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http://blogdorodrigocaldeira.blogs.sapo.pt

Desde 2008 - 716.000 visualizações em todo o mundo. Diário pessoal aberto, onde se pode ler experiências pessoais de vida, de relacionamentos, vislumbrar reflexões psicológicas, sociais e até pessoais.

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O limbo, um lugar de paradoxos.

19.06.11, RodrihMC

A teologia cristã justifica que o limbo é um lugar para onde vão as almas inocentes que, sem terem cometido pecados mortais, estariam para sempre privadas da presença de Deus, pois seu pecado original não teria sido submetido à remissão através do batismo. Iriam para o limbo, por exemplo, as crianças não-batizadas e as almas justas que teriam vivido antes da existência terrena de Jesus Cristo. Para a cultura geral, o limbo é o local para onde vão todos os humanos em transição de morte carnal, sendo um local igual para todos e nele permanecem até que a luz divina resplandesça sobre os escolhidos, perdoados ou purificados. Tomando por base essa definição, trazendo para a luz da psicologia e a filosofia cotidiana, podemos ver o limbo presente em alguns resultados de nossos atos, escolhas e decisões incertas. As decisões existem, estão em níveis de seriedade e perscepção, e podem mudar o curso da história de um povo ou mesmo definir o destino de alguém. A decisão tem seus níveis e pesos observados em escalas de intensidade, sendo decisões incertas as que são dadas por confusão mental, sofrível, penosa, tomada por forte emoção e definida por crises gerais (de personalidade, de comportamento, de condição e de sujeição). Essas decisões são primárias, mas podem mudar a direção do rio da vida e causar catastróficos resultados futuros. As decisões secundárias, são mais brandas e quem as toma sempre está consciente do resultado que não se seguirá adiante. São as decisões educacionais de pais aos filhos ou do adulto para o adolescente ou para a criança. São atos que se prevêem os resultados, almejam por um retorno e esperam reações positivas. As decisões terciárias são aquelas que se confundem com as secundárias, mas não têm efeito sobre nada e ninguém. São palavras ao vento, oriundas de uma vontade de fazer ser, uma fantasia ou mesmo um manifesto de auto-sabotagem. As decisões terciárias podem se tornar primárias se o agente da ação insistir em seu ato imprudente e o que era um blefe pode se tornar em algo maior, sem volta e trágico.

As decisões primárias levam ao limbo da vida terrena, um lugar sem sentido, sem direção e cheio de pensamento, julgamento, ira, dor, rancor, medo, incerteza, frustração, raiva, amor, saudade, perdão, complascência, ódio, misericórdia, entendimento, dúvida, tormento e paz. Este limbo é dominado pelos paradoxos que não dão trégua tanto a quem provocou tal resultado, encaminhou outrem para esse lugar, como quem é puxado, repelido ou envolvido por essa pessoa. A confusão se instaura e o corpo padece. O cérebro não silencia, não se ordena, fica sem paz e o corpo sofre com isso.

 

Como forma de auto-preservação o cérebro libera para a realidade o comando do Id, mantendo o ego e o superego preservados até que tudo se normalize, tranquilize ou mesmo que o tempo mate as lembranças. O Id é o campo de energia responsável pelos sonhos, as fantasias, a loucura consciente e pacífica. Quando o Id toma os controles da mente e do corpo da pessoa que sofre no limbo o organismo diminui seu fluxo de contrações musculares, relaxa um tanto mais os tendões, nervos e começa o processo de desintoxicação da carne. É um momento em que o indivíduo começa a projetar, ter fantasias irreais ou sonhadoras sobre um mundo melhor e sem sofrimento. Essa constância de ação do Id é interrompida vez outra pela ação do Ego, pois o Superego está fora, mas não está. O Ego sim, está fora, se preservando, mas está em sistema de plantão emergencial, como é o que acontece quando o Id exagera na fantasia e faz com que a pessoa que sofre passe a crer no irreal. O Ego chega, desorganiza a linha de fantasia do Id e sai de cena em seguida, pois o único objetivo é manter fragmentos de fantasias e não alienar a pessoa numa condição de perdição mental. Casamentos, noivados, namoros intensos rompidos bruscamente lançam as pessoas para o limbo no dia seguinte, quando acordam e se deparam que o sofrimento do ontem não foi só um pesadelo sonhado, mas que é a realidade atual. É nesse momento que a pessoa entra no limbo e começa a padecer dias de angústia. Empregos perdidos, oportunidades únicas que escapam das mãos, um acidente grave, a morte de alguém por quem se tinha amor ou forte consideração são decepções que lançam para o limbo no dia seguinte a pessoa em estado sofrível. O Superego só entra em ação quando o Id perde a força pela consciência do indivíduo e o Ego começa a planejar o conserto dos estragos, optando em começar pelas partes mais acessíveis que é a de renovar os pensamentos, reinventar-se e realinhar-se com a idéia que antes o mantinha em estado de alegria e contentamento. É nesse momento que muitas pessoas começam a se sentir melhor e em paz. Iniciam o ato de auto-preservação e preservação do outro ou de outras pessoas atingidas diretamente ou de ricochete, isto é, que foram levadas pela correnteza da mágoa porque estavam no lugar certo, mas na hora errada. O Superego se junta na tarefa de reconciliar o corpo com a alma e esta com a alma do outro, para somente depois reconciliar os corpos. Dependendo do grau de destruição pelo impacto da decisão outrora maléfica, a sensação de renovação e reorganização poderá cair por terra e o quadro piorar absurdamente, visto que a outra parte se encontra perdida no limbo e sofre amargas penúrias em conseqüência da força destrutiva da pessoa querida, amada ou mesmo estimada. Se isso acontecer é porque por aquele momento nada poderá ser feito, senão dar tempo ao tempo e manter-se próximo até que a outra parte acredite novamente na vida, e passa a dar sinais de paz. Encarar o limbo é coisa para quem tem estrutura emocional bastante centrada ou mesmo quem consegue a proeza de ocupar a mente com outros afazeres, ainda que o limbo não seja aliviado, mas será menos sentido na maior parte do tempo em que a pessoa se desvia para não ver a paisagem (do limbo). Quanto mais se desvia de sofrer com o limbo, menos se terá a oportunidade de consertar o que foi danificado e assim a decisão se firmará na primária. Há quem prefira sentir sono e dormir muito. O sono é um momento em que o Ego e o Superego concedem ao Id controle total do ser. É o momento de dormir, sonhar e descansar a mente. O Id desempenha esse papel com habilidade e maestria enquanto a pessoa está dormindo, porque os organismos do corpo poderão restaurar células prejudicadas, reconstruir canais obstruídos, reestruturar canais inflamados e preservar o cérebro dos pensamentos intermináveis. Dormir é o segredo para que os campos de energia humana possam se restaurar e transformar o meio à sua volta, purificar a energia e reconciliar-se com o ser amado ou bem quisto. E dessa maneira vou dormir, porque aqui no limbo nada tem cor e muito menos graça, mas nos meus sonhos eu posso descansar minha mente, que não pára de tagarelar. 

 

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