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http://blogdorodrigocaldeira.blogs.sapo.pt

Desde 2008 - 716.000 visualizações em todo o mundo. Diário pessoal aberto, onde se pode ler experiências pessoais de vida, de relacionamentos, vislumbrar reflexões psicológicas, sociais e até pessoais.

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Angústia não te salvará.

10.08.14, Rodrigo Caldeira

 

 

 

A angústia é um mal que assola a humanidade, frustra pessoas, deprime e limita. É a sensação de total incapacidade pela imensa falta de coragem de agir, ainda que esta ação lhe traga benefícios e felicidade. A angústia está presente na maioria das pessoas que sofrem, aliás, se sofrem, é por angústia de não conseguirem se expressar, pois é através da expressão que a ação acontece e a realização se faz presente. A angústia faz a amada trair o amado por não saber expressar a ele seu profundo desejo de amor. Ou torna o esposo um desconhecido, desleal à esposa, ausente diante dos fatos inegáveis de infidelidade. O angustiado tem muitos traços do medo de fazer algo que irá contra os ditames, quer sejam sociais, políticos ou religiosos. Deus passa a ser quem julga a ferro e fogo, mas na verdade Deus é a vida, mas é rotulado um ser superior cruel, justamente porque a angústia está no controle, e não o livre-arbítrio, a vontade própria. A maioria das pessoas, em geral mulheres que conheci e conversei, até instiguei, provoquei, incentivei e exaltei sofrem de angústias o tempo todo. Sentem imensa vontade e necessidade de se libertar de seus conceitos engessados, porém tendenciosamente autossabotadoras (isto é, sabotadoras de si mesmas) sucumbem à angústia como forma de se limitar a conhecer a si próprias naturalmente. São as estranhas pessoais de si mesmas. A angústia não traz a paz, mas sustenta a ideia de que com ela se mantêm sóbrias, o que é uma grande ilusão, já que sobriedade não combina com angústia; e sim o medo, a fraqueza, a total ausência de segurança combinariam mais. Na teologia de Kierkegaard, a angústia se refere a um ser com total livre-arbítrio, que está em um estado constante de medo espiritual que a sua liberdade vai levá-lo a ficar aquém dos padrões que Deus estabeleceu para ele. Nos ensinamentos de Sartre, a angústia é vista quando um ser totalmente capturado percebe a imprevisibilidade de sua ação. Por exemplo, ao caminhar ao longo de um penhasco, você iria sentir angústia em saber que você tem a liberdade de se jogar para baixo e a sua morte seria iminente. A angústia é a intensa impressão psicológica, caracterizada por "abafamento", insegurança, falta de humor, ressentimento e dor. Na moderna psiquiatria é considerada uma doença que pode produzir problemas psicossomáticos. A palavra "psicossomática", na visão dos profissionais de saúde que compreendem o ser humano de forma integral, não pode ser compreendida como um adjetivo para alguns tipos de sintomas, pois tanto a medicina quanto a psicologia estão percebendo que não existe separação ideal entre mente e corpo que transitam nos contextos sociais, familiares, profissionais e relacionais. Então, psicossomática é uma palavra substantiva que pode ser empregada para qualquer tipo de sintoma, seja ele físico, emocional, psíquico, profissional, relacional, comportamental, social ou familiar. As doenças psicossomáticas, isto é, aquelas que surgem da angústia, afetam a qualidade e o estilo de vida, incluindo hábitos alimentares, atividades físicas, sedentarismo, etc., que também pode ocorrer por herança genética, que pode deixar os indivíduos mais predispostos para desenvolverem alguns tipos de doenças. Fatores psicoafetivos de acordo com o manejo das emoções, dos traumas e dos sentimentos de abandono, rejeição, inclusão, culpa, etc. A angústia é também uma emoção que precede algo (um acontecimento, uma ocasião, circunstância), também pode-se chegar a angústia através de lembranças traumáticas que dilaceraram ou fragmentaram o ego. Angústia quando a integridade psíquica está ameaçada, também costuma-se haver angústia em estados paranoicos onde a percepção é redobrada e em casos de ansiedade persecutória. A ansiedade persecutória é o medo da vingança de algo maior, controlador, dominador, por exemplo, o medo de Deus. A angústia exerce função crucial na simbolização de perigos reais (situação, circunstância) e imaginários (consequências temidas). Sigmund Freud, pai da Psicanálise, realizou estudos sobre o problema da angústia. Ele afirmou que vivemos um profundo mal-estar provocado pelo avanço do capitalismoUm conflito interno entre três instâncias psíquicas fundamentais ao equilíbrio do ser: as vontades (Id) vivem em constante atrito com o instinto repressor (Superego). O balanço entre as vontades e as repressões tem que ser buscado pelo Ego, a consciência. É o Ego que analisa a possibilidade real de por em prática uma ação desejada pelo Id. Não obstante, controla o excessivo rigor imposto pelo Superego. A esse conflito entre o Id e o Superego, Freud denominou angústia. Cabe ao Ego, portanto, a busca de um equilíbrio entre estas partes do psíquico e, não obstante, entre o sujeito e o todo social. Eu já fiz um post sobre o ego, id e superego explicando mais coloquialmente o funcionamento desses três personagens da psicologia freudiana. E por fim, as pessoas que sucumbem à angústia estão sempre limitadas a conhecer a si mesmas, suas capacidades de superação, perdem a oportunidade de aprender, mesmo que aprenda por tentativa e erro. Um sofrimento sem fim, até que resolvam enfrentar seus medos, superarem suas crenças autodestrutivas e serem surpreendidas com suas capacidades antes tão reprimidas.