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http://blogdorodrigocaldeira.blogs.sapo.pt

Desde 2008 - 716.000 visualizações em todo o mundo. Diário pessoal aberto, onde se pode ler experiências pessoais de vida, de relacionamentos, vislumbrar reflexões psicológicas, sociais e até pessoais.

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Índole versus mal caráter

20.02.22, RodrihMC

Quem é mau-caráter, sempre vai achar... O Gato e o Galo - Pensador

A índole de uma pessoa não se mede pelos seus atos, nem por sua resistência, porque ambos podem estar escondendo soberba e mal caratismo. E foi o que vivenciei. Conheci uma pessoa, cujo mal caráter era sua natureza, mas seu disfarce foi uma índole de honestidade e certo companheirismo. Durante três anos conheci alguém que me pedia para fazer um trabalho de faculdade, talvez para sua conclusão de curso, um trabalho de grupo, em que sua natureza trapaceira precisava pagar para que alguém fizesse seus deveres acadêmicos. De tão mal acostumada em sempre trapacear na vida, essa pessoa estava decidida em me pagar para fazer seu trabalho sujo. Foi assim que essa história começou. Conversamos muito a respeito, até comecei a desenvolver um esboço de seu dever acadêmico e conversar com ela para que estudasse um pouco, se esforçasse para desempenhar um papel gratificante, conquistar uma boa nota e sentir orgulho disso. Poucos dias depois, o trabalho - que era de grupo, foi concluído por seus colegas, em que essa pessoa em nada tinha participado, mas recebeu a pontuação e concluiu seu curso de tecnólogo, após muito além dos dois anos exigidos para a formação. Depois disso fomos conversando e, talvez ela tenha gostado de minha fé, uma crença nela, de que ela poderia extrair o melhor em si, como ninguém antes havia acreditado. O tempo foi passando e volta e meia ela me procurava para se aconselhar ou mesmo me cativar, e assim as semanas viraram meses e a amizade se estreitava. Suas histórias de infância no meio do mato, seu pai caçador de onças e animais silvestres, sua mãe que areava as panelas de alumínio com areia fina e sabão caseiro, tudo me conquistava nos detalhes que me enchiam a imaginação de uma vida diferente, quase uma grande fantasia. Fui conhecendo essa pessoa em seus detalhes de infância, e admirando suas batalhas e vivências modestas, que, de tão simples me enchia o coração de admiração e respeito por ela estar findando uma faculdade, ainda que da maneira como falei no início. Suas atitudes iam contra os meus princípios, e eu a aconselhava com o que eu tinha de melhor em minha vã sabedoria. Ela se alimentava de meu conhecimento e meus ensinamentos, e aos poucos se permitia corrigir aqui e acolá, procurando ser uma pessoa um pouco melhor, ou pelo menos, mais tentando do que realizando. Suas ações diárias não eram as melhores para uma pessoa com uma história tão bela de infância e adolescência, mas nada eu podia fazer senão ter paciência e aguardá-la pedir meus aconselhamentos, que fazia de bom grado, para tentar por em sua mente consciente um pouco de compreensão dos valores e princípios que eu acreditava serem primordiais. O tempo foi passando, a amizade se estreitando, se tornando íntima, a ponto dela sentir necessidade de falar comigo constantemente e aprender sobre boas maneiras e amor próprio, ainda que eu não fosse exatamente o melhor exemplo para tanto. Há um bom tempo sem seu pai, a quem ela admirava e sentia muita saudade, sua mãe vem a falecer, apesar que isso não a abalou em quase nada, pois não tinha um laço amoroso como filha. E foi aí que começamos uma amizade mais estreita, em que passei a ajudá-la não só com minhas lições sobre a fé, a honra, a dignidade e o amor-próprio, mas também a ensinava sobre a esperança e o melhor ombro amigo, que ela jamais sonhava em ter em toda sua vida. Ensinei sobre mecânica quântica, o poder do pensamento, da energia e suas vertentes. Do conhecimento do psique humano, astronomia, consciência, subconsciência, observação sobre a vida, desdobramentos e da força do amor pelo próximo. E ela passou a absorver cada ensinamento bom, passando a ter hábitos saudáveis, abandonando vícios como alcoolismo, vida noturna, pensamentos e assuntos rasos. Estimulei seu pensar e seu racional objetivo, sua inteligência emocional, sua leitura e o aprofundamento na cultura. Conhecendo suas fragilidades e erros do passado, que não foram poucos, abracei suas dores e suas faltas, me comprometendo em ajudá-la, inclusive financeiramente, ainda que me impactasse prejuízos irreversíveis - uma repetição de padrão, que luto a anos para vencer e me libertar desse altruísmo autodestrutivo em mim. Mudei meus hábitos em prol dessa pessoa, a quem passei a proteger e ensinar diariamente boas ações consigo mesma e com as pessoas à sua volta. Em tudo que pude fazer percebia o interesse de melhorar sempre, a mudança de atitudes e comportamentos realmente cativantes, que me davam a certeza de que havia feito a escolha certa em ajudar à essa pessoa, ainda que me custasse certo preço financeiro e de vida. Encantado com seus novos hábitos, principalmente vindos de meus ensinamentos e aconselhamentos, não percebi sutilezas de seu comportamento duvidoso, bem perceptíveis, mas imperceptíveis aos olhos encantados como mentor ou autor de uma obra de arte tão bela. A vi sempre envolvida com pessoas de alto poder aquisitivo, mesmo sendo uma pobre pessoa na casta social, determinada em se manter nesse meio a ponto de torrar seus tostões suados em viagem de alto padrão acompanhando pessoas afortunadas, apenas para estar entre elas. Isso não me dei conta, percebia com estranhamento, mas não me manifestava por não ter me dado conta de que essas atitudes diziam um pouco de sua verdadeira natureza. Com dívidas altas aqui e acolá, envolvendo ex-namorados e amigos, amigas, ostentando objetos pessoais caros, não percebi em nenhum momento o que o Universo estava me apontando o tempo inteiro para o risco de me envolver com alguém nocivo a meus princípios básicos. E assim seguimos a vida, um completando o vazio do outro, sendo-nos companheiros quase inseparáveis em trilhas em parques ambientais, passeios de bicicleta, sorveterias, lanches, cafés etc. Uma relação que se estreitava cada vez mais, com novos hábitos adquiridos dia após dia. Se tornou uma pessoa linda de dentro pra fora e vice-versa, sem vícios, sem costumes rasos, pessoa que buscava ser cada vez mais culta, preenchida da fé e do amor-próprio. Conversávamos diariamente sobre os valores da vida, falávamos dos sonhos, e mesmo que os seus fossem sempre com sua mãe ignorada em vida, e contido de muita violência, assassinatos, sangue e fugas sem fim, ela se mantinha leal aos propósitos de se tornar uma pessoa cada vez melhor e mais plena. Seu sonho partiu de meu projeto, ou se intensificou nele, de ir estudar a língua inglesa e morar na Austrália, lugar que não fui, depois de pesar na balança de meus valores pessoais, se valeria à pena fazer isso enquanto meus pais envelheciam mais rapidamente, e poderiam precisar mais de mim. Sem muito conseguir levantar o montante para realizar esse projeto, surgiu uma oportunidade de ir à Europa, em que muito estimulei para que pudesse tentar nova vida com trabalho e estudos, recebendo seu salário em euros e assim conseguir juntar o valor para seus estudos e morada na Austrália mais rapidamente. E assim foi feito. Chegando lá passou a ajudar no ponto comercial de sua ente familiar, não parental, e me pontuava quase que diariamente suas ações seguindo uma vida reta, honesta, sempre projetando-se para conseguir regularizar-se no país e buscar trabalho, como toda gente honesta, inclusive ela, estava disposta a fazer. Dois meses e meio e tudo mudou terrivelmente. É incrível como o ser humano é capaz de esconder seu verdadeiro caráter por longo período. É estarrecedor pensar que o ser humano tem o poder de ludibriar pessoas, principalmente aquela que a estende a mão para transformar sua vida, ensinar valores, bons hábitos para uma vida reta e correta, com dignidade, honradez, fé e humildade. Em dois meses e meio essa pessoa trocou todos os valores aprendidos, todos os anos de mãos-estendidas por cocaína, bebida alcóolica em demasia, prostituição e influência da pior espécie, a ponto de vender-se completamente a um narcotraficante internacional a troco de luxo e poder.  De BMW zero quilômetro e apartamento novo para morar, à uma vida desregrada em drogas, baladas e uma gravidez culminando em casamento, tudo para regularizar sua vida estrangeira e saltar do patamar de uma vida humilde para a de uma madame da alta casta européia. Com esse susto arrasador comecei a ter insights de várias passagens enquanto estávamos juntos numa amizade parceira e extremamente única, de comentários maldosos e perversos em tons de brincadeiras, mas que depois dessa escolha amaldiçoada pude acreditar que estava falando a verdade. Mais do que isso, ser apaixonada pela vida de Sheila e Ráfaga, em Carícias do Vento (de Janet Dailey), se tornou realidade de tanto que emanava o desejo de ser a personagem com seu bandido envolvente. Aos poucos as verdades foram aparecendo nas palavras de pessoas simples que a conheciam, que faziam referência à sua natureza interesseira desde a adolescência, em sua terra natal, numa cidade perdida no mapa do país. Dentre meu luto e dor, não por perdê-la para uma terra distante, não mesmo, mas por ela se perder para sempre com gente sem escrúpulos e maus costumes, de conduta criminosa e perigosa, em que ela disse certa vez, num último momento de nosso diálogo em chamada de vídeo, que "estava fazendo uma experiência" se casando com o tal sujeito, a troco de favores e luxúria. Ali, naquela ligação, não a reconheci, desliguei arrasado com sua escolha infeliz, gananciosa e presunçosa, em que ela não enxergava o risco que estaria e estará correndo nesse meio de vida fácil, porém curta e sem dignidade. Sofri por semanas a tristeza de pensar em sua segurança pessoal, sua honra e dignidade, mas com o tempo, mesmo depois de falar-lhe por dezessete minutos palavras pesadas de apontamentos bastante decepcionado, ter a surpresa de sua desfaçatez em tentar se aproximar novamente de mim, carinhosa e compreensiva, a disfarçar sua intensão de me usar para suas manobras financeiras e imobiliárias, numa disputa por poder sobre seus irmãos, a fim de sobrepujar-se aos seus entes, em que eu seria seu despachante pessoal. Seguindo conselhos de amigos reais aqui do Brasil, estes policiais federais, civis e militares, como amigos na Europa, da Interpol, me afastei, apaguei os rastros de minha existência em fotos e vídeos, bloqueei de todos os meios de contato, porque, querendo ou não, está envolvida com gente do crime organizados internacional, com quem não quero ter contato, nem amizade ou inimizade, quero apenas que eu não seja a referência de qualquer relação com seu novo brinquedo. Aprendi que a índole de uma pessoa não se pode criar nem mudar, também aprendi que quem tem mal caráter consegue disfarçar sua natureza rasa por anos, a fim de aguardar o melhor momento de agir contra tudo e contra todos, por ganância e avareza. Dessa pessoa não quero aproximação, nem qualquer tipo de lembrança ou amizade, quero apenas que me esqueça e siga seu destino, seja ele qual for, como for. Continuarei minha vida seguindo meus preceitos, ainda que eu não saboreie a vida fácil e desonesta dessa gente fraca e perdida. A energia da vida não aceita desaforos. A quem é muito dado, muito será cobrado, e que assim seja. 

Você está pronta para namorar?

08.02.22, RodrihMC

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Conversando com uma amiga, que estava me falando de um cara apaixonado por ela, ouvi-a dizer: "Meu amigo, ele se apaixonou por mim, mas eu sei que pode ser fogo de palha. E se eu entrar de cabeça e ele desapaixonar? E se ele não se interessar por mim depois de me conhecer melhor?". Olha, fiquei pensativo por um longo momento, mexendo no guardanapo de papel na mesa em que conversávamos. Ela não estava de todo errada, mas não estava totalmente certa sobre o que dizia. Talvez ela não estivesse apaixonada, mas não por sentimento espontâneo, mas pelo sentimento contido, e respondi: "Veja bem, você está sacrificando o sentimento antes mesmo dele nascer", para o espanto dela, me arregalou os olhos e disse para continuar, numa expressão desafiadora me chamando para um duelo analítico. Seguro continuei: "Qual o objetivo de gostar de alguém? É simplesmente sentir a alegria de ser alguém importante e interessante para a pessoa, sentir a sensação do pertencimento, cultivar a alegria e a excitação com quem mereça ser íntimo de seus segredos. É para isso que se namora, noiva e casa, para fechar a questão do sentimento a quem pertença a si e por si. Ninguém namora, noiva e casa para sofrer de tristeza, raiva ou para brigar. O sentimento tem que ser leve e gratuito, mas tem que ser provocado e estimulado. Ninguém consegue fecundar a paixão no amor, se não provocar isso. Esse pensamento de querer fazer com calma é uma desculpa para se convencer de que se quer algo. Quem quer sabe o que quer, e busca aquilo que quer. Mas quem não quer faz o que você está fazendo". Então ela me interrompeu em voz alta, ficando envergonhada depois, ao perceber que as pessoas nas mesas vizinhas olharam para nós, e disse: "Eu não disse que não quero, porque eu quero, mas essas coisas não me enganam mais, quem me dera se eu pudesse acreditar nesse sentimento dele logo de pronto, mas ele pode mudar de ideia, e aí? Como eu fico depois?". Respondi de maneira cínica, mas convincente: "Se você finge que vai pular na piscina gelada e quem estiver do seu lado acreditar e pular, você terá perdido muitas experiências nisso. Você terá perdido a emoção de estar correndo em direção à água gelada vendo que você não estava sozinha em nenhum momento. Terá perdido a felicidade da confiança de saber que alguém confiou em você e saltou de cara na água gelada. Terá perdido a emoção de chegar pertinho da borda da piscina e saber que dali não teria mais volta, e que a pessoa ao seu lado também estaria contigo nesse mergulho gelado. Terá perdido a filmagem mental de se ver projetando para a água e ter a sorte de escutar a pessoa ao seu lado fazer o Tchbum primeiro, te dando a certeza que realmente estava do seu lado e se jogou junto de você. Terá perdido o choque térmico que essa pessoa também sentiu, e vocês terão compartilhado da mesma emoção e frio. Terá perdido se projetar pra fora da água batendo queixo e ver que a pessoa estaria lá, a poucos metros de você, de lábios roxos, sem arredar dali, te fazendo a mais linda companhia. Terá perdido seu sorriso dado à pessoa, e o sorriso desta para você, ainda que fosse um sorriso tremido de frio. Terá perdido o abraço do encontro de corpos tentando se aquecer sob a água gelada. Terá perdido o beijo pela confiança dessa loucura de vocês dois. Terá...", então ela me cortou, seus olhos marejados, uma lágrima escorreu, ela perguntou se podia me dar um abraço naquele momento, consenti, ela se levantou e me levantei, me abraçou e caiu no choro no meu ombro direito. Ninguém entendeu nada, mas não precisava. Ela saiu do abraço e perguntou enxugando as lágrimas e o nariz: "Meu amigo, o nosso café não chegou, mas não consigo esperar, você pode tomar dois cappuccinos hoje? É que de repente, você me convenceu que quem deveria estar comigo neste café é esse cara apaixonado, por mais que eu te ame meu amigo e sei que você entende o que eu falo! Preciso ir até ele, preciso pular nessa piscina gelada e propor a ele que salte comigo", então só falei: "O que você ainda está fazendo aqui? Liga pra ele, diga que precisa encontrá-lo com urgência, coloque o cinto de segurança, e não corra, porque vai dar tudo certo!", então ela pôs a mão na boca, me projetou um beijinho, disse "te amo" e foi pro carro dela. No fim, tomei dois cappuccinos deliciosos, com um pedaço de cheesecake e contemplei aquele momento como se fosse eu o cara a aguardar alguém na surpresa daquele instante. Paguei e voltei pra casa sem pensar muito no que aconteceu, mas ansioso para trazer aqui essa experiência tão forte!