Caro Rodrigo, antes de tudo peço que poste esta carta, porque em comentários ela não coube. conheci seu blog em 2009 ainda qdo você vomitava mágoas e tristezas de uma relação de casamento sofrida. Era tanta dor e tanto rancor que me sentia mal de tentar compreender seu psicológico. Enviei algumas mensagens mas você nunca respondeu.Em 2011 vi você fazendo outro blog para uma namorada do Paraná. Pensei que dessa vez você acharia sua razão de viver de novo e pararia com tanta sombra na internet. Mas foi rápido que vi as trevas tomarem sua vida com um poder muito maior. Em 2013 pensei que você tinha ficado maluco e alguns textos seus não falavam coisa com coisa, mas quando eu entrava novamente para reler, você já havia excluído. Deduzi que você relia e relê seus próprios textos, e às vezes exclui percebendo que falou demais. Teve momentos que pensei que você iria desistir. Orei por você, porque acreditei que dessa vez sua alma pereceria na escuridão. Ontem e hoje voltei no seu blog nem sei porque pra falar a verdade, mas minha cabeça ficava martelando sobre como você pensava hoje. Achei que você já tivesse desistido do blog ou tivesse se matado. Eu nunca vi uma pessoa mais triste nessa vida do que você. A sua tristeza é tão imensa que faz você escrever reflexões muito profundas. Algumas vezes você falou categoricamente que não acreditava no amor e que o amor não existe. Sei o que passou com você e li toda a íntegra da trama covarde e absurda que sua ex mulher fez contra você e sua família no seu casamento, mas não isento você da responsabilidade também. Nem durou 24 horas e você deletou o texto e nunca mais vi. Não sei se teria a sua força naquele momento de exposição e humilhação, mas você teve porque Deus te deu a força para suportar tudo aquilo. Depois disse num texto sobre não amar. Pensei que realmente você havia se tornado a Fera e que em seu coração não caberia mais nenhum sentimento bom. Procurei seu perfil no Facebook e solicitei sua amizade, mas você nunca aceitou, mas fiquei amigo de 6 amigas suas e pude acompanhar seus pensamentos. Sou escritor e dramaturgo cristão, e você me inspirou escrever dois livros, mas só um é laico. Admiro sua inteligência e sua capacidade de abstrair o sofrimento sem atingir as pessoas. Percebi nos seus textos que você filtrou toda a raiva e tanta dor fazendo fluir compaixão e altruísmo generoso. Seus textos são para ajudar as pessoas, abrem os olhos de muita gente cega de entendimento em muitas coisas, principalmente no relacionamento e mais ainda mulheres. Mas continuo percebendo solidão e angústia em suas reflexões. Você tem uma característica que todo bom escritou possui, que é uma identidade própria, um estilo pessoal e um parágrafo diz mais do que se lê, basta prestar atenção no título que você cria. Oro para que Deus te dê uma nova oportunidade e ver que você também pode ser feliz com alguém, mesmo que não acredite em Seu poder de renovação. Você precisa perdoar e esquecer o mal que essas mulheres fizeram pra você. Acredite: há outras pessoas que sofrem a mesma coisa ou até pior, mas elas acreditam e se permitem tentar de novo. Peço que me desculpe dizer tanta coisa aqui para você, mas preciso que leia e me responda assim que ler. Me responda qual a diferença entre a paixão e o amor? Obrigado. A.D.C.G
Respondendo A.D.C.G: 05/10/2016 01:001h
Caro A.D.G.C, obrigado por participar e agradeço também pela paciência. Vou tentar respondê-lo, muito embora tenha falado sobre isso em algum post aqui no blog e, por mais que eu tenha tentado encontrar, achei melhor fazer nova argumentação, enfim... Vejo muitas pessoas dizendo "eu te amo", "eu amo o Fulano", "eu amo a fulana", "o meu amor por ti é grande" e todas as coisas que são ditas ou referenciadas estão focadas no amor, até mesmo no sexo como o tal "fazer amor". Eu não concordo e acredito que posso provar que o amor não é para ser sentido em algumas fases das relações. Há que se diga que o amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente. Mas isso não justifica o sentimento numa relação em que o amor não cabe. Não cabe porque é grande demais. É muita Inocência profanar o amor no seu significado real, porque o amor ele é muito mais forte do que o próprio sentimento no começo de relação com alguém. Uma certa vez um escritor chamado Roberto Shinyashiki afirmou que amar não é para os covardes. Eu diria que amar na verdade é para os insistentes, os ousados e para quem é simples. A bandeira que eu ergo em defesa do que estou dizendo é que a paixão é mais importante do que o amor, porque ela é como a lagarta e o amor é a borboleta, então não tem como chegar ao amor sem antes passar pela paixão. Com esse pensamento o amor não existirá se não tiver nascido, sido gerado, gestado e parido da paixão, e eu posso provar isso. Quando dizemos que Cristo foi crucificado, nós falamos numa referência muito importante da qual chamamos de "A Paixão de Cristo". E o que isso tem a ver com o que estou falando? É simples, Cristo, antes de morrer pregado na cruz por amor à humanidade teve que antes sofrer por paixão. A Paixão de Cristo foi o fogo que queimou seu coração e todo o seu corpo. Foi a paixão pelas pessoas, pela vida, pelas lembranças, pelos amigos, pela família. Cristo ardeu em paixão antes de morrer por amor. E como isso não bastasse Cristo Ressuscitou no amor. Veja o quanto o amor depende da paixão. Se naquele tempo o soldado Romano desse um tiro em Cristo, aliás um tiro não, porque nem existia revólver naquela época, mas digamos que chega um soldado romano e desfere um golpe de espada nas costas de Cristo, Jesus cai morto no chão sem saber o que aconteceu, não teria nem visto o golpe, cairia morto sem passar pela Paixão e sem sentir o Amor que o faria entregar sua Vida em expiação dos pecados da humanidade. Mas o plano de Deus não era este. Ele queria que o seu Filho sentisse o maior patrimônio humano que existe, o sentimento mais ardente e sofrido, o mais compensador: a Paixão e depois o Amor. Todos nós não temos como sentir amor sem antes sentirmos paixão. A paixão é o calor que arde sem se ver, a paixão é ferida que dói e não se sente, é a paixão um contentamento descontente. É dor que desatina sem doer. Até este ponto no poema de Luís Vaz de Camões ele está se referindo à paixão no meu modo de refletir. Nos versos seguintes, ele realmente está falando do amor. A paixão é toda ardência, é o tesão e a sensualidade. A paixão é a sexualidade, é o gozo. Vem da paixão o querer estar perto, o querer estar junto, a paixão excita, estimula a produção de feromônios, é a paixão que atrai, é a paixão que faz sonhar, a fantasia depende da paixão pra acontecer, os olhares que se cruzam e o sangue que esquenta é a paixão que faz isso, e não o amor. A paixão é moleca, ela pinta o sete, é provocante, é sensual. A paixão teima com o impossível e o torna possível ou consegue viver em meio à crise. É ilusão dizer que ama quando na verdade está apaixonado, vivendo a energia sensorial da paixão. É um grande erro falar que ama alguém, quando na verdade o que está sentindo é um ardor, uma queimação que só pode ter vindo da paixão. Então, Camões começa a falar do amor, quando ele disse que o amor é um não querer mais que bem querer, é um andar solitário entre a gente, é nunca contentar-se de contente, é um cuidar que ganha em se perder, o amor é querer estar preso por vontade, é servir a quem vence o vencedor, e ter com quem nos mata, lealdade. Veja só, enquanto você sente a paixão, sua inteligência e sua consciência ainda está sã. Basta que você ame e seu psicológico pira, perde a noção de tempo e espaço, passa a viver um sentimento paralelo, alheio ao que é real. Aqui sim, nós estamos falando do amor porque o amor ele entende quão poderoso é. Ele é maior do que qualquer sentimento, ele é desapegado. A paixão é jovem, já o amor é um dinossauro antigo, é calmo, suporta conflitos, ainda que pareça louco, o amor é sábio. Na Bíblia, em Corintios 1, capítulo 13, versículos de 1 a 13 diz bem o significado do amor: o amor é paciente como eu já disse é benigno, o amor não arde em ciúmes. Veja só que interessante, o amor não arde em ciúmes ou seja o ardor é da paixão e esse ardor em ciúmes vem da paixão, e não do amor. Então, continuando em Coríntios, diz que o amor não se ensoberbece, não procura os seus interesses, não se ressente do mal, não se alegra com a injustiça, o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, o amor jamais acaba e ainda finaliza assim: agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, entre os três, porém, o maior destes é o amor. Dá pra perceber que o amor não é algo para um humano mortal sentir, né?! Um casal que se relaciona nos primeiros anos não sente amor, mas sente paixão. Este casal só vai sentir realmente o que é o amor, quando o homem e a mulher estiverem com a idade mais do que madura, na idade avançada quando a doença não for impedimento do cansaço do outro, quando o sexo já não fizer mais falta, a sensualidade se reflete na autoestima, mas a companhia pela qual não se consegue deixar de ter, estar perto o tempo todo, é em sua grandeza o sentimento de amor. Há mulheres que me procuram para dizer o quanto suas vidas amorosas, principalmente conjugais, estão vazias, que elas não sentem o amor e com isso vivem frustradas. Oras bolas! E não vão sentir mesmo! Nunca! Porque elas querem a cereja do bolo logo de cara. Não é bagunçado assim não! Têm que despertar ou voltar a despertar a paixão na relação. Daí a mulher fica lá parecendo uma alma penada no casamento, e quer que o marido fique animado com aquilo. Sinto muito, mas se a mulher é quem domina a sedução com a sensualidade, é dela o papel de riscar o fósforo na relação, porque o homem - todos eles - têm projeções autistas por natureza, dependem da iniciativa da parceira para voltarem à vida. Não tem outro jeito. Ainda bem! Já imaginou homem pajeando e seduzindo a mulher, que viadagem não seria?! Mulher gosta de homem que é homem. Homem que responda aos estímulos, até porque a mulher adora saber que é interessante, que desperta desejos e é bonita. Então essas mulheres que me procuram para resmungar sobre a "falta de amor" que sentem na relação, eu dou um toque a respeito da paixão, às vezes insisto, explico, só me falta desenhar pra ver se desperta nela o entendimento de que precisa, antes, usar todo o poder da paixão, mas tem umas que desisto. Passam anos e continua amargurada, amarga e largadas (gordas, feias, desarrumadas, sem postura etc), daí a única coisa que elas mudam é o corte de cabelo (sempre para um que ninguém merece) e ficam nessa vida à espera de um milagre. É lamentável, mas inteligência e vontade de fazer andam de mãos dadas, sempre. O amor pode vir também mais cedo, quando, por exemplo, uma das pessoas do casal tem uma limitação muito séria, como uma deficiência vinda de uma má formação orgânica, física ou sequelas de um acidente, e a pessoa que está saudável, produtiva opta em se anular ou se limitar em muitas coisas para ficar e cuidar da pessoa amada. Neste caso o amor nasce mais rápido, prematuro, não que a paixão não tenha existido, existiu, mas o amor se transformou rapidamente em função da escolha feita; e não estamos falando de humildade, não estamos falando de amor, não confundamos o ato generoso de uma pessoa pelos animais, aí não é o amor e sim a compaixão porque o amor foi feito para ser sentido entre humanos. Animais não sentem amor. Os animais têm instintos e desenvolvem a compaixão. Porque o amor vai além, o amor é muito mais, e só humano pode sentir e promover nada mais além de outro ser humano, consegue entender o amor? Por amor, é quando uma pessoa for capaz de morrer para que outro possa viver. Alguém dirá o cachorro da vizinha enfrentou a cobra, uma onça, o ladrão e morreu pra salvá-la. Morreu por amor. Eu digo que não, ele agiu por instinto e compaixão por sua dona ou pela criança, enfim... mas não foi por amor, porque o amor não é pra ser sentido por qualquer outra criatura, que não seja a criatura humana, o amor é a energia da Criação Divina que nasce sozinho de si mesmo, ele sempre virá depois da paixão - e animais não se apaixonam, mas eles sentem compaixão. Então essa é a minha opinião sobre a diferença do amor com a paixão, na compreensão de que primeiro numa relação se vive a paixão, e a metamorfose dessa paixão resulta no amor. Eu arriscaria dizer que a paixão vive na relação de um casal durante 30 anos e o amor nasce depois disso, com o mesmo casal, ou nem nasce pra ser mais sincero. É quando os casais se separam. Por isso se apaixone nutrindo as relações de vocês com muita paixão, torne a relação picante, lasciva, sexy, sensual, quente e deliciosa, porque quanto mais paixão existir entre duas pessoas, mais o amor será blindado e será o resultado mas certo. Rodrigo Caldeira