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http://blogdorodrigocaldeira.blogs.sapo.pt

Se trata de um diário pessoal aberto, onde as pessoas podem ler experiências pessoais de vida, de relacionamentos, reflexões psicológicas, sociais ou pessoais.

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Considerações fundamentais na decisão de casar-se.

13.08.15, Rodrih

Uma amiga psicóloga, com quem tenho grande afeição e admiração, e também tenho constantes reflexões sobre o comportamento humano, me fez uma pergunta que me chamou a atenção. Não tanto pela pergunta em si, mas por eu que tanto falo de relações, não ter falado desse tema ainda, muito embora haja fragmentos deste assunto em alguns posts, como o título Acometido. A pergunta que ela fez foi: "o que vc considera fundamental na hora da decisão de casar?". Por um lado eu comentei em meus pensamentos: "Pôxa! Vai perguntar isso logo para mim?!", numa alusão de que eu seja totalmente radical em minhas reflexões, do tipo que ando na contramão das opiniões politicamente corretas. Mas simbora lá responder a tão cruel e importante pergunta que, muito embora ela tenha me pedido que falasse livremente sobre meus pensamentos na decisão do matrimônio, sem muita elaboração, ideias soltas, eu fosse sucinto. Vou tentar, mas com certeza não vou conseguir deixar as palavras soltas, só mesmo as ideias. Com base no que não deu certo para mim, num resgate de todos os pontos falhos de minhas relações conjugais falidas, eu pontuarei aqui o que você não deve fazer, se quiser ter um casamento de sucesso, pois tudo o que não deveria ter feito, fizemos, eu e as companheiras que escolhi para minar a minha vida. Aqui você entrará na Matrix, isto é, eu vou falar a verdade, doa a quem doer. Bom, antes de responder de fato, hummmm.... "sem elaboração"... puts... bom... primeira coisa antes de casar eu recomendaria como fundamental alguns alinhamentos pessoais, isto é, as condições sociais de cada um, como refletir sobre quem tem mais amigos. É, isso é "fodástico" e determinante na relação conjugal. Se uma das partes tem poucos amigos, ou pouquíssimos ou quase não tem, então a outra parte tem que ter um pouquinho mais, porém não poderá ter um montão de amigos, a ponto de fazer o outro se sentir um peixe fora d'água. A relação vai minar a começar daí, é fato. Amigos são um status que se tem para viver uma vida saudável, porém, muitos amigos é roubada. Um casal, que queira começar uma vida a dois harmoniosamente precisa, antes de mais nada, de privacidade, e muitos amigos, ou bastante muitos amigos é prejudicial à relação. A harmonia pede um equilíbrio, isto é, se a parte que tem poucos amigos é mais culta, então a parte que tem amigos demais tem que ficar atenta a: 1. quais amizades são cultas; 2. quais amizades são incultas; 3. quais amizades são a turma da baguça e 4. quais amizades são a galera do fundão da sala de aula. E deverá por na balança de suas expectativas se está preparada para fazer a triagem desde já. Geralmente, quem não está preparado para um casamento sofrerá muito para abrir mão de certas amizades, então já fica aí um pré-aviso de futuros problemas no casamento a médio prazo. Passando por esse desafio com louvores, o próximo passo é avaliar se a afinidade sexual de ambos é intimamente muito, muito boa. Se há toda a liberdade sexual entre o casal, se há orgasmos de ambos, se há uma comunicação livre e bem humorada no quesito sexual, se há fantasias e liberdade para falar a respeito. Caso uma das partes se sinta mais incomodada do que a outra, chegando a se sentir ofendida, então pára tudo e repense sobre a ideia de casar-se tão logo. É outra coisa "fodástica" na relação, porque uma parte vai ser sempre o juiz da outra, isto é, pensa na prisão?! Ninguém aguenta por muito tempo uma relação em que uma parte é mais livre entre eles, e outra é mais complexada, bloqueada e cheia de não-me-toques. É casamento direcionado para a infidelidade, com certeza. Bom, passando por mais este desafio, é hora de jogar limpo entre si e falar de suas capacidades socioeconômicas. É um assunto que não rola entre o casal, talvez por medo de saber a verdade e se desiludir, mas se uma parte pensar dessa forma, a outra deve se atentar em ficar o mais longe possível desta companhia. A cultura brasileira, principalmente, é a de que o homem é o provedor e a mulher é o sexo frágil. É batata, sempre foi assim. Daí o cara se ferra ou dá uma recaída e a primeira coisa que ele perde é a mulher...kkkkkk. E por que isso acontece? Oras, porque ele se envolveu com uma pessoa culturalmente inferior a ele e ela se desiludiu com sua queda ou fase ruim. Para essa mulher o cara tem que se manter em primeiro lugar sempre, quase um semideus, coisa que nem Ayrton Senna conseguiu fazer, mas ela se põe como um produto de status da relação, e se o cara entra em declínio socioeconômico, ainda que temporário, e se esse temporário estender-se a médio prazo, já era, ela, produto de status da relação sai fora e vai procurar outro que a patrocine com status social, como uma parasita ou hospedeira em busca de conforto social. Continuando... A coisa de jogar limpo é ambos saberem da real situação de cada um, dos planos para o futuro, das dificuldades que têm atualmente e terão possivelmente, do compromisso de alcançar os projetos, da humildade de dizer que tem certas dificuldades e por aí vai. Se passado por este momento uma das partes não sair correndo e acreditar que pode dar certo seguir em frente, então deve-se fazer começar a elaborar o "canvas" do casamento. Sim, isso mesmo, e eu acho que sou o primeiro a falar sobre o canvas do casamento, porque o casamento é como uma "startup", um negócio novo, inovador, muito embora já exista, mas que agregue valor, tenha gameficação e seja segmentado. Mas só depois de passar por essas três etapas iniciais. O conceito é que se tiver que dar errado, então que a ideia de casamento acabe antes mesmo de que tenha começado. Gasta-se energia, mas perde-se muito menos do que se tivesse começado errado. Não há milagres nem mágica no casamento. Ou começa certo e dá certo, ou não começa, porque dará super errado, será desgastante, um fiasco e traumático. Continuando... Feito o Canvas do Casamento, descobre-se seu Valuation, isto é, se trata do conceito do processo de estimar quanto uma empresa vale, determinando seu preço justo e o retorno de um investimento em suas ações, e já que estamos considerando que o casamento é a abertura de uma empresa nova, ou seja, uma startup, através do canvas saberá qual é o valor dessa união conjugal, quanto vale o casamento e quanto cada um ganha com isso. É nessa hora que o casal estará maduro para ter uma relação conjugal top de linha. Então na montagem do canvas do casamento deve-se atentar para o Conceito da Escalada, que é a ideia de que um puxa o outro para cima, até que ambos cheguem no topo dos objetivos. Muitos casais se estrepam nessa ideia, porque geralmente a parte que mais se importa, e justamente é a parte que está melhor socioeconomicamente, se joga de corpo e alma para que a parte mais fraca socioeconomicamente se destaque, seja valorizada e consiga atingir objetivos maiores primeiro. Só que daí acontece o imprevisível. A parte que foi "patrocinada" com a energia e todo o esforço da parte que mais se importa e ama começa a ter melhores resultados psicossociais, cultural e socioeconômico. E nesse enredo vem a dura verdade à tona: essa parte emergente se sente confortável com a nova vida e não abre mão que a parte benfeitora se reerga, justamente por medo de ficar por baixo novamente. A relação que era uma balança no conceito da parte benfeitora pela ideia do equilíbrio (eu puxo você pra cima e acima de mim, e você me puxa para cima, e acima de você para que juntos possamos desfrutar do mesmo plano no topo), se torna gangorra, em que se você se eleva, automaticamente eu sou empurrado para baixo. Impossível de haver harmonia. É minha teoria pelo o que vivi duas vezes (quase três) e para mim tem muito sentido. A relação no modelo gangorra funciona assim, se um lado melhora, isto é, sobe, o outro piora, desce, pois se trata de uma relação de competição. Essa parte que se ferra é a parte que teve a pré-disposição para amar mais, é a parte que estava melhor, daí encontra alguém em quem acredita valer todo o esforço e só depois de muito sofrimento percebe que "apostou no cavalo errado". Se houver assimilação desse conceito e conseguir preencher as lacunas do canvas do casamento, então o casal estará mais propenso a ter sucesso na relação do que prejuízo (emocional e financeiro). Continuando... Passado por essa etapa e ambos continuam juntos, firmes e fortes, é momento de falar das possibilidades pós-casamento. E isso implica que a mulher poderá engravidar sem aviso prévio, ou que uma amiga "feladaputa" do trabalho cumprimentou o amigo recém-casado e deixou nele pregado purpurina e um cheiro de "gata no cio". Tem que haver a confiança, acima de qualquer coisa. É um risco calculado a decisão de casamento, então se é calculado tem que ter as possibilidades avaliadas. O próximo passo é falar da família, e isso não é muito agradável, acredite. Deixar estabelecido que o território extra-familiar é aquele em que a família de cada um não tem direito a voto na relação dos dois. Eu tive a dura experiência de ter a visita de meus sogros quase todos os fins de semana, e o que mais me irritava era a falta de desconfiômetro deles de ficarem de manhã - e isso eu digo que é de manhã mesmo, coisa de oito horas da manhã de domingo, até às vinte e duas horas. Nossa, era um inferno ter que encontrar assunto para falar durante esse tempo inteiro, com o sogro mudando de canal na minha TV, sentado no meu sofá e a sogra falando mal da vida alheia e dos extraterrestres o tempo todo. Tinha momentos que eu ia ao banheiro para ficar isolado um pouco, para não enlouquecer. Chegava a rezar pedindo a Deus para emanar forças para eu suportar tanta invasão de privacidade. Era um suplício. Então essa demarcação de território deverá acontecer e virar lei na relação entre o casal pretendente a um casamento de sucesso. E entram nesse diálogo o cachorro de estimação, gato, periquito, papagaio e até peixe de aquário. Se a parte que não tem nada disso realmente está a fim de ter como agregados, ou se prefere ter somente a parte amada. Isso tem que ficar claro, mesmo que a outra parte diga que para ela não dá e que está tudo acabado, entenda: será melhor do que viver da ilusão que o amor é incondicional entre ambos, porque não é. Considerando que o casal chegou até aqui vivos, e o mais importante, se desejando e se querendo (kkkkk), o que será uma bênção, então não partam para o noivado! Se permitam que essa avalanche de decisões e informações se assentem, que a poeira baixe. E depois que ambos estiverem relaxados, com a ideia e os conceitos em paz, sem conflitos nem perguntas a serem feitas um ao outro, então sim, noivem-se e foquem nas melhores sensações que uma preparação de casamento pode oferecer, pois certamente o casamento já deu certo!

Rodrigo Caldeira