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http://blogdorodrigocaldeira.blogs.sapo.pt

Desde 2008 - 716.000 visualizações em todo o mundo. Diário pessoal aberto, onde se pode ler experiências pessoais de vida, de relacionamentos, vislumbrar reflexões psicológicas, sociais e até pessoais.

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Conhecer, ficar, enrolar

27.07.15, RodrihMC

É interessante como estamos sempre nos enrolando, geralmente presos a alguém ou alguma coisa. Somos dependentes de âncoras, como barquinhos à margem de algum lugar, precisamos estar presos em alguma coisa. Essa necessidade pode ser um referencial de segurança pessoal. Mas será isso mesmo? Tudo o que nos prende a uma dependência de vínculo é prejudicial. Conhecer, ficar e enrolar são palavras que definem bem o que fazemos com tudo o que nos rodeia - e às vezes nos odeia. Conhecer uma pessoa, ficar com ela e permanecer enrolada, ambas, num propósito que não tem propósito, simplesmente um deixa rolar pra ver até onde vai dar. E geralmente não dá em nada ou dá canseira. Se deu, já deu, mas não dará. Fazemos isso com coisas, com trabalho, com afazeres, hobbies, estudos. Fugas que sustentamos para que sejamos sustentados pela enrolação do tempo. Nos apegamos, até adoramos, o trabalho, mas na verdade nos iludimos. A fuga está no ato da ilusão. Tanto o trabalho, como um hobby ou mesmo um afazer, um estudo, que seja. Se nos concentramos em fazê-los a ponto de não nos permitirmos recriar os cenários, então estamos sempre nos focando na mesma coisa, aninhando em nossos pelos, cabelos, pedacinhos de papel, restos de algodão e poeira, como roedores de casas cheias de bagunça. Nos tornamos roedores escondidos em nossa zona de conforto, e também somos a casa cheia de bagunça que acoberta, protege e enrola o roedor em nós. Estamos sempre ficando com as coisas que conhecemos e nos enrolando com elas para não nos permitirmos o novo. O novo é assustador, muito embora seja transformador. Mas ninguém está muito a fim do novo, até porque nos obriga a fazer outra vez aquilo que deu muito trabalho pelo o que já foi feito. Dependemos de identificarmos o referencial que nos norteia, senão nos aprisione para que não nos libertemos para desbravar os desafios. E depois? O que vem depois do enrolar-se? Nos relacionamentos, o que vem depois do enrolar-se é o conflito. O que vem depois da última página do livro? Vem a obrigatoriedade de encontrar outro livro ou reler os capítulos no famoso andar em círculos. Sair da zona de conforto é um confronto, dá muito trabalho, é desgastante, é chato e irritante. Mas é por isso que a vida se torna interessante, porque estamos sempre com a possibilidade de aprender mais e mais. E esse aprendizado é para uma realização maior e mais coesa adiante. Não podemos desistir da ideia de nos reinventarmos, porque agir assim é autossabotagem. O livro nos obriga a mudarmos nossos paradigmas para iniciarmos nova leitura, num universo totalmente diferente, cenários diferentes, nomes e contextos outros. Conhecer alguém ou algo é maravilhoso, ficar é perfeito, mas que se enrole o mínimo possível. Se não tem certeza do que está buscando, então busque com opções de variedades, porque assim não se prende na enrolação que não definirá nada na sua vida. Leia mais que um livro, conheça mais que uma pessoa, faça mais que uma tarefa, se permita em mais que uma aventura, aprenda mais que uma receita, ajude mais que apenas um necessitado, viaje mais do que para um lugar, mude posições, mude conceitos, arrisque mais. Só assim você estará vivendo uma vida realmente sua, porque enquanto você não definir o que realmente quer ou o que está buscando estará desperdiçando seu tempo e a sua vida, vivendo apenas uma coisa de cada vez; principalmente porque ninguém ainda conseguiu prever o futuro, e sem saber que dia você partirá dessa vida, conhecer, ficar e enrolar aumentam consideravelmente as probabilidades de viver uma vida menos equilibrada e harmônica, com mais tropeços e amarras, âncoras. E a menos que ao se desvencilhar daquilo que tanto enrola você e te prende - fazendo com que se decida mudar, você possa se perceber o quão bom é acolher e viver os momentos com aquela pessoa ou coisa, de modo que possa viver em paz com suas decisões. Tomando novas decisões, independente de viver novos paradigmas ou se entregar mais para o que já vive atualmente estará, ao menos, saindo do estereótipo dos "enrolados" e pisando o solo dos mais conscientes, decididos - ainda que sua decisão seja outra daqui a algum tempo, porque conceitos mudam e os horizontes também, por mais que pareçam iguais.

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