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http://blogdorodrigocaldeira.blogs.sapo.pt

Desde 2008 - 1.306.000 visualizações em todo o mundo. Diário pessoal aberto, onde se pode ler experiências pessoais de vida, de relacionamentos, vislumbrar reflexões psicológicas, sociais e até pessoais.

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Resquício ainda é amor

12.05.12, Rodrigo Caldeira

 

Eu estava catando feijão ainda há pouco, faz tempo que não faço um feijãozinho carioca cozido à minha maneira - que fica muito saboroso, tenho me alimentado só de arroz com pedacinhos de carne, vez outra lingüiça para compor a receita como um arroz carreteiro não sendo carreteiro exatamente. Azeite verde, sal e batatas doce e inglêsa, também cebola - todos cozidos ao vapor do arroz enquanto coze. Então minha mente começou a divagar sobre uma compilação de pensamentos, diálogos, expressões, citações, argumentos, desabafos, teorias, poemas, fofocas e risadas que ouvi durante as duas semanas primeiras desse mês de maio. Eu sou assim mesmo, ouço tudo o tempo todo, depois quando minha mente já não consegue processar mais as minhas próprias informações é quando começo a digerir o excesso que transborda na minha cabeça pelos meus olhos, vez outra pelos ouvidos.

 

Enquanto eu catava os feijões pensamentos vinham como ondas que batiam no meu peito e o que mais se destacava dentre tantos sons, palavras e ruiídos eram as reclamações. Nossa! Como nós reclamamos de tudo e de todos, é incrível como damos energia para coisas tão fracas. Alimentamos monstros que não estão nem aí para nós, só querem ver nossa queda, nosso cansaço e nossa lamúria. E a maioria das reclamações que ouvi foram queixas contra alguém, que um dia compartilhou um sentimento bom, de felicidade e muito amor. Fiquei matutando isso. Como é que tudo acontece? Se o sentimento de amor é o mesmo, como pode ser melhor com uma nova pessoa e não pode ser melhorado com aquela com quem já está nutrindo um sentimento mais envolvente, donde segredos são revelados, cercas são retiradas e horizontes são expandidos? Fiquei quebrando a cabeça para entender essa premissa do amor. Seria por necessidade do novo ou curiosidade do desconhecido? Já que todos podem dar e receber a mesma coisa. E sempre ouço queixas contra quem se amou. Daí me toquei que fui um dos que mais reclamou também e foi aí que tive um insight que até me fez parar de catar os feijões, pois meus olhos se fixaram num ponto da parede e nem piscavam. Eu estava parindo uma reflexão interessante e que não tinha me dado conta disso. Mas é óbvio! As queixas, reclamações, manifestos de repúdio, raiva e até mesmo de asco são outra vertente do amor! Se há qualquer sentimento que mexa e abale as estruturas físicas ou mentais de uma pessoa, ainda que não abale tanto, que seja só um blablabla solto no ar, isso é um amor suprimido que a pessoa está procurando reforçar sua morte ou mesmo extinguir sua existência. É claro que todas as pessoas que reclamam negarão minha teoria - que para mim é mais do que isso, certamente um discernimento. 

 

As pessoas que reclamam de alguém a quem se amou um dia, na verdade, essas pessoas ainda amam tanto quanto amavam antes e não conseguem se libertar por inteiro, porque sempre quererão falar da pessoa amada buscando aprovação cada vez que abre a boca para falar, reclamar, caluniar, repudiar e manifestar sua insatisfação, inocência, raiva, desprezo etc. Eu levei três anos para não sentir absolutamente mais nada pela primeira mulher que passou por minha vida e que foi minha esposa um dia. Na libertação que tive me envolvi com uma mulher que ficou menos de dois anos na minha vida e precisei de mais três anos para me libertar inteiramente dela e de tudo o que ela significava para mim. Nessa rabeira de libertação estava envolvidíssimo num sentimento novo com uma terceira mulher, quase uma menina, e que - de todas elas - fez o maior estrago dentro de mim. Todas entraram e saíram de minha vida tendo por termostato minha condição social, meu status. Não as culpo, mas a partir do momento que comecei a refletir esse texto que faço decidi também não criticá-las. As duas primeiras jazem enterradas no meu passado, a terceira ainda me incomoda e saber que esse incômodo é uma vertente de amor me estressa. Então me propus cuidar de mim somente e cuidar pra valer. Já que meu status está acima da minha importância como pessoa, então vou cuidar de mim primeiro. 

 

E quando você aceita e assume que sua bronca, seu desprezo demonstrado como resposta - cada vez que ouve o nome da pessoa a quem você amou um dia - é nada mais do que um veio que corre como um riacho no subúrbio do seu coração, sendo reflexo do amor, um amor envenenado de sentimentos de saudade, raiva, protestos, carências e frustrações, decepções, enfim.. então você passará a se libertar mais, até não sentir nada quando lembrar, ouvir ou até mesmo ver a pessoa que machuca você. Pode observar, ouça uma reclamação de uma pessoa contra outra a quem ela amou um dia, verá que será um manifesto cheio de saudade, carência, dor, mágoa, raiva, necessidade de justiça e tudo o mais que prende essa pessoa àquela. Mas ninguém assume nada, prefere o sofrimento à dor. Eu prefiro a dor e o sofrimento, como eu já havia dito antes, não será mais prioridade para mim. Se você está amando e sendo uma pessoa amada por alguém, aconselho que valorize cada momento, porque quando passar - se passar - você poderá ser a próxima pessoa a encher o ar com reclamações e muito blablabla, que só servirão para denunciar seu amor transviado. Desapegue-se, atravesse o seu deserto e aprenda com a travessiamergulha no que te dá vontade e ame você primeiro, e o resto será acréscimo.

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