CORE - POLÍCIA CIVIL DO BRASIL
Aqui quem fala é o Inspetor Ventura da CORE, Equipe Falcão.
Eu e mais um irmão combatente estávamos no local onde o criminoso conhecido como Playboy e seus comparsas tentaram empreender fuga mediante fogo. Por sorte, e pelo treinamento a nós despendido pela CORE esses anos todos, ainda estamos aqui… mas um dos criminosos não.
A ação foi inteiramente dentro do princípio da Legítima Defesa e do estrito cumprimento do dever legal. Não houve qualquer tipo de excesso ou abuso. Mas isso, quem julgará, como de costume, são as autoridades judiciais.
O objetivo desse texto não é dar explicações a ninguém. Sempre fui profissional e não devo nada a ninguém além da obrigação de cumprir meu dever como Policial Civil. O objetivo é expressar a minha opinião em relação ao circo que está sendo montado por causa da morte desse infeliz.
Esse circo tem duas vertentes.
A primeira é causada pelos comentários delirantes de um certo policial federal, os quais, devido à impressionante velocidade dos meios de comunicação hoje em dia, infelizmente, se alastraram como um vírus. Não vou rebater palavra por palavra o que esse idiota falou. Ao invés, me contenho em fazer uma análise mais genérica, uma que se aplica ao tipo de pessoa do qual ele faz parte.
Refiro-me àqueles que não têm a coragem de estar na arena dos acontecimentos, no olho do furacão, mas que sempre se agarram à primeira oportunidade que têm para denegrirem as ações daqueles que possuem tal coragem. Esse tipo de gente aparece, por exemplo, o tempo todo na Globo para falar atrocidades sobre assuntos que nada sabem. Nesse caso, são os famosos “especialistas”. Esse tipo de gente vive de fantasia, mentindo para si próprios, chamando a si próprios de combatentes quando ainda na ativa. Eles acham que ficar atrás de um poste desferindo tiros a esmo para dentro da favela é um ato de bravura. Eles passam anos se escondendo atrás de uma mesa, atrás de um colega, ou atrás de um nome e, de repente, quando estão ao lado de combatentes de verdade, acham que fazem parte da tribo. Mas NÃO FAZEM! Hienas não andam com leões! Elas esperam os leões fazerem o serviço sujo para só então se esbaldarem. E ahh, como se esbaldam… Chegam a se incluir nos feitos dos outros sempre que possível, pois só assim eles conseguem se sobressair.
“Dois do GPI com dois da CORE”??
Quando eu olhei para o lado no meio dos tiros, eu só vi dois Falcões!
SEMPRE - SÓ - HÁ - FALCÕES - DO - MEU - LADO!!
Quem sou eu para dar conselhos, mas se eu fosse esse policial federal, procuraria os verdadeiros combatentes da Polícia Federal (e eu conheço MUITOS) e pediria desculpas a eles. O senhor não deve nada a nós da CORE, pois não faz parte de nós. Mas tenho certeza que diversos irmãos da Federal compartilham dos nossos sentimentos e a eles, sim, acredito, o senhor deve explicações.
A segunda vertente do circo montado diz respeito às inúmeras manifestações visuais que veem inadvertidamente chegando ao meu conhecimento via meios de comunicação. Como “manifestações visuais”, me refiro a fotos, montagens, audios e vídeos retratando o regozijo pela morte do criminoso em questão. Muitas dessas manifestações foram criadas por populares (cidadãos não policiais) a partir das fotos divulgadas na mídia. Infelizmente, não temos como evitar isso. Mas temos SIM como evitar o aparecimento dessas fotos na mídia em primeiro lugar! Aliás, não devemos nem sequer tirar fotos. Qual o motivo? Alguém aqui gosta de ver cadáveres?! Caso positivo, o seu lugar é em uma clínica, não na Polícia Civil e muito menos na CORE. Até na Morte há respeito. Será que esquecemos que TODOS temos famílias? Queremos que uma mãe veja seu próprio filho morto em meio a piadas?! Será que só eu penso assim?!
Ninguém nunca mais tirará fotos em uma ocorrência em que eu estiver envolvido. Pode ser Falcão, autoridade policial, o Governador ou o presidente da República. Se eu ou os meus estiverem envolvidos, NÃO haverá fotos! E eu digo isso aqui, pois acho que essa deve ser a conduta de todos. Vivemos hoje em um Mundo diferente. A tecnologia avança em passos tão largos que não conseguimos acompanhar. Há poucos anos relativamente, mal havia celulares em circulação. Agora, todos temos câmeras de filmar conectadas à Internet dentro do nosso bolso a todo momento. Vivemos um verdadeiro “Show de Truman”. Ninguém esperava, no entanto, que o Mundo estaria assim quando fizeram o filme (1998). Mas ele está!
E não é esse o principal problema. O principal problema é que, junto com a tecnologia, os nossos valores estão evoluindo também. Ou melhor, INvoluindo. Essa é a geração Big Brother, a geração “selfie”, a geração Facebook, onde as pessoas se veem como o centro do Mundo, onde realmente acreditam que o lado de lá da conexão está interessado de verdade no festival de fotos idiotas, com comentários mais idiotas ainda, que se colocam a disposição de todos diariamente. Hoje, as pessoas querem PARECER e não SER. Caráter, honra, humildade, comedimento, disciplina, abnegação…. são todas palavras que estão entrando em desuso. Eu tenho sinceras dúvidas se os adolescentes de hoje sequer ouviram falar dessas palavras. Mas de onde eu vim, elas são TUDO.
Agora, juntem a tecnologia atual e a falta de caráter atual e tem-se o resultado visto esse dias: banalização de uma morte e mentiras motivadas por valores baixos, ego e fraqueza de espírito. E tudo isso circulando por aí na velocidade de um clique de botão…
Termino esse texto dizendo que eu NÃO estou cansado de combater; não estou nem mesmo cansado de ir a cemitérios enterrar meus amigos, pois sei que eles morreram cumprindo sua missão, uma missão extremamente necessária. Eles morreram como Homens! Não estou cansado de dar meu sangue pelos outros. Ao menos, meus filhos um dia saberão o pai que tiveram. Mas eu estou SIM cansado é dessa palhaçada! Dessa sociedade de frouxos e falsos moralistas que o Rio, o Brasil e o Mundo se tornaram. Mas especialmente o Rio. Estou cansado do Mundo de mentira que se prega aos Sete Ventos como forma de disfarçar essa podridão que, no fundo, todos (ou quase todos, felizmente) desejam manter prevalente. Estou cansado de idiotas como esse policial federal hiena. Cansado das madames do Leblon que olham para os nossos fuzis como se fôssemos extra-terrestres. “Pra quê isso tudo?” elas murmuram. A estupefação é porque elas ainda se encontram no primeiro estágio cognitivo de qualquer viciado em drogas: a negação. Elas não querem acreditar que vivem no meio de uma guerra. Elas são viciadas na mentira que permitem que elas vivam no seu mundinho fantasioso. Para a sorte delas, no entanto, existem homens que, mesmo cansados, mesmo criticados e ameaçados pela própria Sociedade pela qual lutam, continuam fazendo o serviço sujo.
O serviço sujo NÃO é executar criminosos. Não fomos treinados para isso. O serviço sujo é deixarmos nossos filhos em casa e irmos correr em meio a tiros de fuzil para chegar onde ninguém parece querer que cheguemos. O serviço sujo é arriscarmos o bem-estar das nossas famílias para garantir o bem-estar de outras que nem conhecemos.
Felizmente, Falcões não pensam nisso. Eles estão muito ocupados, ombro-a-ombro com seus irmãos, progredindo para o olho do furacão…
FALCÃO SEMPRE!!