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http://blogdorodrigocaldeira.blogs.sapo.pt

Desde 2008 - 716.000 visualizações em todo o mundo. Diário pessoal aberto, onde se pode ler experiências pessoais de vida, de relacionamentos, vislumbrar reflexões psicológicas, sociais e até pessoais.

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No Brasil ainda temos educadores.

31.08.15, RodrihMC

Foto: Paula Giolito / Paula Giolito / Agência O Globo

ALUNO QUE PROCESSOU PROFESSOR POR TER TOMADO CELULAR EM SALA DE AULA PERDE CAUSA NA JUSTICA!!!

Um menor (aluno), representado por sua progenitora, Silenilma Eunide Reis, acionou judicialmente o professor Odilon Alves Oliveira Neto, requerendo reparação por danos morais porque, pasmem senhoras e senhores, este houve por bem retirar um aparelho de telefone celular das mãos daquele, que ouvia música com fones de ouvido durante a aula. Segundo os autos do processo, a ação proposta visava a reparar o “sentimento de impotência, revolta, além de um enorme desgaste físico e emocional” do autor.

Vivemos realmente tempos estranhos.  Como pode uma mãe ter o desplante de acionar o Poder Judiciário para propor algo tão disparatado?  Se algo semelhante acontecesse no meu tempo de aluno, além da punição da escola, provavelmente uma suspensão, meus pais se encarregariam de castigar-me de forma firme, para que tal coisa jamais voltasse a ocorrer.  Não é à toa que a educação no Brasil vai de mal a pior. 

Felizmente, nesse caso, o processo foi parar nas mãos de um juiz sensato, o doutor Eliezer Siqueira de Sousa Junior, da 1ª Vara Cível e Criminal deTobias Barreto, no interior do Sergipe, que não apenas julgou improcedente a ação, como deu uma bela espinafrada no autor e em sua mãe. 

Na negativa, o juiz afirmou que "o professor é o indivíduo vocacionado a tirar outro indivíduo das trevas da ignorância, da escuridão, para as luzes do conhecimento, dignificando-o como pessoa que pensa e existe”. Além de outras reflexões comentadas pelo magistrado:

Mas fico a pensar, também, naquele que nasce vocacionado para ensinar, que se prepara anos a fio para isso, e, quando chega o grande momento, depara-se com uma plateia desinteressada, ávida pelos últimos capítulos da novela ou pela fofoca da semana, menos com a regência verbal ou a equação de segundo grau (…). 

“A concorrência é desproporcional, mas houve uma época em que ser pego em sala de aula fazendo palavras-cruzadas ou trocando bilhetes com outros discentes era motivo para, no mínimo, fazer corar a face do aluno surpreendido. 

O magistrado se solidarizou com o professor e disse:

“O professor era autoridade de fato e de direito na sala de aula. Era respeitado como tal, pois a sociedade depositava sobre seus ombros a expectativa de um futuro melhor para os mais mancebos. Possuía licença de cátedra, liberdade para escolher o método que houvesse por bem, para melhor alçar o espírito dos pupilos. Ensinar era um sacerdócio e uma recompensa.  Hoje, parece um carma." 

Eliezer Siqueira ainda considerou que o aluno descumpriu uma norma do Conselho Municipal de Educação, que impede a utilização de celular durante o horário de aula, além de desobedecer, reiteradamente, o comando do professor. Ainda considerou que não houve abalo moral, já que o estudante não utiliza o celular para trabalhar, estudar ou qualquer outra atividade edificante.

E declarou:
“(…) porque julgar procedente esta demanda é desferir uma bofetada na reserva moral e educacional deste país, privilegiando a alienação e a contra educação, as novelas, os “realitys shows”, a ostentação, o “bullying” intelectivo, o ócio improdutivo, enfim, toda a massa intelectivamente improdutiva que vem assolando os lares do país, fazendo às vezes de educadores, ensinando falsos valores e implodindo a educação brasileira."

Por fim, o juiz ainda faz uma homenagem ao professor.

"No país que virou as costas para a Educação e que faz apologia ao hedonismo inconsequente, através de tantos expedientes alienantes, reverencio o verdadeiro HERÓI NACIONAL, que enfrenta todas as intempéries para exercer seu ‘múnus’ com altivez de caráter e senso sacerdotal: o Professor."

ISTO DEVERIA SER LIDO EM TODAS AS SALAS DE AULA DO BRASIL!!!! ALIÁS, POR TODOS OS BRASILEIROS!!!

Fonte: O Globo / Revista Veja e outras redações.

A perda de uma mãe...

26.08.15, RodrihMC

mãe.jpg

Tenho mais de 40 anos de idade, sou um homem cabeça feita, às vezes um tanto imprudente, mas sou formador de opiniões, crítico e deveras intelectual. Tenho amigos e amigas mais novos e de idades próximas à minha, alguns que já perderam suas mães. E é sobre isso que venho refletir aqui, a perda de uma mãe. Certamente não tenho poupado minha mãe de meus arrancos e minhas atitudes ofensivas, muitas vezes ignorante, e bote ignorante nisso. Obviamente, me sinto extremamente mal após ter agido assim, é muito ruim a sensação, ainda mais quando percebo que estou com um pouco mais que 40 anos, o que me confirma que minha mãe terá pelo menos uns bons anos a mais do que eu, pelo menos 25 ou 30 anos. E isso me dói. Me dói lembrar de amigos e amigas que não tem suas mães para poder sequer conversar, pedir um conselho, dar um abraço ou mesmo fazer showzinho de birra. E quando penso nesses amigos e nas amigas órfãs de mãe (e até mesmo de pai) meu coração estremece, minhas pernas mal conseguem sustentar o meu corpo e meus olhos marejam. Minha mãe é tão ativa, mais do que eu tenho certeza. Psicóloga, filósofa, teóloga, professora, mãe, dona de casa e avó. Que mulher fantástica! Como se eu quisesse estar preparado para o dia de não tê-la mais comigo eu antevejo o dia em que eu estiver sozinho sem ela, meu corpo dói, minha cabeça queima, sinto um nó na garganta e meus olhos enchem d'água. A vida pede maturidade até para isso, uma clareza de espírito que não sei se vou dominar um dia, mas serei obrigado a ter essa capacidade sobre-humana. São pensamentos de medo. Pavor, aliás. E não dá para não pensar nisso, porque é como se você ficasse em pé na beirada de um prédio de trinta andares sem estar segurando em nada, e sua mente quase te empurra precipício abaixo, como um ímã do medo que de tanto medo te puxa. Hoje em dia eu tento aproveitar o máximo que posso e do que não posso, não que eu já esteja esperando a pior notícia, até porque, como eu já disse aqui, minha mãe é muito ativa, esperta, agitada e ninguém segura essa mulher. Mas o tempo é o tempo, não vou me fazer de desentendido e me iludir de que o tempo só serve no relógio. O tempo está em todos os lugares, e com ele vêm todas as atenções. Procuro não tocar no assunto de mães para amigos e amigas que não as têm, e nem fico tentando imaginar como é estar sem elas, muito embora seja quase inevitável pensar vez outra. O mundo se torna vazio ou pelo menos sem diversão, a graça de sentir graça também escapa entre os dedos. A saudade é insignificante quando o assunto transpassa o sentimento de falta. É inimaginável sentir tanta ausência. É loucura. E eu abuso e uso de minha mãe, não no sentido de exploração, pois até aprendi a passar minhas roupas (principalmente camisas sociais, que tinha pavor só em imaginar), mas ao ver minha mãe deixando o prato de almoço para passar uma camisa para mim, isso foi o fim e a raiva que senti por ser tão incompentente me tomou por completo. Tudo bem que queimei algumas camisas, também saí algumas vezes com uma parte passada e outra amarrotada, mas eu dominei o ferro de passar roupas e hoje eu passo minhas roupas com eficiência. E como cansa passar roupas! Então vejo que minha mãe já não precisa se anular para me servir, aliás, tirando minhas birras por pura falta de vergonha na cara mesmo, o resto eu tenho aproveitado deliciosos momentos com ela. Brincadeiras, provocações, muitas conversas e fofocas. Como nossas mães gostam de uma fofoquinha... me divirto. Tento transceder minha mente e meu espírito para uma compreensão profunda e harmônica para o ciclo da vida humana. Eu também, um dia, deixarei a vida terrena e se tudo o que tanto se acredita for real e verdadeiro, seguirei em consciência e espírito para algum lugar. Vejo que a vida é uma constante luz de superações e aprendizados, não se foge disso e nem se conserva. Não se domina, nem se armazena. A vida segue, continua e vai sem pensar em voltar. Não avisa quando nem onde, nem que forma ou momento, simplesmente parte, num descaso e desprezo pelo corpo e por todos os demais à sua volta, que nos faz sentir insignificantes e desprezíveis. Não há despedida, não há comentário, nem mesmo um sinal, simplesmente a vida segue, transpassa nossa compreensão e some. Tenho um primo que prezo e considero mais do que muitos demais, e ele perdeu a mãe, e há pouco tempo o pai. Ainda que tia e tio, minha compreensão da perda de mãe e pai está aquém do aquém, do aquém que ele e minhas primas sentiram. Mas é justo que este seja o ciclo, ainda que nos fira o coração, por isso eu sinto que é muito importante que cada dia eu possa aprender a viver intensamente os momentos com minha mãe super-sônica. Muitas vezes me pego chorando, deitado antes de dormir, num sentimento de perda profundo, doído e desamparado. É algo que não consigo controlar, pois é quando começo a dormir e vem um súbito pensamento de perda de mãe e pai. E a descarga elétrica que meu corpo produz desbaratinando meu cérebro, minhas vistas e meu corpo todo são a tradução do pavor dessa perda. Então peço para Deus abençoá-los, minha mãe e meu pai, e quase como um mantra do sono consigo relaxar e dormir. Tem momentos que minha mãe passa dos limites e minha paciência se converte numa irritação sem noção, mas depois que passa um tempo eu me sinto um ignorante, então vou e passo perto dela pra sentir a energia. Se tiver boa ou razoavelmente aceitável puxo assunto e troco ideia (com a cara de pau mais lavada do planeta), e tudo volta à estabilidade emocional necessária. E assim vou aprendendo a viver a maravilhosa experiência de ter a minha mãe, ainda que a divida com muitos e ela até os paparique mais do que a mim, mesmo assim é um prazer dividi-la com outros, pois cada vez mais sei da importância desse papel divino que é ter mãe, tanto como ter pai, também. Se eu pudesse aconselhar alguém que tem mãe e/ou pai, que deixasse de ser nocivo e passasse a ser bom filho e boa filha, porque é impagável tê-los entre nós. 

CORE - POLÍCIA CIVIL DO BRASIL

13.08.15, RodrihMC

Aqui quem fala é o Inspetor Ventura da CORE, Equipe Falcão.

Eu e mais um irmão combatente estávamos no local onde o criminoso conhecido como Playboy e seus comparsas tentaram empreender fuga mediante fogo. Por sorte, e pelo treinamento a nós despendido pela CORE esses anos todos, ainda estamos aqui… mas um dos criminosos não.

A ação foi inteiramente dentro do princípio da Legítima Defesa e do estrito cumprimento do dever legal. Não houve qualquer tipo de excesso ou abuso. Mas isso, quem julgará, como de costume, são as autoridades judiciais.

O objetivo desse texto não é dar explicações a ninguém. Sempre fui profissional e não devo nada a ninguém além da obrigação de cumprir meu dever como Policial Civil. O objetivo é expressar a minha opinião em relação ao circo que está sendo montado por causa da morte desse infeliz.

Esse circo tem duas vertentes.

A primeira é causada pelos comentários delirantes de um certo policial federal, os quais, devido à impressionante velocidade dos meios de comunicação hoje em dia, infelizmente, se alastraram como um vírus. Não vou rebater palavra por palavra o que esse idiota falou. Ao invés, me contenho em fazer uma análise mais genérica, uma que se aplica ao tipo de pessoa do qual ele faz parte.

Refiro-me àqueles que não têm a coragem de estar na arena dos acontecimentos, no olho do furacão, mas que sempre se agarram à primeira oportunidade que têm para denegrirem as ações daqueles que possuem tal coragem. Esse tipo de gente aparece, por exemplo, o tempo todo na Globo para falar atrocidades sobre assuntos que nada sabem. Nesse caso, são os famosos “especialistas”. Esse tipo de gente vive de fantasia, mentindo para si próprios, chamando a si próprios de combatentes quando ainda na ativa. Eles acham que ficar atrás de um poste desferindo tiros a esmo para dentro da favela é um ato de bravura. Eles passam anos se escondendo atrás de uma mesa, atrás de um colega, ou atrás de um nome e, de repente, quando estão ao lado de combatentes de verdade, acham que fazem parte da tribo. Mas NÃO FAZEM! Hienas não andam com leões! Elas esperam os leões fazerem o serviço sujo para só então se esbaldarem. E ahh, como se esbaldam… Chegam a se incluir nos feitos dos outros sempre que possível, pois só assim eles conseguem se sobressair.

“Dois do GPI com dois da CORE”??

Quando eu olhei para o lado no meio dos tiros, eu só vi dois Falcões!

SEMPRE - SÓ - HÁ - FALCÕES - DO - MEU - LADO!!

Quem sou eu para dar conselhos, mas se eu fosse esse policial federal, procuraria os verdadeiros combatentes da Polícia Federal (e eu conheço MUITOS) e pediria desculpas a eles. O senhor não deve nada a nós da CORE, pois não faz parte de nós. Mas tenho certeza que diversos irmãos da Federal compartilham dos nossos sentimentos e a eles, sim, acredito, o senhor deve explicações.

A segunda vertente do circo montado diz respeito às inúmeras manifestações visuais que veem inadvertidamente chegando ao meu conhecimento via meios de comunicação. Como “manifestações visuais”, me refiro a fotos, montagens, audios e vídeos retratando o regozijo pela morte do criminoso em questão. Muitas dessas manifestações foram criadas por populares (cidadãos não policiais) a partir das fotos divulgadas na mídia. Infelizmente, não temos como evitar isso. Mas temos SIM como evitar o aparecimento dessas fotos na mídia em primeiro lugar! Aliás, não devemos nem sequer tirar fotos. Qual o motivo? Alguém aqui gosta de ver cadáveres?! Caso positivo, o seu lugar é em uma clínica, não na Polícia Civil e muito menos na CORE. Até na Morte há respeito. Será que esquecemos que TODOS temos famílias? Queremos que uma mãe veja seu próprio filho morto em meio a piadas?! Será que só eu penso assim?!

Ninguém nunca mais tirará fotos em uma ocorrência em que eu estiver envolvido. Pode ser Falcão, autoridade policial, o Governador ou o presidente da República. Se eu ou os meus estiverem envolvidos, NÃO haverá fotos! E eu digo isso aqui, pois acho que essa deve ser a conduta de todos. Vivemos hoje em um Mundo diferente. A tecnologia avança em passos tão largos que não conseguimos acompanhar. Há poucos anos relativamente, mal havia celulares em circulação. Agora, todos temos câmeras de filmar conectadas à Internet dentro do nosso bolso a todo momento. Vivemos um verdadeiro “Show de Truman”. Ninguém esperava, no entanto, que o Mundo estaria assim quando fizeram o filme (1998). Mas ele está!

E não é esse o principal problema. O principal problema é que, junto com a tecnologia, os nossos valores estão evoluindo também. Ou melhor, INvoluindo. Essa é a geração Big Brother, a geração “selfie”, a geração Facebook, onde as pessoas se veem como o centro do Mundo, onde realmente acreditam que o lado de lá da conexão está interessado de verdade no festival de fotos idiotas, com comentários mais idiotas ainda, que se colocam a disposição de todos diariamente. Hoje, as pessoas querem PARECER e não SER. Caráter, honra, humildade, comedimento, disciplina, abnegação…. são todas palavras que estão entrando em desuso. Eu tenho sinceras dúvidas se os adolescentes de hoje sequer ouviram falar dessas palavras. Mas de onde eu vim, elas são TUDO.

Agora, juntem a tecnologia atual e a falta de caráter atual e tem-se o resultado visto esse dias: banalização de uma morte e mentiras motivadas por valores baixos, ego e fraqueza de espírito. E tudo isso circulando por aí na velocidade de um clique de botão…

Termino esse texto dizendo que eu NÃO estou cansado de combater; não estou nem mesmo cansado de ir a cemitérios enterrar meus amigos, pois sei que eles morreram cumprindo sua missão, uma missão extremamente necessária. Eles morreram como Homens! Não estou cansado de dar meu sangue pelos outros. Ao menos, meus filhos um dia saberão o pai que tiveram. Mas eu estou SIM cansado é dessa palhaçada! Dessa sociedade de frouxos e falsos moralistas que o Rio, o Brasil e o Mundo se tornaram. Mas especialmente o Rio. Estou cansado do Mundo de mentira que se prega aos Sete Ventos como forma de disfarçar essa podridão que, no fundo, todos (ou quase todos, felizmente) desejam manter prevalente. Estou cansado de idiotas como esse policial federal hiena. Cansado das madames do Leblon que olham para os nossos fuzis como se fôssemos extra-terrestres. “Pra quê isso tudo?” elas murmuram. A estupefação é porque elas ainda se encontram no primeiro estágio cognitivo de qualquer viciado em drogas: a negação. Elas não querem acreditar que vivem no meio de uma guerra. Elas são viciadas na mentira que permitem que elas vivam no seu mundinho fantasioso. Para a sorte delas, no entanto, existem homens que, mesmo cansados, mesmo criticados e ameaçados pela própria Sociedade pela qual lutam, continuam fazendo o serviço sujo.

O serviço sujo NÃO é executar criminosos. Não fomos treinados para isso. O serviço sujo é deixarmos nossos filhos em casa e irmos correr em meio a tiros de fuzil para chegar onde ninguém parece querer que cheguemos. O serviço sujo é arriscarmos o bem-estar das nossas famílias para garantir o bem-estar de outras que nem conhecemos.

Felizmente, Falcões não pensam nisso. Eles estão muito ocupados, ombro-a-ombro com seus irmãos, progredindo para o olho do furacão…

FALCÃO SEMPRE!!

Considerações fundamentais na decisão de casar-se.

13.08.15, RodrihMC

Uma amiga psicóloga, com quem tenho grande afeição e admiração, e também tenho constantes reflexões sobre o comportamento humano, me fez uma pergunta que me chamou a atenção. Não tanto pela pergunta em si, mas por eu que tanto falo de relações, não ter falado desse tema ainda, muito embora haja fragmentos deste assunto em alguns posts, como o título Acometido. A pergunta que ela fez foi: "o que vc considera fundamental na hora da decisão de casar?". Por um lado eu comentei em meus pensamentos: "Pôxa! Vai perguntar isso logo para mim?!", numa alusão de que eu seja totalmente radical em minhas reflexões, do tipo que ando na contramão das opiniões politicamente corretas. Mas simbora lá responder a tão cruel e importante pergunta que, muito embora ela tenha me pedido que falasse livremente sobre meus pensamentos na decisão do matrimônio, sem muita elaboração, ideias soltas, eu fosse sucinto. Vou tentar, mas com certeza não vou conseguir deixar as palavras soltas, só mesmo as ideias. Com base no que não deu certo para mim, num resgate de todos os pontos falhos de minhas relações conjugais falidas, eu pontuarei aqui o que você não deve fazer, se quiser ter um casamento de sucesso, pois tudo o que não deveria ter feito, fizemos, eu e as companheiras que escolhi para minar a minha vida. Aqui você entrará na Matrix, isto é, eu vou falar a verdade, doa a quem doer. Bom, antes de responder de fato, hummmm.... "sem elaboração"... puts... bom... primeira coisa antes de casar eu recomendaria como fundamental alguns alinhamentos pessoais, isto é, as condições sociais de cada um, como refletir sobre quem tem mais amigos. É, isso é "fodástico" e determinante na relação conjugal. Se uma das partes tem poucos amigos, ou pouquíssimos ou quase não tem, então a outra parte tem que ter um pouquinho mais, porém não poderá ter um montão de amigos, a ponto de fazer o outro se sentir um peixe fora d'água. A relação vai minar a começar daí, é fato. Amigos são um status que se tem para viver uma vida saudável, porém, muitos amigos é roubada. Um casal, que queira começar uma vida a dois harmoniosamente precisa, antes de mais nada, de privacidade, e muitos amigos, ou bastante muitos amigos é prejudicial à relação. A harmonia pede um equilíbrio, isto é, se a parte que tem poucos amigos é mais culta, então a parte que tem amigos demais tem que ficar atenta a: 1. quais amizades são cultas; 2. quais amizades são incultas; 3. quais amizades são a turma da baguça e 4. quais amizades são a galera do fundão da sala de aula. E deverá por na balança de suas expectativas se está preparada para fazer a triagem desde já. Geralmente, quem não está preparado para um casamento sofrerá muito para abrir mão de certas amizades, então já fica aí um pré-aviso de futuros problemas no casamento a médio prazo. Passando por esse desafio com louvores, o próximo passo é avaliar se a afinidade sexual de ambos é intimamente muito, muito boa. Se há toda a liberdade sexual entre o casal, se há orgasmos de ambos, se há uma comunicação livre e bem humorada no quesito sexual, se há fantasias e liberdade para falar a respeito. Caso uma das partes se sinta mais incomodada do que a outra, chegando a se sentir ofendida, então pára tudo e repense sobre a ideia de casar-se tão logo. É outra coisa "fodástica" na relação, porque uma parte vai ser sempre o juiz da outra, isto é, pensa na prisão?! Ninguém aguenta por muito tempo uma relação em que uma parte é mais livre entre eles, e outra é mais complexada, bloqueada e cheia de não-me-toques. É casamento direcionado para a infidelidade, com certeza. Bom, passando por mais este desafio, é hora de jogar limpo entre si e falar de suas capacidades socioeconômicas. É um assunto que não rola entre o casal, talvez por medo de saber a verdade e se desiludir, mas se uma parte pensar dessa forma, a outra deve se atentar em ficar o mais longe possível desta companhia. A cultura brasileira, principalmente, é a de que o homem é o provedor e a mulher é o sexo frágil. É batata, sempre foi assim. Daí o cara se ferra ou dá uma recaída e a primeira coisa que ele perde é a mulher...kkkkkk. E por que isso acontece? Oras, porque ele se envolveu com uma pessoa culturalmente inferior a ele e ela se desiludiu com sua queda ou fase ruim. Para essa mulher o cara tem que se manter em primeiro lugar sempre, quase um semideus, coisa que nem Ayrton Senna conseguiu fazer, mas ela se põe como um produto de status da relação, e se o cara entra em declínio socioeconômico, ainda que temporário, e se esse temporário estender-se a médio prazo, já era, ela, produto de status da relação sai fora e vai procurar outro que a patrocine com status social, como uma parasita ou hospedeira em busca de conforto social. Continuando... A coisa de jogar limpo é ambos saberem da real situação de cada um, dos planos para o futuro, das dificuldades que têm atualmente e terão possivelmente, do compromisso de alcançar os projetos, da humildade de dizer que tem certas dificuldades e por aí vai. Se passado por este momento uma das partes não sair correndo e acreditar que pode dar certo seguir em frente, então deve-se fazer começar a elaborar o "canvas" do casamento. Sim, isso mesmo, e eu acho que sou o primeiro a falar sobre o canvas do casamento, porque o casamento é como uma "startup", um negócio novo, inovador, muito embora já exista, mas que agregue valor, tenha gameficação e seja segmentado. Mas só depois de passar por essas três etapas iniciais. O conceito é que se tiver que dar errado, então que a ideia de casamento acabe antes mesmo de que tenha começado. Gasta-se energia, mas perde-se muito menos do que se tivesse começado errado. Não há milagres nem mágica no casamento. Ou começa certo e dá certo, ou não começa, porque dará super errado, será desgastante, um fiasco e traumático. Continuando... Feito o Canvas do Casamento, descobre-se seu Valuation, isto é, se trata do conceito do processo de estimar quanto uma empresa vale, determinando seu preço justo e o retorno de um investimento em suas ações, e já que estamos considerando que o casamento é a abertura de uma empresa nova, ou seja, uma startup, através do canvas saberá qual é o valor dessa união conjugal, quanto vale o casamento e quanto cada um ganha com isso. É nessa hora que o casal estará maduro para ter uma relação conjugal top de linha. Então na montagem do canvas do casamento deve-se atentar para o Conceito da Escalada, que é a ideia de que um puxa o outro para cima, até que ambos cheguem no topo dos objetivos. Muitos casais se estrepam nessa ideia, porque geralmente a parte que mais se importa, e justamente é a parte que está melhor socioeconomicamente, se joga de corpo e alma para que a parte mais fraca socioeconomicamente se destaque, seja valorizada e consiga atingir objetivos maiores primeiro. Só que daí acontece o imprevisível. A parte que foi "patrocinada" com a energia e todo o esforço da parte que mais se importa e ama começa a ter melhores resultados psicossociais, cultural e socioeconômico. E nesse enredo vem a dura verdade à tona: essa parte emergente se sente confortável com a nova vida e não abre mão que a parte benfeitora se reerga, justamente por medo de ficar por baixo novamente. A relação que era uma balança no conceito da parte benfeitora pela ideia do equilíbrio (eu puxo você pra cima e acima de mim, e você me puxa para cima, e acima de você para que juntos possamos desfrutar do mesmo plano no topo), se torna gangorra, em que se você se eleva, automaticamente eu sou empurrado para baixo. Impossível de haver harmonia. É minha teoria pelo o que vivi duas vezes (quase três) e para mim tem muito sentido. A relação no modelo gangorra funciona assim, se um lado melhora, isto é, sobe, o outro piora, desce, pois se trata de uma relação de competição. Essa parte que se ferra é a parte que teve a pré-disposição para amar mais, é a parte que estava melhor, daí encontra alguém em quem acredita valer todo o esforço e só depois de muito sofrimento percebe que "apostou no cavalo errado". Se houver assimilação desse conceito e conseguir preencher as lacunas do canvas do casamento, então o casal estará mais propenso a ter sucesso na relação do que prejuízo (emocional e financeiro). Continuando... Passado por essa etapa e ambos continuam juntos, firmes e fortes, é momento de falar das possibilidades pós-casamento. E isso implica que a mulher poderá engravidar sem aviso prévio, ou que uma amiga "feladaputa" do trabalho cumprimentou o amigo recém-casado e deixou nele pregado purpurina e um cheiro de "gata no cio". Tem que haver a confiança, acima de qualquer coisa. É um risco calculado a decisão de casamento, então se é calculado tem que ter as possibilidades avaliadas. O próximo passo é falar da família, e isso não é muito agradável, acredite. Deixar estabelecido que o território extra-familiar é aquele em que a família de cada um não tem direito a voto na relação dos dois. Eu tive a dura experiência de ter a visita de meus sogros quase todos os fins de semana, e o que mais me irritava era a falta de desconfiômetro deles de ficarem de manhã - e isso eu digo que é de manhã mesmo, coisa de oito horas da manhã de domingo, até às vinte e duas horas. Nossa, era um inferno ter que encontrar assunto para falar durante esse tempo inteiro, com o sogro mudando de canal na minha TV, sentado no meu sofá e a sogra falando mal da vida alheia e dos extraterrestres o tempo todo. Tinha momentos que eu ia ao banheiro para ficar isolado um pouco, para não enlouquecer. Chegava a rezar pedindo a Deus para emanar forças para eu suportar tanta invasão de privacidade. Era um suplício. Então essa demarcação de território deverá acontecer e virar lei na relação entre o casal pretendente a um casamento de sucesso. E entram nesse diálogo o cachorro de estimação, gato, periquito, papagaio e até peixe de aquário. Se a parte que não tem nada disso realmente está a fim de ter como agregados, ou se prefere ter somente a parte amada. Isso tem que ficar claro, mesmo que a outra parte diga que para ela não dá e que está tudo acabado, entenda: será melhor do que viver da ilusão que o amor é incondicional entre ambos, porque não é. Considerando que o casal chegou até aqui vivos, e o mais importante, se desejando e se querendo (kkkkk), o que será uma bênção, então não partam para o noivado! Se permitam que essa avalanche de decisões e informações se assentem, que a poeira baixe. E depois que ambos estiverem relaxados, com a ideia e os conceitos em paz, sem conflitos nem perguntas a serem feitas um ao outro, então sim, noivem-se e foquem nas melhores sensações que uma preparação de casamento pode oferecer, pois certamente o casamento já deu certo!

Rodrigo Caldeira

 

Flores na janela, vasos ao chão

09.08.15, RodrihMC

blog flores na janela.jpg

 

Este post que farei agora é um daqueles raros momentos que nós homens temos coragem de fazer, porque é algo estritamente íntimo, muito embora possa vir a ser libertador refletir sobre cada ato vivido. Flores na janela, vasos ao chão é uma autobiografia amorosa na qual pretendo lembrar das flores que enfeitaram a janela da minha vida, como também dos vasos que caíram ao chão, cujas flores tive que vê-las morrer sem nada poder fazer para salvá-las. Também agradecer por cada perfume que exalou na janela atraíndo toda sorte de beleza, e também de experiências. E é assim que vou começar essa história... com a Ana Rita, em 1982, uma das meninas mais lindas que meus olhos puderam ver em São Paulo. Eu tinha 12 anos, quando o filme E.T estava no auge e eu passava uns dias no apartamento de luxo no Itaím Bibi em São Paulo, na casa do Yuri, um dos eternos e raros amigos que tive, e este tinha uma vida dos sonhos que eu nunca poderia ter nem se eu quisesse ou nascesse de novo. Foi minha primeira manifestação de paixão que me rendeu a maior vergonha de todos os tempos na minha vida. Eu, um moleque que nunca tinha beijado na boca (nem no rosto) de uma menina falei ao Yuri que estava apaixonado ou que queria beijar Ana Rita. Yuri prontamente se desdobrou para buscar a menina mais bela daquele condomínio, e ele, o Yuri era não só o riquinho mais afortunado do prédio, mas era um garoto de rara beleza. Por um momento eu me iludi que conseguiria um beijo da menina dos meus sonhos, e um beijo na boca, logo eu, um garoto de doze anos que mal tinha uma bicicleta BMX, que comprei lavando o carro do meu pai e de alguns vizinhos do bairro de Santo Amaro, no Brooklin em SP. Enquanto eu tinha 8 carrinhos de ferro, o Yuri tinha 360 de todos os tipos e cores. Enquanto eu nem sabia o que era um video-cassete, o Yuri tinha games eletrônicos que nunca vi nem nas lojas, e enquanto eu só conhecia a cidade de Paracatu-MG e Brasília-DF, locais de meus familiares, ele fazia dos Estados Unidos seu quintal. Foi no apartamento de mais de 200 metros quadrados de seus pais que conheci o sabor de uma pêra madura. Um sonho! Toda vez que mordo uma pêra sou arremessado para dentro do apartamento do Yuri. E lá vinha Ana Rita, linda, maravilhosa com o Yuri e uma penca de colegas querendo ver a cena do beijo. Então a minha ficha caiu, vi que eu não tinha cacife para uma menina tão linda, e corri. Passei horas debaixo de um carro na garagem escondido de tanto medo de estar frente a frente com Ana Rita. Foi terrível, eles me caçaram por todo o condomínio e quando desistiram de me procurar já estava escurecendo. Foi o primeiro vaso de flor que tentei pôr na minha janela e eu nem sei se iria ficar por muitos minutos enfeitando minha vidraça, e logo soltei-a ao chão sem ter coragem de olhar para baixo. Foi aos doze anos que eu aprendi a lição de que para eu ter uma menina bonita comigo teria que ser mais do que gente, e sim teria que ser comunicativo, envolvente e inteligente. Meninas bonitas não suportam meninos burros e muito menos medrosos. E agradeço à Ana Rita por me dar um pingo de esperança ainda que fulgaz. Depois de 1982 eu só vim ter coragem novamente de tentar alguma coisa com alguma garota em 1985, aos 15 anos. Não lembro o nome da garota que me lascou um beijo de língua na casa de minha vó paterna, uma morena que trabalhava na casa dela e não sei se fui eu que pedi ou se ela que me atacou, foi uma experiência desesperadora, perdi o rumo da vida e, de novo, desapareci pela cidade pacata de Paracatu-MG. Lavei a boca com sabão, pasta de dentes e álcool. Foi tão envasivo que me senti violentado, ainda mais que a menina me enfiou a língua com tanta certeza dentro da minha boca que eu não sabia o que fazia com a minha própria língua. Eram duas línguas dentro de uma só boca, foi traumático. Mas agradeço à essa menina que me estreou e por mais que eu não lembre o nome dela (amnésia do pânico, certamente), sou grato por ela ter visto em mim um cara interessante e atraente, coisa que eu não via. Aprendi com ela que posso ser interessante também e que para querer algo com alguém é importante que haja consentimento de outra parte e que aconteça de maneira sutil e cuidadosa, justamente para não assustar nem traumatizar a pessoa desejada, principalmente se essa pessoa for inexperiente. Em 1986 estava com minha mãe fazendo um curso com o então Padre Lauro Trevizan, no bairro Paraíso, em SP, sobre poder da mente e tive uma experiência extraordinária num dos exercícios de meditação ministrada pelo padre, e vi o rosto perfeitamente como se fosse um vídeo, a cor dos olhos, os cabelos e ouvi a voz da garota que seria a minha alma gêmea. Aqui no blog devo ter algo sendo falado dessa experiência. De 86 para 1989, com 19 anos a Renata, uma menina alta de olhos azuis esverdeados, cabelos cacheados se interessou por mim, e lá estou eu numa festa junina na 315 Norte, em Brasília, num momento de descontração dos paroquianos da São Francisco de Assis quando sou abordado por colegas que me anunciaram o interesse da moça. Eu vivia um amor platônico pela Paula, uma guia do escotismo do qual eu era escoteiro e meu coração palpitava por essa menina. Situação embaraçosa, a Renata, uma linda moça com espinhas no rosto, alta, me aguardando para iniciarmos uns beijos na quadra sob os blocos residenciais. Havia acabado de ver a Paula, meu coração acelerou, mas não tinha coragem de falar com ela. Fui falar com a Renata meio que sem saber o que realmente encontraria. Ganhei um beijo da Renata e a Paula passou e me viu. Meu universo com todas as constelações e via-láctea desmoronou, me perdi todo com a Renata, paguei mico, constrangi a moça e acabei ficando sem esta e aquela. Sou muito grato à Renata por ter me mostrado que eu deveria confiar mais no meu potencial de sedução e principalmente que deveria aparecer ao encontro quando somente tivesse certeza do que estaria buscando. Agradeço à Paula por ter sido a minha inspiração e minha frustração. Pela Paula cheguei a fazer os maiores e mais badalados Luais na casa em construção de meus pais no Park Way só para ter a chance de ter a menina dos meus sonhos por lá, talvez eu conseguiria me aproximar dela, mas daria certo se ela não fosse acompanhada de um garoto muito mais esperto do que eu. Fiquei com a fama de festeiro, se ao menos tivesse conquistado a Paula, mas nem isso. E sou grato pela Renata ter me rejeitado depois, me fazendo esperá-la sentado num banco de cisne branco sob seu bloco por mais de cinco horas. Aprendi que devemos esperar pela presença da moça por trinta minutos, e passou disso já está caracterizado o bolo e a rejeição. Em 1990 namorei a Alessandra, linda de tudo, morava com a avó e inventou que beijar ao som da rádio Antena 1 não era o suficiente, então quis ir ao motel comigo e lá amarelei. Eu realmente perdi a maior oportunidade de ser pai naquela época, pois ela terminou meio que sumiu do mapa e meses depois apareceu grávida. Não muito distante desse tempo conheci a Carla Patrícia, com quem pude entender que quanto mais linda a garota, mais esforço você precisará fazer, principalmente se ela é crente e faz você frequentar os cultos também. Fui assistir ao filme Filadélfia, que na verdade não sei nem do que se tratava, e foi a primeira vez que ousei comer alguém no cinema, mas aprendi a lição de que não se come ninguém no cinema, e também não se deve sair mal intencionado com uma garota que sai de meia calça sob a saia, porque jamais conseguirá muito acesso com essa peça colada na moça. Não durou mais do que três meses, aliás, só o período que ela terminou o cursinho e eu ia buscá-la todas as noites depois da minha faculdade. Sou grato à Carla Patrícia por me mostrar que as mulheres gostam mesmo é de homens que possuem estatus e dinheiro. Então em 1991 conheci a Valéria, com seu 1,54m, uma loirinha linda, hiperativa, com 16 anos acreditou que eu poderia ser um cara interessante para beijar. E rolou, graças a Deus! Tomei gosto pelo beijo e pelo sentimento de desejo, paixão e namoro. Durou até 1993, quando o pai dela viu que estávamos muito apaixonados e resolveu acabar com a minha alegria. Como eu havia dado um porco de pelúcia cor-de-rosa para ela de presente, o pai dela disse-me que nem se a casa dele ficasse rosa o namoro ia continuar. Por isso não, roubei uma lata de 18 litros de Coralatex branco neve, comprei tinta vermelha para rejunte, misturei deixando a tinta cor-de-rosa e às 4 horas da madrugada levei a lata com o rolo para até a casa da Valéria e fiz a loucura de amor mais arriscada de minha vida. Pintei o portão, a calçada e o enorme caminhão Mercedes Benz 1313, de caçamba do pai dela, que ficava estacionado na frente da casa. É... pintar o portão e a calçada de rosa não foi inteligente, mas pintar o caminhão foi irracional. O ex-sogro, pai da agora eternamente ex-namorada, me procurou por Brasília inteira e segundo os relatos ele estava armado de um revólver calibre 32. Semanas depois vi a Valéria aos beijos com um rapaz na boate London London, e ali eu vi que tinha arriscado minha vida para provar um amor que eu não podia ter. Tive que ir morar com meu tio padre em São Paulo, no Convento do Carmo no bairro da Liberdade, do contrário o pai da Valéria me passava fogo. Sou grato à Valéria pelo amor que ela me ensinou a sentir ao som dos Engenheiros do Hawaí. Virgem namoramos, virgem eu continuei. E anos depois ela se casou com um cara da minha altura, chamado Rodrigo, cuja a mãe dele tinha o mesmo nome da minha mãe. Vai entender... Depois, em 1995, de volta à Brasília, conheci a Natalia, com quem perdi a virgindade e namorei por cinco anos. Depois casei e depois fui abandonado por uma série de fatores ruins. Eu era empresário e assediado por funcionárias, e uma dessas cismou que eu era o homem da vida dela. Meu celular recebia cerca de 50 sms por dia dela enviando seus mais profundos manifestos de amor e desejo por mim, e isso minou meu casamento. Até pensei em matar a ex-funcionária, porque a situação estava fora de controle, e numa dessas situações em que os problemas dos trabalho te engolem eu surtei numa síndrome do pânico, que foi a oportunidade da esposa me deixar depois de se estabilizar na vida num cargo de confiança na Presidência da República. Padeci o dobro, desesperei e ter sido o mantenedor da família da amada por anos, me endividando ao máximo não serviu de abono para o momento de crise conjugal. Fui ao inferno e fiquei lá por longos anos. Hoje sou grato à Natalia e compreendo o que ela fez, talvez não tivesse estrutura para o casamento, talvez eu não estivesse pronto para ser amado e resgatado. Antes da cerimônia de casamento com Ntl tive uma experiência extraordinária no campo sei lá, quântico ou espiritual. Tive uma espécie de filme passando num telão bem à minha frente, como se o telão tivesse 2 metros de altura por 3 metros de largura e eu tipo que estivesse dentro das cenas, sem estar exatamente. Vi a cena da Natalia me deixando para trás, e eu ajoelhado implorando para ela não fazer isso. Tentei atrasar os preparativos do casamento, quando tive a segunda amostra da mesma cena. Não sei explicar muito bem quanto tempo demorou a cena, mas foi coisa de segundos. Fui um noivo que não parava de chorar na frente do padre, porque do nada a cena apareceu na minha frente e nada podia ser feito naquela ocasião com a igreja cheia, meus saudosos avós na primeira fileira e a futura esposa ao meu lado. Incrivelmente a cena d'eu ajoelhar aconteceu e dela sorrir dizendo que eu devesse esquecê-la também. Foi humilhante, mas eu meio que já tinha visto aquela cena antes. Sou grato à Natalia por ter existido na minha vida, ela me trouxe os melhores conhecimentos de minha virilidade, e foi uma grande companheira, apesar dos pesares. Uma guerreira que perdoei, muito embora eu também precisasse do seu perdão. Então fui para SP trabalhar como diretor administrativo e financeiro de uma OSCIP, lá conheci a Daniela, uma linda vizinha no bairro do Morumbi, onde eu havia alugado uma mini-mansão para receber autoridades. Recebi mais a Daniela do que pessoas de trabalho. Foi maravilhoso e sou grato à moça que me afagou na solidão que eu sentia naquele lugar. Também era empresário em Brasília e quando fui para lá em 2005 conheci uma das mais belas moças de toda minha vida, uma loira alta de olhos azuis e uma voz macia. Foi amor à primeira vista e por ela abri mão do trabalho de diretor em SP, voltando para Brasília com quem me casaria dois meses depois, de um namoro de três meses. A cena da visão aconteceu de novo, e de novo eu chorei diante a juíza de paz na cerimônia de casamento. É uma sentença você ter avisos desse tipo, isso desgasta e faz você duvidar da existência de que seja possível encontrar a pessoa certa para uma vida perfeita ao lado de quem se deseja. Mas a beleza da Adn era hipnótica, eu estava orgulhoso com a esposa que tinha conquistado, fazia questão de mostrar a aliança que usava e era maravilhoso olhar para ela. Eu não me cansava de olhar pra ela. A relação aconteceu na velocidade de um meteoro em queda livre pelo espaço e fui ao inferno pela segunda vez quando o sonho de ter uma família com uma linda esposa caiu por terra. Ainda mês passado a tive nos meus sonhos, onde sempre conversamos muito, trocamos carinhos tímidos, somos muito cúmplices e afáveis. Ela se tornou um fantasma que ronda minhas mais profundas memórias e mesmo da maneira agressiva e profundamente cruel como findou a relação sou grato por ter tido a oportunidade de ter convivido com ela. A dor ainda está no meu peito, principalmente porque muito do que aconteceu foi uma arquitetura maestrada com antecipação, no qual eu caí como um pato. Mas mesmo assim eu a perdôo (eu acho), ainda que necessite ser mais perdoado ainda. Depois conheci a Walquíria de outro estado, acho que era de BH, não cheguei a estar com ela pessoalmente, mas tive a visão e nem me dei ao trabalho de ir conhecê-la. Magoei a moça, mas eu não podia teimar de novo com um fenômeno que me acontecia e sempre dava certo de acontecer. Ela superou a minha ausência e meses depois se casou feliz da vida. Depois conheci a Jln Mendes, com quem sustentei doces momentos de paixão e desejo, cumplicidade e carinho. Uma bela moça alta, de 1,75m, super carinhosa, o afeto em pessoa, mas a visão veio e eu me afastei. A Jln se casou e tem uma família feliz com a Laura, sua princesinha. Depois conheci a menina que tinha visto nos exercícios de meditação em 1986, a Lrn, a quem eu decidi me disprover de toda cautela do coração, me joguei no sentimento de entrega de tal maneira que arrisquei na estrada minha vida para revê-la a 1680km de distância em Maringá-PR. Eu nem tive tempo de mostrar para ela a minha carta que escrevi para o Padre Lauro Trevisan naquela época, ainda com lapizeira 0,7mm num papel de caderno, já que não existia computador doméstico em 86. Tive o azar de não ser bem quisto por sua família, não importasse o meu esforço por ir visitá-la, mas 20 anos de diferença fazia com que eu era mal visto por eles. Logo depois a relação acabaria com uma tragédia na confiança e fui ao inferno pela terceira vez. Padeci o horror de 24 anos de espera e busca pelo rosto da menina que vi em 86. Ali eu perdi a esperança no amor. Sou grato à ela pelas melhores memórias que minha mente consegue  ainda resgatar, seu sorriso e chamego. A perdoo (eu acho), e se eu tiver que ser perdoado será pelas mil e uma palavras de ódio e raiva, um terror que fiz falando coisas que meu mais terrível sentimento de horror poderia dizer, e minhas palavras que proferi mataram a mim ainda muito mais, uma verdadeira expressão "beber do próprio veneno", mas foi um manifesto de um homem que via a esperança, a fé, a vida e os sonhos serem desmanchados tão rápido, tão friamente, que dada à espera desde 86 acredito que fui até muito equilibrado. A perdoo e peço perdão pelas palavras cortantes minhas. Logo depois conheci a Andréa, uma gaúcha de Minas Gerais, uma pessoa maravilhosa, dócil e amável, alegre e sofrida. Super religiosa, linda e gostava mais de futebol do que eu poderia gostar. Tive a visão, disfarcei um problema para afastá-la, já que estávamos falando em casamento, e ela se foi. Eu sou grato à ela por ter sido uma luz de esperança na minha vida, e se couber seu perdão por eu ter dificultado as coisas foi porque na visão que tive, como geralmente aconteceu com outras mulheres, as cenas de desastres, doenças, dores profundas etc surgiam como aviso prévio. Não quis arriscar nada disso com a Andréa e minei a relação antes que ficasse mais séria. Depois me envolvi com outra Renata, oposto em altura da Renata de 89, com seus 1,57m sua beleza só podia ser comparada com a da Ana Rita. Extremamente carinhosa, dengosa e amorosa, tudo o que eu podia querer na beleza de uma menina poderia saciar com a Renata. Sou infinitamente grato à ela por ter sido tão amorosa comigo, muito embora sua possessividade sufocava um pouco minha liberdade. Mas à ela minha gratidão de coração. Nesse meio tempo conheci a Maria Araújo, uma menina também pequena, do nordeste, linda de tudo, com uma voz para cantar hipnotizadora, dócil, estudiosa, guerreira, um mimo, uma garota cheia de sonhos e poemas, que tinha o objetivo de me conhecer pessoalmente, apesar da distância e das dificuldades para isso acontecer. À ela agradeço todo seu carinho. Depois conheci a Evelyn, não é alta, mas é linda, tem os olhos verdes, naturalmente loira, maravilhosamente branca e não fosse a visão para me sacanear novamente poderia dizer que de todas as meninas-mulheres que conheci, ela seria a que eu devo minha maior gratidão. Extremamente guerreira, estudiosa, caxias até demais, de uma maturidade de velha numa idade de menina. Decidi driblar a visão de todos os modos e métodos possíveis, mas isso só machucava e condoía os sentimentos dela. Tive mais de dezesseis visões com alertas de toda sorte possível, com cenas chocantes, que pareciam pesadelos, e sempre driblei o local, a data, até a ocasião para poder revê-la. Até que ela mesma se cansou e desistiu de acreditar. Ela está certa, conta com meu apoio e compreensão, pois ela sim mostrou estar disposta ao que desse e viesse, mas eu posso estar sendo hipócrita por dar tanta atenção à visão, só que não sou, e sei que as visões são reais, e por incrível que pareça, ironicamente só não tive a visão com a Leriane, justamente quem... enfim... me foi infiel. E à Evelyn eu dedico essa reflexão, um resgate de considerações e valores que faço para que meu coração possa ficar em paz com todas essas extraordinárias mulheres, que de alguma forma me ensinaram a ser o que sou hoje, modelaram meu coração e tatuaram em minha alma registros de que a vida é muito cara para os desavisados, ainda que seja rara porque amar não é para os covardes. Eu chego a pensar que estou convícto de que gastei todas as minhas fichas e créditos no amor, mas o futuro só a Deus pertence, muito embora eu venha me preparando para terminar sozinho, sem ninguém. Eu sou muito grato a essas maravilhosas mulheres e desejo que Deus aboençoe cada uma delas, em especial aquelas que me fizeram padecer o mais amargo dos sentimentos da perda, que elas nunca sintam o sabor desse fel, mas só a doçura do mel.

A culpa é de quem?

08.08.15, RodrihMC

Uma das coisas que mais tenho visto - e até já aconteceu comigo - se trata dessa pergunta que gira em torno do comportamento das pessoas, em geral, de uma parte do casal. Se trata da liberdade de uma parte dar às outras de aproximação, elogios, bajulações, propostas e muitas vezes indecorosas. Quando uma garota dá atenção para um cara numa balada, por exemplo, e chega a ficar com o jovem mancebo, a culpa nisso é de quem e por que? É da garota, exclusiva e unicamente. Sim. O cara apenas fez o papel dele, porque ele está numa postura de caçador, numa boate e sozinho. Então ela chega na boate com o olhar aceso olhando para todos os caras, ainda que ela seja namorada ou noiva, quiçá esposa, mas o seu companheiro, por algum motivo maior, esteve impossibilitado de estar com ela. Então ela dá mole, mesmo sabendo que é comprometida e que o seu companheiro confia nela. O papel do cara não é fazer um levantamento da vida da garota, mas simplesmente de conquistá-la, se aproximar, ficar com ela e se der sorte, ter sexo. É atitude natural de todo homem, ser masculino, hétero. Da mesma maneira se a moça disponibiliza de fotos sensuais ou em que ela mostre-se demais nos perfis do facebook. Não dá outra. Vão elogiar, derramar cantadas, propostas, indiretas. E a culpa é de quem, senão só dela? As pessoas estão perdendo a noção do que pode e o que não pode numa relação social, e inclui-se a relação amorosa, afetiva nisso também. "Você pode tudo, mas nem tudo lhe convém", diz o ditado, o que é uma grande verdade essa consideração de Santo Agostinho. Não está dizendo que você pode tudo, mas não pode nada. E sim que você pode tudo, mas que seja uma pessoa sensata e tenha bom senso. Quando a parte que se expõe denigre a imagem e a moral da parte que está com ela, o mínimo que precisa acontecer para que esse evento não ocorra novamente é que ambos tenham uma conversa franca e tomem novas atitudes a partir de então. No entanto, se após essa conversa sincera a parte imprudente voltar a agir na inexatidão de seus atos ou der demonstrações de que não merece mais o crédito de confiança, o melhor a ser feito é encerrar a relação e se afastar, porque quando a pessoa é alguém do bem, será também quando não estiver só. Porém, se a pessoa é alguém do mal, nada dará segurança a parte que segue em retidão, porque não vale a pena se envolver com a vileza da parte errante. Ainda que seja sofrível se afastar desse tipo de gente, a melhor coisa e a mais sensata é romper a relação e permitir que a parte errônea seja alguém que cometa seus crimes sociais sozinha e evite expor a quem não merece e nem precisa disso. Uma relação para dar certo tem que ter consideração acima do respeito. Respeito acima dos desejos, este acima do amor. O amor acima do perdão. Nessa ordem e desse jeito.

Transformações do Sofrimento Psíquico, com Christian Dunker

02.08.15, RodrihMC

O psiquiatra Christian Dunker fala sobre as transformações do sofrimento psíquico, traçando um panorama histórico dos últimos 100 anos. Ao longo dos tempos ele foi reconhecido e tratado de diferentes maneiras. À medida que o mundo se transforma, novos olhares são lançados sobre este tipo de sofrimento. A cada época o seu sofrer. Dunker ainda nos traz a noção de que o sofrimento psíquico está relacionado também ao nosso modo de expressão, a maneira como conseguimos ou não falar sobre ele.

Super recomendo a todas as pessoas, pois desmistificamos algumas coisas que acreditamos ter e não temos, como também nos faz perceber coisas que o outro tem e que acreditávamos não ter. Vale muito para mulheres que se relacionam com misóginos, filhos com pais agressivos, pais com filhos inexpressivos dentre outros sofrimentos psíquicos.