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http://blogdorodrigocaldeira.blogs.sapo.pt

Desde 2008 - 1.306.000 visualizações em todo o mundo. Diário pessoal aberto, onde se pode ler experiências pessoais de vida, de relacionamentos, vislumbrar reflexões psicológicas, sociais e até pessoais.

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Parece infarto, mas é esôfago!

06.02.25, Rodrigo Caldeira

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Existe uma dor que surge do nada, uma dor tão intensa que faz você pensar que está tendo um infarto. Ela se manifesta exatamente atrás do coração, entre os pulmões, e se você desconhece a esofagite, entrará em desespero absoluto. O medo da morte se instalará em sua mente, e o pânico tomará conta do seu corpo. Sua boca começará a salivar como nunca, soluços virão a cada cinco segundos, e você perderá todas as forças, prostrando-se no chão, encostado na parede, esperando o coração parar de vez.

Se conseguir chegar a um hospital, será porque alguém o levou. Você não terá forças para sair sozinho, muito menos para dirigir, andar de bicicleta ou moto. Até vestir uma roupa se tornará uma tarefa impossível. As dores, que parecem de um infarto, serão tão intensas que nos primeiros dez minutos de sofrimento você já terá se entregado. A salivação será incessante, os soluços intermináveis, e sua fraqueza absoluta. Sua mente não encontrará razão para lutar contra isso, apenas se entregará e assistirá sua própria morte lentamente, enquanto ondas de dor indescritível o farão estremecer.

Essas dores vêm em ondas, como o mar. No início, são apenas pequenas pontadas no coração, mas em três segundos transformam-se em algo devastador: uma sensação de que uma espada de 80 centímetros atravessa seu peito, cortando coração e pulmões e saindo pelas costas. Nesse momento, você desejará nunca ter nascido. Seu cérebro não conseguirá reagir, sua inteligência emocional não existirá, e qualquer traço de fé ou coragem será apagado.

O ápice da dor chega, deixando você em desespero absoluto. Seu corpo tremerá incontrolavelmente: coluna, pescoço, braços, tudo fora de controle. Lágrimas escorrerão copiosamente de seus olhos, mas você não conseguirá chorar, pois faltará ar. A cabeça parecerá prestes a explodir, os olhos darão a sensação de que vão saltar do rosto, e enquanto tudo isso acontece, a saliva continuará jorrando, e os soluços esmagarão seu peito. Depois dos primeiros dez minutos, a esperança de sair vivo desaparecerá. Suas pernas não conseguirão sustentá-lo, seus braços não terão forças sequer para segurar um lenço.

Será como um naufrágio, onde todos os ocupantes do seu corpo o abandonam. Apenas o coração e os pulmões permanecem lutando. As ondas continuarão vindo, primeiro a cada 45 segundos, depois a cada três minutos, mas cada vez mais intensas. Você não acreditará que a dor possa piorar, mas ela piorará. A dignidade será perdida: suas forças desfalecerão, e sua bexiga se esvaziará ali mesmo, sem que você consiga reagir. Se tiver sorte, desmaiará, adormecerá quase morto por horas, até despertar confuso, sujo e perplexo por ainda estar vivo.

A mente demorará a processar o que aconteceu. O sentimento de solidão será esmagador. Mas você sobreviveu. E sobreviverá sempre que isso acontecer. Isso não é um castigo divino. Seu coração não falhou com você, pelo contrário, foi seu maior aliado. Mas tudo isso poderia ter sido evitado. Seu esôfago teve um espasmo, e a culpa foi sua.

O estresse acumulado, o hábito de comer alimentos pastosos ou de digestão lenta antes de dormir, como chocolate, queijo derretido, maçã, batata-frita, banana e ovos cozidos, foram os gatilhos para essa crise. Se você dormir com o estômago cheio desses alimentos, o esôfago entrará em colapso tentando expulsá-los, e a pior noite da sua vida começará.

Mas há uma solução. Quando os espasmos começarem, você deve comer. Sim, coma qualquer coisa: frutas, arroz, feijão, carne. Beba água ou suco. Forçe o esôfago a trabalhar e esquecer os fragmentos que o irritaram. Mastigue, engula, e aos poucos as dores cessarão.

Quando estiver em paz, não se deite imediatamente. Se for de madrugada, vá trabalhar, estudar, seguir com sua vida. E, acima de tudo, previna-se. Evite alimentos problemáticos à noite.

Essa é uma experiência pessoal, fruto de anos de observação. Desde meu primeiro ataque em 2000, levei anos para entender como combater os espasmos esofágicos. No início, a única solução era Rivotril para apagar. Mas a verdadeira solução estava na prevenção e na alimentação correta. Agora, sabendo o que fazer, você pode controlar essa condição. Pegue a visão!

 

Escravos modernos

01.02.25, Rodrigo Caldeira

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Ouça este post!

Voltando para meu apartamento em Águas Claras, Distrito Federal, em uma manhã de sábado, notei algo curioso: as calçadas estavam cheias de pessoas, homens e mulheres, adultos e jovens, cada um segurando uma cordinha que terminava em um cachorro preso por uma coleira. Contei dezesseis ao todo no caminho até em casa. Enquanto dirigia pela avenida, uma reflexão tomou conta de mim: desde os primórdios da humanidade, o ser humano sente a necessidade de possuir escravos. E quais são as características mais desejadas em um escravo, senão sua lealdade e seu silêncio?

A história está repleta de exemplos. Os egípcios escravizavam prisioneiros de guerra. Os gregos submetiam persas, trácios e citas. O Império Romano escravizava povos conquistados, dos gregos aos celtas. Os persas, os chineses, os maias, os incas… a lista é interminável. Séculos depois, a escravidão assumiu formas ainda mais cruéis: milhões de africanos foram arrancados de suas terras e transportados para as Américas. O mundo islâmico, os impérios orientais e os colonizadores europeus moldaram sociedades inteiras sobre o alicerce da servidão.

Com o tempo, os grilhões se tornaram invisíveis, mas a essência da escravidão permaneceu. O desejo de domínio, de posse, de controle sobre um ser vivo continua a pulsar nas veias da humanidade. Os métodos mudaram, mas os princípios seguem os mesmos: correntes, coleiras, focinheiras. E, assim, os escravos modernos surgiram — leais, dóceis e subservientes. Bem-vindos enquanto obedientes, descartáveis quando inconvenientes. Se ameaçam a ordem, são vendidos, doados sob o mascaramento de boas ações ou simplesmente abandonados. Afinal, ninguém quer um escravo rebelde.

Tanto os escravos antigos quanto os escravos modernos, isto é, os pets, foram vermifugados, castrados e postos para servir. Alguns foram selecionados para procriar por pessoas que os amam tanto que vivem "resgatando" e os aprisionando, vermifugando e castrando da mesma maneira. O tempo passa, mas os costumes são os mesmos.

O mais interessante é que essa nova forma de escravidão é vista como amor. As pessoas levam seus escravos particulares para passear, puxando-os por coleiras e correntes. Prendem-nos em postes enquanto fazem compras. Transportam-nos em gaiolas ou em carrinhos adaptados. E a ironia suprema? Muitos trocam filhos por escravos. Chamam-nos de “pets” ou de "filhos". É vantajoso ter um pet: ele não reclama, não exige nada além do essencial, e, se incomodar, pode ser descartado, ainda que, como já falei anteriormente, sob o disfarce da boa ação da doação. Mas há um detalhe que poucos percebem: ele tenta fugir! Se é tão amado, por que foge? Será que se sente amado ou apenas condicionado a obedecer? Um escravo satisfeito não fugiria, certo?

Eu também comprei duas cachorrinhas. A primeira corria pelo apartamento quando filhote, e logo percebi o erro: passava o dia inteiro sozinha, confinada em uma sacada de 2m². Sua alegria ao me ver era alívio ou desespero por companhia? Então, levei-a para a casa da minha mãe, onde havia quintal, pomar e jardim. Mais tarde, adquiri outra para lhe fazer companhia. Ambas vivem livres. Não conhecem coleiras, correntes ou cordinhas. Elas nos acompanham porque querem, não porque são forçadas. No parque de Águas Claras, correm soltas e, quando chega a hora de ir embora, basta dizer: “e aí, bora?!” para voltarem brincalhonas. Elas têm escolha.

Já os demais pets, todos presos aos seus donos...

Abaixo, seguem algumas imagens. Qualquer coincidência é mera semelhança. Ou vice-versa.

Os seres humanos e a necessidade de sempre ter um escravo como Pet...

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O ser humano e sua necessidade de manter escravos presos à coleira...

2.jpgO ser humano e a necessidade de deixar seus escravos amarrados, enquanto fazem compras no mercado...

3.jpg O ser humano e a necessidade de resgatar o bicho livre para mantê-lo preso escravizado...

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O ser humano oferecendo gratificação quando seu escravo-moderno foge...

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