesada, do chicote ardido, do choque insano, e no final da palhaçada aplaudida por todos nós, hipócritas indecentes, uma migalha como recompensa.

Então, recentemente, uma irmã que tenho na família e com que mal me relaciono fez uma montagem de um cão viralatas preto, que ela capturou, confinou, adestrou e o tornou seu souvenir de estimação - sem falar dos cinco outros também confinados por captura ou por aceitar doações,  que vivem num espaço limitado na parte de cima da casa. E seu anúncio prometendo resgate num grupo do facebook chamado "Quase Gente". Bom, os escravos modernos são os pets que nós aceitamos na sociedade como souvenir de companhia, nos quais são depositados sentimento de amor e devoção, enquanto a mediocridade toma conta da alma e do saber cognitivo. Esses escravos modernos estão em toda parte. Andando por Águas Claras, um bairro emergente de Brasília, você vê um bom exemplo disso. Fiquei algum tempo tentando não pensar que "quase gente" são, na verdade, aquele esfomeado que vai de lixeira em lixeira rasgar sacos plásticos em busca de comida azeda para comer, ou naquelas crianças que são abondonadas recém-nascidas, ou nas mulheres que são espancadas por seus companheiros, quiçá as meninas estupradas e, talvez, tentando fingir que não pensava nos idosos moribundos largados à revelia da ética em asilos, ou abandonados dentro de lares onde (sobre)vivem aos mau tratos dos próprios familiares ou cuidadores nocivos. Esses sim são "Quase Gente". Logo abaixo da descrição do grupo "Quase Gente", há uma aberração de um grupo intitulado "Prefiro bicho do que gente", com a hipócrita informação: "Os cães amam seus amigos e mordem seus inimigos, bem diferente das pessoas, que são incapazes de sentir amor puro e têm sempre que misturar amor e ódio em suas relações."

Os "cães amam"? Como seria isso? As "pessoas são incapazes de sentir amor puro"? Então devemos entender que Jesus Cristo, Gandhi, Chico Xavier, Buda, Dalai Lama, Mandela, Chico Mendes, Madre Teresa, Maomé e tantas pessoas que transformaram o pensamento humano no mundo por puro amor, simplesmente eram incapazes de sentir amor puro, ineficientes no mérito de amar? Grupo hipócrita, pessoas doentes, donos de escravos! Sim. Mas antes voltemos no tempo, e convido você a refrescar a memória. Desde sempre a humanidade se serve de escravos e tão recentemente na história mundial, principalmente no Brasil tivemos os escravos encoleirados, aprisionados, tratados como souvenir, um pet particular de pessoas hipócritas que tinham coleções de quase gente em suas fazendas e suas casas. Eles capturavam, confinavam e adestravam cada humano negro para servi-los e animá-los. Sim, estamos falando de escravatura, e o interessante é que se naquela época um escravo se visse livre de grilhões, coleiras, fucinheiras e correntes certamente fugiria para nunca mais voltar. E concomitantemente seus "donos" iam atrás deles para tomá-los de volta como seus objetos de companhia. Veja como tudo continua a mesma coisa atualmente, os cães, os macacos, os gatos e muitos animais são os escravos modernos que aplaudimos em circos, na TV, no dia-a-dia. As imagens falam por si, não precisam de tradução e estão claramente coligadas umas às outras, passado e modernidade iguais, disfarçadas, tal como os africanos disfarçavam suas doutrinas afro-religiosas. Para entender isso e compreender a reflexão, considere esta informação a seguir. Cada um dos 16 orixás - as entidades cultuadas no candomblé e na umbanda - corresponde a um ou mais santos católicos. Dá para explicar essa ligação contando um pouco da história do período colonial no Brasil. Naquela época, chegaram ao país os primeiros africanos de origem iorubá, um povo que ocupava a região onde hoje ficam Nigéria, Benin e Togo. A religião dos iorubás era o candomblé, mas eles aportaram no Brasil como escravos e não podiam cultuar suas divindades livremente - você sabe, a religião oficial do país era (e é) o catolicismo. Por causa dessa proibição, os escravos começaram a associar suas divindades com os santos católicos para exercerem sua fé disfarçadamente. Como os santos católicos são bem numerosos, existem divindades que são identificadas com mais de um santo. Por exemplo: Oxóssi, o rei da caça, é associado a São Jorge e a São Sebastião, Iemanjá era representada por Nossa Senhora da Conceição, Iansã por Santa Bárbara, Xangô por São Jerônimo e São João, Ogum por Santo Antônio e São Jorge e Oxalá por Jesus Cristo. Hoje temos a repetição de padrão,  em que as pessoas dadas a levarem na coleira seus pets, confinando-os a espaços limitados, sem liberdade fora de casa, adestrados onde fazer suas necessidades, totalmente incapacitados de sua natureza original que, se soltos simplesmente fogem. Por que será que fogem? Mas eles não amam? Não sentem amor puro? Por que fogem? Por que se anda com cães, macacos e até gatos na coleira, na corrente, na corda? Sim, porque são escravos modernos, bem melhores do que os escravos humanos, porque eles não falam, não pensam, são servis e têm medo.

Eis a seguir os escravos daquele tempo: 

e os escravos modernos:

  .

Eis os escravos presos nas coleiras daquele tempo:

 

e o disfarce nos escravos modernos:

.

O tipo de pet daquele tempo:

  

e o tipo comum de escravo moderno:

 .

O escravo "fujão":

 Escravidão no Brasil

e o escravo moderno fujão:

 

Escrava com focinheira na época:

e a escrava moderna com focinheira:

 

e o disfarce para não parecer tão cruel:

Escravos presos na senzala:

escravos modernos presos nas senzalas modernas:

 Resultado de imagem para cães confinados no quarto

Donos dos escravos desaparecidos:

 

e os donos dos escravos modernos desaparecidos:

Se os "quase gente" ou "anjos" não fossem escravos modernos, certamente NÃO FUGIRIAM...

 E você? Também tem seu escravo moderno? Certamente, se você nascesse na época da escravatura gostaria de ter ou teria um escravo africano, humano negro, à sua disposição... será que não?!?

 

 

Peitos para que te quero...

29.03.15, RodrihMC

Digitado em 12/12/14

Eu tinha entre 5 e 7 anos, morava no Itaim Bibi em São Paulo, perto da Avenida 9 de Julho, e na ocasião havia um mercado chamado Peg & Pag. Estava com minha mãe e, como de praxe, praticava a arte de sumir de perto dela. Em toda minha infância não houve uma vez que eu conseguisse entrar e sair do mercado sem que minha mãe estivesse estressada por meu sumiço lá dentro. As cores dos produtos, as formas, as pessoas por toda parte, e as mulheres sempre me tiraram o foco do que eu precisava fazer. Não que eu fosse um tarado infanto-juvenil na explosão de hormônios, não, longe disso, até porque fui saber o que era sexo só depois dos vinte e cinco anos, por mais que a namorada da ocasião me chamasse de falso, mentiroso por eu ter dito que ela havia sido minha primeira vez. Pior foi eu me casar com ela, quando deveria ter apenas brincado e saído fora. Mas foi importante tudo o que aconteceu, porque isso me maturou um pouco mais, ainda que tivesse me feito sofrer horrores. Mas desde criança eu era um menino apaixonado pela beleza das coisas, das cores, das formas e das pessoas. Eu via uma irônica beleza artística na mulher velha e farroupilha sentada à frente da porta da igreja pedindo esmola, no mocho mancando e encostando na coluna da casa de Deus e a imagem de Nossa Senhora logo acima, ao lado, num enquadramento perfeito e instigante da mediocridade da vida humana diante a divindade da santa no altar. O que será que a santa Maria pensaria se a estátua tomasse vida ao olhar para o homem lá embaixo tendo uma vida de merda, encostado num descanso sofrido aos seus pés? Eu era um menino de sete anos que não entendia bem o que eu disse aqui no texto, mas eu sentia cada sensação descrita acima. E por isso eu me desgrudava da minha mãe para contemplar a beleza por aí, dentro do supermercado. Nessa tarde passei por uma experiência que definiu melhor minha masculinidade e minha busca, pela qual seria uma sina ou um fardo décadas depois, às vezes não sei. Perdido de minha mãe fui encontrado por duas meninas, já moças, que me abordaram e talvez perguntassem por meu nome e onde estava minha mãe. Uma me pegou no colo e senti seu corpo macio. A blusa de botões permitia que de onde eu estava pudesse ver nitidamente o peito esquerdo da moça, que não usava soutien, principalmente nos anos 1977. Fiquei encantado com a forma e o desenho, a perfeição das linhas da auréola, do mamilo, da linha côncava inversa no colo e outra linha côncava logo abaixo formando o bojo. Depois de entregue à minha mãe, que devia também ser nova, com seus trinta e poucos anos, passei a desenhar o peito, mas sem o referencial para lembrar como era, eu passava a transforma-lo em lua, queijo, carinha de cachorro etc. Até que o tempo passou e esqueci da imagem e parei de pensar sobre isso. Minha mãe certamente via que eu era diferente, e sentado diante da psicóloga Dra. Cândida, ainda em São Paulo, ela me pediu para desenhar o que eu quisesse, então desenhei uma mulher nua. Nessa ocasião tinha lá meus nove anos. Não via a mulher nua como coisa erótica, mas como uma beleza bonita e atraente. Aos dezesseis anos tive o primeiro contato com um peito de mulher, mas foi de uma forma inusitada, num pedaço de papel de uma revista, que não sei qual era. E a imagem estava bem grande, com detalhes da auréola, do mamilo, dos pelos à volta. Vi a foto e guardei o papel na mochila, que sumiu horas depois. Aos dezessete conheci um mestre yogue que com seus contos provindos da Índia e de algum lugar do Oriente Médio, me ensinou sobre a arte de contemplar e entender sobre a beleza e divindade da sexualidade, da mulher e suas formas. Com vinte e dois anos tive a experiência de trabalhar com modelos e manequins em agência que promovia desfiles de moda. Foi um tempo em que mesmo virgem pude vivenciar muitas experiências diferentes, como a de manter os dedos indicador e polegar dentro de um copo com muito gelo e pouca água. Algumas tinham que fazer um desfile com o "farol aceso", isto é, os mamilos enrijecidos para marcar a roupa e destacar a coleção.  Era um procedimento rápido, quase mecânico, e chegava a doer os dedos por causa do gelo e do movimeto, mas era muito novo para mim e os dedos já estavam dormentes, mas foi quando me interesse de fato pela beleza dos seios na mulher. Depois de uma temporada de desfiles em 1993, saí a convite de um fotógrafo artístico e fui trabalhar como auxiliar de cabeamento de iluminação e depois como cenógrafo, auxiliando nas poses das modelos - que geralmente não eram as modelos "top de linha" que estamos acostumados a ver na mídia. E isso era o que deixava o trabalho de nu artístico fantástico. Pude constatar que havia diversos tipos de formatos de seios, auréolas, mamilos, bojos, colos, uns com estrias, outros com flacidez, um universo rico de imagens, prato cheio para um cinestésico sinestésico. O trabalho do fotógrafo, que expunha numa galeria do Masp e numa faculdade de artes cênicas também em São Paulo era muito bonito, eu adorava aquele ambiente artístico e não ficava me realizando como um pervertido, mas muito pelo contrário, eu observava, dava opiniões ao fotógrafo-mestre, e ele adorava focar nos ângulos que eu sugeria, dizia que eu lançava um novo olhar para suas lentes. Depois ele pegou um trabalho em parceria com uma psiquiatra do Hospital Santa Catarina, que fica na Av. Paulista. Era um experimento com algumas pacientes dessa psiquiatra, que queria que o fotógrafo-mestre fizesse seus ensaios de nu-artístico no estúdio. Eram mulheres tipicamente sem graça, sem cores, sem expressões. Apáticas e morta-vivas. Nesse trabalho eu tive que assinar um termo de confidencialidade, além de passar por uma entrevista com a psiquiatra para ela dizer se eu estaria apto a participar do projeto ou não. O que me ajudou muito a ser aprovado foi que eu desenhava nu artístico no curso oferecido pela Escola de Artes e Artes Cênicas de São Paulo, e tinha alguns trabalhos meus em carvão, nanquim e guache. Nesse curso a modelo ficava nua sobre uma tampa redonda (de mais ou menos 1,50 de diâmetro) e um aparelho em baixo ficava girando o tampo lentamente, de modo que a modelo aos poucos ia saindo daquela posição que servia de referencial para fazermos o desenho. Então esse curso me deixou com uma memória visual tinindo de boa, já que demorava cerca de cinco minutos para ela passar na posição que eu precisava para continuar o desenho. Já o projeto da psiquiatra foi um sucesso só, muito embora tenha sido muito cansativo, pois trabalhar a nudez com mulheres potencialmente deprimidas, frustradas e de baixa autoestima não é nada edificante, muito embora seja compensador pelos resultados obtidos. E o resultado foi realmente impressionante, apesar que não podíamos escolher as fotos para montar os books, essas pacientes nos davam feedbacks de vitalidade, pois ficavam impressionadas em como elas 'ressuscitavam' nos ensaios, nem parecia que eram aquelas mulheres quase invisíveis de antes. Depois disso essa psiquiatra me convidou para me juntar num grupo de outros jovens que eram voluntários de uma experiência psicossexual. Eram doze rapazes e doze moças e a pesquisa era chamada de "sexo dos cegos". A ideia era fazer com que todos pudessem "enxergar" comos os cegos e ter estímulos sem ver o que estaríamos "vendo". Ficamos seis semanas apagando memórias de texturas, formatos, tatos indo para o Butantã ter experimentos de tato, olfato e às vezes de paladar e auditivo, sempre com os olhos vendados. Também íamos para a Serra da Mantiqueira, lugares longínquos e que afetavam nossa persepção cinestésica. Sinceramente, pensei que não perderia a noção do tato e principalmente das formas, já que enxergo e sei como é a forma de objetos e pessoas, mas não sei como era a dinâmica deles, mas quando a gente chegava nesses lugares e começávamos os exercícios de aquecimento da voz, dos olhos (pois estes ficavam vendados por mais de cinco horas seguidas), nós passávamos a não reconhecer muitos objetos comuns, como pincel atômico, mouse, régua e até alguns tipos de garrafas. Para podermos "enxergar" como os cegos precisávamos fazer isso com as pontas dos dedos e "ler" o que tocávamos. Depois de já termos "lido" com os dedos formas absurdas de coisas da natureza como folhas, pedras, caramujos, pássaros, ovos, casca de árvores, insetos, estercos, vermes, peixes, entranhas de bichos (peixes, aves, roedores, répteis) - o que levou semanas para conseguirmos êxito, conseguimos "enxergar" com as pontas dos dedos e a palma das mãos. Depois fomos para a etapa de sinestesia, todos nós em baias, sempre casal em cada uma, cheios de fios pregados em todo couro cabeludo (cabeça), nas costas e na testa para que fossem captadas nossas emoções, reações sexuais, tensões etc. Sim, estávamos nus, geralmente posicionados frente a frente, de joelhos ou sentados de pernas cruzadas, tocando um a pele do outro no comando dos pesquisadores (que eram homens e mulheres) todos vestidos de jalecos brancos de uma instituição francesa. Estávamos acostumados com elementos da natureza e, sinceramente, já havíamos esquecido de como seria a forma, o volume do corpo humano. E os seios foram de longe a parte que eu conseguia identificar com facilidade, obviamente. Através dos seios, não somente eu, mas a maioria dos voluntários homens conseguiam estabelecer um referencial do corpo, sabendo-se que durante as experiências nossos olhos estavam vendados e às vezes era uma mulher à nossa frente, às vezes era um manequim de vitrine com uma camada de tinta emborrachada, além de estar aquecida (certamente numa estufa), para que confundíssemos se era uma pessoa de fato à nossa frente. Às vezes a mulher estava vestida de um tipo de capa de chuva, toda plastificada. As mulheres também passavam pela experiência e os resultados eram colhidos pelo computador. Elas tinham por referencial os nossos ombros. Isso foi uma experiência que marcou minha vida. Fui remunerado por isso e voltei a frequentar as reuniões com o mestre Yogue, que exaltava a importância da sensualidade feminina, da sexualidade masculina, da beleza, da gratidão, do sentimento de amor e da entrega, tudo na sexualidade. Aprendi a ler o marjayasana, uma leitura tóraco-frontal da mulher, mais ou menos como as indianas lêem as mãos. Aprendi que mulheres que têm o sinal de Y no centro do mamilo possuem uma característica sexual melhor do que as que tem o sinal de U. Enfim, aprendi muita coisa pela simples admiração e certa veneração à essa bela forma feminina, os seios.

Marjayasana refeito no CorelDraw, copiado de um pergaminho de couro:

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