Casar ou não casar, eis a questão.
Casamento surgiu no ano de 950 d.C. Segundo o dicionário Houaiss, o casamento tem alguns significados semelhantes entre si: é um substantivo masculino e entende-se que é o ato ou efeito de casar(-se), união voluntária de um homem e uma mulher, nas condições sancionadas pelo direito, de modo que se estabeleça uma família legítima, é a cerimônia, civil e/ou religiosa, em que se celebra essa união, é o vínculo conjugal entre um homem e uma mulher. Derivação: por extensão de sentido é qualquer relação comparável à de marido e mulher. Por sentido figurado é uma associação, aliança, como por exemplo "o casamento político de dois partidos. Ainda por sentido figurado é a combinação harmoniosa de duas ou mais coisas; união estreita e íntima. Ex.: o casamento entre a inteligência e a sutileza. Entretanto a palavra "casal" data de 870 d.C., muito antes do casamento. Por aí já posso começar a falar sobre casar ou não casar, eis a questão. Desde que me conheço por gente o casamento tem sido o destino desejado por quase todas as pessoas, é algo cultural mundial, que aos poucos está perdendo a real importância. Essa importância se dá pelo histórico machista onde a mulher, símbolo da fragilidade e sensualidade dependia imensamente do homem, bruto, ignorante e forte. Dos primórdios aos tempos atuais tivemos tantas mudanças, que hoje não sabemos qual lado é o mais forte, nem quem é mais frágil. Mas o intrigante é que mesmo na atualidade, as mulheres independentes, valentes, dominadoras são justamente as que acabam ficando sozinhas. Mas então como fazer, pois se o casamento em si torna a mulher pretendida pelo homem, sendo, por sua vez, o pára-raios da relação? Muito embora eu já tenha visto casais em que o homem assumiu o papel outrora da mulher, em casa com os filhos e ela na rua, no trabalho com parte de sua vida no social com amigos e subordinados, vi também muitas relações infelizes e fracassadas. Homens sempre foram e sempre serão o estandarte da luta, do controle e do sacrifício. E as mulheres sempre serão a representação da sensualidade, da beleza, do afeto e da força. A maioria das dores dóem na mulher naturalmente, como a dor do parto, por exemplo, ou as dores da gravidez, do amamentamento, até mesmo da menstruação nas cólicas ou na tensão pré-menstrual (tpm). Às super independentes não tenho muito a referir neste post, até porque já fiz um post a respeito dessas mulheres. Este texto fala da união entre homem e mulher, sendo ele literalmente o homem da casa. Seria realmente importante haver o casamento já de pronto antes do casal viver na prática o que seria realmente estar casado? Seria o casamento a solução para a vida de ambos? Bom, hoje em dia, aliás, desde há certo tempo, eu penso diferente. Tive relações conjugais nas quais eu percebi o quanto o casamento mal estruturado se torna um problema quase eterno na vida da pessoa. O casamento deixou, há tempos, de ser um sinônimo de paixão e amor entre um casal de enamorados, tornando-se a representação de status social de maior relevância familiar. Com cerimônia e festa ou apenas com cerimônia o casamento é um jogo de "roleta-russa", em que um não sabe o que o outro pensa e nem como vai agir. Um casamento em que não foi permitida a oportunidade de ambos se conhecerem melhor sob o mesmo teto, dia após dia, está fadado à uma infelicidade ou frustração desanimadora. O ser humano precisa de estímulos maravilhosos para viver e o casamento assim, de pronto, não passa nem perto disso. O casamento precisa de tempo para acontecer e a concepção de união deveria ter algo entre o noivado e o casamento. Talvez fosse importante a sequência de relacionamento: 1º Conhecendo. Exemplo: "Estamos nos conhecendo". Essa colocação deveria ser uma expressão natural tanto para quem fala como para quem ouve. Ao estar conhecendo você não tem vínculo com a pessoa, apesar que tem a ética de se manter focado nos ideais com aquela pessoa, sem magoá-la nem expô-la ao ridículo consciente ou inconscientemente. 2º Namorando. Exemplo: "Estamos namorando". Essa colocação tem sido a primeira de hoje em dia, isto é, beijou na boca e está saindo junto, então é namoro. Negativo. Aqui, antes, teríamos a fase do "conhecimento". Aliás, isso tem acontecido desde as duas última décadas até hoje. Muitas pessoas não assumem namoro, mas dizem que "estão ficando" com aquela pessoa. Na verdade, estão se conhecendo, observando suas forças, a simpatia e vendo se a "química" realmente bate entre si. Uma vez que a distância gera uma saudade incômoda e uma ansiedade irritante, o estado de "conhecerem-se" já não surte tanto efeito, e o casal passa a desejar estar mais perto, de se ver com mais frequência, dando início ao namoro. Até aqui não há o casamento, e sim apenas o termo "casal", o que mesmo na história o conceito "casal" data bem antes do conceito "casamento". Então assume-se o namoro. No namoro temos a representação de que o casal está mais íntimo, mais envolvido, mais apaixonado, no entanto essa paixão não significa que haja o amor no seu real significado. Paixão é ardência, é calor, é desejo. (post sobre paixão aqui) E o amor é algo que vem depois disso. No namoro vive-se o que poderia ser eterno, mas chega num dado momento em que até a paixão tem validade, porque o ser humano não consegue viver a intensidade das coisas eternas, é insuportável, ainda que isso seja maravilhoso, pois há a necessidade do oposto. (posto para entender um pouco sobre o oposto das coisas aqui) Depois de um tempo em que parte das máscaras de ambos caem ao chão, em que um já conheceu a versão menos atraente do outro e ainda assim aceitou (bom, nesse "aceitar" pode-se considerar que é um ensaio do amor, mas não ele por inteiro), ambos se gostam, se aceitam, se permitem mais e já aceitaram a família - que vem de brinde - independentemente de suas origens, comportamentos, classe social, ideologias, crenças, e até aparência física. Então começam a planejar um futuro juntos, isto é, bem mais juntos e é aí onde acontece o erro. Planejar um futuro juntos, porém mais juntos do que já estão, então pensam no casamento. Antigamente não tinha o noivado, já que este surgiu em 1881, muito depois do casal encarar o casamento de pronto. 3º Noivando-se o casal tem a oportunidade de conclamar à sociedade suas intenções, e com isso acionar a contagem regressiva para montarem todas as acomodações para se aninharem eviverem felizes para sempre. Nesse momento o casal tem a paixão entre si, tem também fragrâncias de amor, mas não o amor em toda sua intensidade. Há também algumas frustrações entre as partes, que não foram resolvidas durante o namoro e se estenderão pelo noivado. Essas frustrações são refletidas no casamento, e é quando acontecem as rupturas. Então em seguida vem o casamento, na sua mais pomposa chegada, como se ambos fossem fazer algo extremamente relevante. É uma situação controversa, porque é no momento em que chega o casamento o casal esquece tudo o que viveu e entra no mundo encantado da fantasia. Não digo que o casamento não tem sua magia, mas é confundido como um milagre, quando na verdade é só um momento em que o casal vai viver junto. E assim a coisa acontece, lá se vai o casal para suas primeiras experiências de viverem juntos, dia pós dia, todos os dias, semanas, meses... anos. É uma sentença, se for parar para analisar friamente. É o momento em que ambos percebem que não se conhecem em nada ou muito pouco, são praticamente dois desconhecidos e qualquer coisa pode danificar a base da união que estão assumindo com inexperiência e por aventura. Sim! Uma grande aventura, grande e arriscada, porque os votos sociais já foram declarados e registrados civilmente. Na minha observação deve-se ter um espaço entre o noivado e o casamento, que sugiro ser o 4º Viver Junto. Sim, uma experiência de como seria o convívio entre os pulpilos, esse tipo de convívio poderia ter um período para que situações de estresse pudessem surgir e serem submetidas à determinação e vontade de ambos. Muito certamente que uma vez que o "viver junto" acontecesse, o casal - ainda que estivesse desempedido de romper o "estágio", teriam muito mais consciência do que aqueles que vivem o casamento logo em seguida após o noivado. Para muitos, o casamento é como estar trabalhando num emprego público no Brasil, onde se passa através de concurso público, independente se o candidato domina ou não a área para a qual concorre, e muito menos se ele é apenas um estudioso inútil ou um trabalhador exemplar. O que ocorre é que uma vez que o concursado entra no serviço público, ele só poderá ser demitido se fizer algo gravíssimo, como matar alguém, do contrário jamais perderá o emprego. É esse o entendimento para muitos que casam, que podem oprimir, ferir, dominar, corromper ou trair a outra parte, já que o casamento está para ser algo eterno, uma sentença, verdadeira prisão em que um está acorrentado ao outro, então começam a se corromper, sabendo-se que no começo de tudo eram pessoas que tinham imensa devoção uma à outra. Vivendo junto é uma maneira de ambos se conhecerem numa segunda fase do namoro, agora um namoro mais responsável, mais íntimo e muito mais maduro, até que há um certo período, conjecturando aqui depois de um ano e meio a dois anos e meio de convívio sobre o mesmo teto resolvam, enfim, realizar o tão sonhado (5º) casamento, com todas as suas pompas e festejos. No entanto, a sociedade quer mais sentir o frio na barriga da expectativa dos nubentes surpreenderem com um "não", diante a pergunta do celebrante se há livre e espontânea aceitação um pelo outro, do que desejar realmente ter a certeza que diante deles há um casal com maturidade para quererem assumir uma relação a dois, eternamente. Como bem diz Nietzsche: "Amamos desejar mais do que amamos o objeto de nosso desejo", ou seja, o casamento vindo de supetão logo após o noivado é mais interessante e atraente do que ir ao casamento de duas pessoas que já vivem juntas há um ou dois anos. A felicidade do casal não importaria mais do que ter a incerteza de que ambos se amarão ou não do casamento ocorrido após o noivado. É a sociedade egoísta pondo os seus na arena para digladiarem-se para o mero prazer de si mesmos. Sendo assim, na minha maneira de entender sobre os relacionamentos, sugiro a sequência para uma vida a dois fadada à felicidade plena e duradoura: 1º Conhecimento. 2º Namoro. 3º Noivado. 4º Viver Junto e 5º Casamento. Obviamente que todos os direitos civis passariam a valer pela união estável, pois é quando ambos começam a produzir mais recursos juntos, adquirindo bens patrimoniais.