Mesmo antes do filme "A Paixão de Cristo" de Mel Gibson, havia um grupo de pessoas e estudiosos reconstituindo o corpo do cruxificado que existe no "Santo Sudário". Pontos para Mel, que fez a mesma coisa com base em leituras da própria bíblia e outros textos informativos. O resultado desse trabalho minuncioso tira a imagem chapada do "Santo Sudário" que vivemos acostumados em ver como se fosse uma grande xerox e a reproduz em 3D, milimetricamente calculado. Pontos para o professor espanhol e a equipe de estudiosos.
Acho interessante ser um professor espanhol a pessoa que recria o corpo esfacelado do Cruxificado, sendo a Espanha um país que esfacela, humilha, maltrata e crucifica os animais por diversão e lazer, como fazem com os touros dentre outros animais domésticos, como os gatos. O Cristo crucificado diante à zombaria da multidão, assim são cada touro cristificado pelo mesmo ato covarde e insano: a necessidade de torturar e matar.
Mas voltando ao assunto em questão, reflito como é que não pensaram nisso antes? Reconstituir um corpo saído do "Santo Sudário"? Ou será que já estavam fazendo isso na surdina? Sim, pois para pegar com precisão cada chibatada, cada rasgo e ferimento de um corpo através de um tecido milenar é algo que requer um bom e certo tempo, penso.
Também paro um pouco para falar sobre o costume católico de expor o Cristo crucificado nas Igrejas. Por muito tempo eu pensava que seria para deixar o apelo mais dramático, para sensibilizar os fiéis da causa de Cristo. Entretanto, com a maturidade batendo à porta de minha experiência de vida, comecei a entender o porque das coisas. Fui, num tempo de jovialidade, um garoto devoto nos grupos jovens católicos, me auto-policiava e cobrava de mim coisas que hoje vejo que são desnecessárias. Com o tempo fui perdendo a referência dessa devoção cega e passei a gerir perguntas sobre muitas coisas da própria Igreja onde fui doutrinado.
Os apelos dos canais católicos de tevê começaram a me despertar para o "simancol" cristão, passei a enxergar um "cristo" pidão, que só funcionava à base de dindin, muito dinheiro. As palestras - que os fiéis e cegos devotos católicos chamam de "pregação" (detesto essa colocação, parece que os católicos querem ser visto como os protestantes (crentes, evangélicos e por aí vai) e usam de definições apelativas, assim como estão procurando representar seus papéis no mesmo tom choroso, deprimente e malicioso.
Daí pude parar tudo e separar "homens" (pessoas, fiéis, humanos) do Cristo. Comecei a entender o propósito do porque nas Igrejas está o Crucificado e não um Cristo sorridente, pop-star, feliz da vida e cheio de gracinha. Percebi que esse Cristo, o Crucificado, está assim para lembrar os mais jovens - principalmente, que o Deus para quem se faz reverência não é o Rhá (deus do sol), nem o Buda (Ásia meridional), nem Bhrama (Índia) ou Pe. Marcelo Rossi, mas para um igual ou pior do que nós mesmos. Está lá uma mensagem que diz para que tenhamos humildade ante os demais, porque se o próprio Filho de Deus caiu no pré-sal da humilhação e da dor, por que deveríamos nos sentir melhores do que aquele que está na merda? Passei a enxergar que o Cristo Crucificado não está lá à tôa, ele tem o seu propósito e seu significado que está muito além da prosa dos pastores (estes sim, pregadores pidões, chorões e apelões) que diz que os católicos veneram o Cristo morto e eles o Cristo ressuscitado. Na verdade, aquela estátua ou escultura lá exposta é para nos lembrar que mesmo depois de tanta humilhação e fuleragem que fizeram com Ele, hoje, após 2.011 anos vivemos sua ressurreição. Acho bacana essa doutrina, justo pois é mais pé no chão e mais realista. Infelizmente algumas Igrejas católicas cedem às críticas vazias da concorrência e tiram o Crucificado do altar e colocam um Cristo visualmente bonito, leve e até sorridente, como se a doutrina católica precisasse de sorrir para o leigo que chega, como se Ele fosse um anfitrião de um estabelecimento comercial, como vemos nos restaurantes, hotéis e churrascarias.
Mas somos humanos, e diferentes que nos tornamos também falhamos cada um a nossa maneira.
Voltando novamente ao assunto em questão, o Crucificado choca pela riqueza de detalhes genuínos, certamente um dia alguém melhorará a aparência do Crucificado por causa da alta tecnologia de precisão. Ôpa, digo que melhorará no sentido de que deixará cada vez mais realista e, quem sabe, mais chocante, não pela vontade de ver carne e sangue de um Deus, mas para termos melhores e mais exatos exemplos do que foi ser o cristo na pele do Cristo daquele tempo.
Então vejamos a matéria a seguir:
Professor faz Crucificado seguindo os dados do Santo Sudário
O escultor espanhol e catedrático da Universidade de Sevilha, Juan Manuel Miñarro estudou durante dez anos o Santo Sudário de Turim. Como resultado esculpiu um Crucificado que, segundo o artista, seria uma reprodução científica do estado físico de Nosso Senhor Jesus Cristo depois de sua morte.
Prof. Juan Manuel Miñarro explica seu trabalho
O autor não visava provar a existência de Jesus de Nazaré, mas destacar os impressionantes acertos anatômicos constatados no estudo científico do Santo Sudário. O professor Miñarro disse à BBC Brasil que, embora tenha privilegiado a “exatidão matemática”, “essa imagem só pode ser compreendida com olhos de quem tem fé”.A princípio, ela pode chocar pelo realismo, mas ela reproduz com fidelidade a cena do Calvário. Miñarro levou mais de dois anos para concluir sua obra.
O escultor não trabalhou só. Ele presidiu o trabalho de um grupo de cientistas que levaram adiante uma investigação multidisciplinar do Sudário de Turim. O crucificado é o único “sindônico” no mundo, pois reflete até nos mais mínimos detalhes os múltiplos traumatismos do corpo estampado no Santo Sudário:
- A imagem representa um corpo de 1,80 metros de altura, de acordo com os estudos no Sudário feitos pelas Universidades de Bolonha e Pavia.
- Os braços e a Cruz formam um ângulo de 65 graus.
- A Coroa de Espinhos tinha forma de casco, cobrindo toda a cabeça, e foi feita com jujuba“ziziphus jujuba”, uma espécie de espinheiro cujas agulhas não se dobram.
- A pele apresenta exatamente o aspecto de uma pessoa morta há uma hora.
- O ventre aparece inchado por causa da crucifixão.
- O braço direito aparece desconjuntado pelo fato do crucificado se apoiar nele à procura de ar durante a asfixia sofrida na Cruz.
- O polegar das mãos está virado para dentro, reação do nervo quando um objeto atravessa a munheca.
- A maçã do rosto do lado direito está inchada e avermelhada pela ruptura do osso malar.
- A língua e os dedos do pé apresentam um tom azulado, característicos da parada cardíaca.
Coroa de espinhos segundo o Santo Sudário
A escultura reflete também a presença de dois tipos de sangue: o vertido antes da morte e o derramado post mortem. Também aparece o plasma da ferida do costado, de que fala o Evangelho. A elaboração destes pormenores foi supervisionada por hematologistas. A pele dos joelhos está aberta pelas quedas e pelas torturas. Há grãos de terra incrustados na carne que foram trazidos de Jerusalém. As feridas são típicas das produzidas pelos látegos romanos, que incluíam bolas de metal com pontas recurvadas para rasgar a carne, chicote triplo com hastes de ferro laminado com pontas recurvadas de três garras para escarificar a pele. Não há zonas vitais do corpo atingidas pelos látegos porque os verdugos poupavam essas partes para que o réu não morresse na tortura.
Foram 10 anos de pesquisas com uso de equipamentos de alta precisão
Por fim, embaixo da frase em hebraico “Jesus Nazareno, rei dos judeus”, a tradução em grego e em latim está escrita da direita para a esquerda, erro habitual naquela época e naquela região. A escultura esteve exposta na igreja de São Pedro de Alcântara, Córdoba, Espanha, e saiu em procissão pelas ruas da cidade durante a Semana Santa. Com os mesmos critérios e técnicas, Miñarro está criando outras imagens que representam a Nosso Senhor em diferentes momentos de sua dolorosa Paixão.
Significado de "sindônico": modelo reproduzido em três dimensões através de uma foto.