Ninguém reinventa ninguém, aprendi.
Durante 12 anos acreditei que pessoas pudessem ser reinventadas. Parei minha vida para que a vida de outras pessoas pudessem ir para a frente. Deixei de ganhar para ver pessoas ganharem no meu lugar, viverem coisas que nunca vivi, sentirem e ter experiências que nunca tive. Desde quando casei, todas as diversões, shows, festas, eu cedia meu lugar para que esse prazer fosse usufruído por outra pessoa. À esposa; sua irmã, à amiga; outra amiga ou alguém próximo. Me privei de prazeres, de alegrias, de experiências novas, de amizades novas e, principalmente, de conhecer alguém que pudesse me completar e me preencher a vida, tudo para não deixar coisas e pessoas sem ter o gosto da experiência. Me privei de conhecer novos sabores, novos ambientes, novas pessoas, novos lugares, novas cidades, novos investimentos, novos confortos, tudo para nada. Absolutamente nada. Poderia estar muito emputecido com isso tudo, mas vou pegar essa experiência muito ruim e transformá-la em algo maior ainda, grandioso, poderoso, incrível e edificante. Ninguém muda ninguém, não há teoria, não há conceito, mentor, mestre Yogi, não há religião, doutrina, horóscopo, pedras místicas, chás alucinógenos, entidades espirituais, nada, nada faz alguém mudar para melhor, senão ela mesma, por ela mesma. O que vi foram pessoas fingindo mudar para ter coisas, bônus, um lugar ao sol, ou na sombra, confortos, adulações ou companhias, só para manter a farsa de que estariam realmente mudando para melhor, aprendendo a ser alguém novo. Mudaram seus hábitos alimentares, romperam seus vícios, suavizaram suas feições, disfarçaram suas índoles, tudo para manter uma aparência aceitável e conseguirem aprovações. Mas ninguém muda ninguém, reinvenção não existe, é tudo ilusão. Muda para melhor quem quer mudar para melhor, quem realmente tem uma índole de boa gente, quem tem valores e dignidade na alma. Muda quem quer mudar, sem vícios, sem cara fechada, sem frescuras, sem mimimi. Muda quem sabe dar valor aos menores atos de quem estende a mão, de quem se priva para ceder espaço em sua vida, de quem se manifesta com atitudes simples e acolhedoras. O resto é balela, é conversa fiada, nada existe, nada é real, tudo ilusão, e o ilusionista é quem a gente pensa que está reinventando. Há sim recursos conceituais, há sim vínculos que acontecem por meios materiais, sim, a energia acontece, a energia realmente faz acontecer, mas não vale a pena usá-la em coisas e pessoas, cuja mentalidade é limitada e desprovida de gratidão. Há sim, leituras que dizem para onde deve-se seguir o caminho, há sim leituras que mostam a verdade da pessoa. Mas qual verdade mostra de fato? Há sim, cores que se manifestam e mostram a natureza ou a essência de alguém, mas cores mudam o tempo todo. Nossa, sinto tanta raiva de mim, por perder tanto tempo com gente medíocre, com coisas que não me renderam nada, só me geraram despesas! Ninguém muda ninguém, só cada um de nós é que nos mudamos se quisermos. Ninguém reinventa ninguém. Eu abro mão de doze anos de conhecimento, de conceitos, de experiências, de anotações, de validações, erros e acertos. Não quero mais isso pra mim, não quero mais me preocupar de ajudar pessoas que não merecem meu esforço, não vou mais me sacrificar por pessoas rasas. Não é mais da minha conta. Vou viver minha vida, cuidar de minha saúde, encontrar alguém que valha a pena viver minhas alegrias, e esquecer todas as pessoas que só me ancararam no mesmo lugar. Há males que vêm pra bem, e o último mal que eu sofro é também a última chance que alguém poderia ter com minha energia, minha fé e minha dedicação. Cada um que responda por si e se agarre na sorte de suas escolhas. Agora estou livre para amar, livre para sorrir, livre para viver minha liberdade, livre para ser eu mesmo sem precisar dormir em sofá, enquanto se dormem na cama confortável. Livre para viver minhas experiências, sem precisar me limitar para permitir a outras pessoas por experiências merecidas pra mim. Vou viver e todas as pessoas do meu passado serão sepultadas uma a uma no cemitério do esquecimento. A pior coisa que se faz com um homem é desprezar sua experiência de vida, seus valores e seu esforço em promover o melhor conforto, o melhor ensinamento e o melhor sentimento nas coisas feitas por ele. Aprendi pagando em 12 anos algo que me custará muito caro, mas nos anos adiante não terei mais esses obstáculos empacando minha vida. Minha carta de alforria chegou, agora sou eu por mim mesmo, quero o melhor que o universo pode me dar, quero o melhor em tudo, e pessoas rasas quero distância. Está dito.