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http://blogdorodrigocaldeira.blogs.sapo.pt

Se trata de um diário pessoal aberto, onde as pessoas podem ler experiências pessoais de vida, de relacionamentos, reflexões psicológicas, sociais ou pessoais.

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Se trata de um diário pessoal aberto, onde as pessoas podem ler experiências pessoais de vida, de relacionamentos, reflexões psicológicas, sociais ou pessoais.

MENOS é MAIS

05.07.16, Rodrih

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Constantemente vemos no Facebook pessoas com 500, 1.000, 4.000 ou mais amigos. Eu nunca entendi essa matemática no quesito benefício. Não sei, posso estar errado. Mas conversando com uma psicóloga do RH de uma multinacional, ela deixou escapar que é fator primordial que os candidatos tenham perfis no Facebook, Linkedin, Instagram dentre outros. O motivo, no primeiro momento de seu discurso marketeiro era que a empresa se interessava por candidatos sociáveis, que tivessem condições de boa comunicação e bom relacionamento social. Daí ela se empolgou e me mostrou seu perfil no Facebook. Fiquei pasmo com o 3.608 amigos adicionados. Conversa vai, conversa vem, falamos de outras coisas mais e perguntei sobre o aniversário dela. Ela, orgulhosa, me mostrou as mil e tantas felicitações de aniversário. Uau! Impressionante! Apontei para alguns e perguntei: "Esse aqui com certeza te conhece bem" em que sua mensagem era daquelas feitas e pré-fabricadas. No ímpeto defensivo respondeu: "Nunca vi mais gordo". Retruquei, mas não é possível que desses mil você não conheça, pelo menos, oitocentos, ou de três mil e seiscentos e oito você não conheça uns quinhentos. Ela me olhou e com uma expressão de "no sense" me respondeu: "Você sabe que não conheço, ninguém conhece". Perguntei então por que manter três mil e cacetada de amigos no perfil pessoal em que continham fotos dela de bikini, com a filha de nove anos, fotos de família, do cachorro etc., e a resposta foi óbvia: "Meu amigo, trabalho no RH da "empresa tal", nosso interesse é a publicidade indireta e o Facebook faz isso muito bem, é propaganda gratuita. Candidatos com menos de 100 amigos não são interessantes para contratar, porque não se divulga, não se vende, entendeu? Ninguém tá preocupado se é amigo ou não, se é família ou não. O que interessa é se quando eu posto algo sobre o "produto tal" ele estará no mural de toda a rede social. Você parece que é inocente, acorda meu filho!". Eu tive que rir, inocente foi ela que falou mais do que devia. Pois então é isso mesmo, manter multidões que nem caberiam num salão de festa do seu aniversário é uma insanidade total, absurda, uma exposição cavalar de uma intimidade violentada. Uma permissão sem noção de invasão de privacidade, uma dicotomia moral, um axioma cognitivo. Um "estupro-coletivo" da vida privada, particular do indivíduo. Não se sabe quem é o tarado, o pedófilo, o misógino, o racista, o golpista dentre tantos "amigos", a energia emanada de tanta gente faz um rebuliço quântico na vida da pessoa, e ela não se dá conta de onde vem tanta energia estranha. Desejos excessivos, invejas e controles maliciosos, tudo de uma só vez. Não é possível que com tanta informação disponível as pessoas não se dão conta do quanto estão expostas ao mal. Dizer que é "Network" é tapar o sol com a peneira, porque ninguém tem um leque de amigos de negócios gigantesco, como se o perfil fosse uma tarrafa que se arrasta no fundo do oceano trazendo para a superfície todo tipo de coisa que conseguir pegar. Isso é uma insanidade e as pessoas agem inertes, como se vivessem num encantamento, como se os leões viessem devorar e a reação fosse de manter o corpo estático, sem a mínima percepção do perigo real. No meu perfil que retorno desde 2013, quando o excluí, 97% das amizades adicionadas são pessoas que falam comigo constantemente e não por conveniência. Ao longo dos 3 anos sem Facebook desapeguei da necessidade de ter trocentos amigos - muitos que nem desejava adicionar, outros tantos que só tinha visto uma vez na vida, alguns que sabia da existência, além de parentes que tinha que tolerar piadinhas sem graça, outros de comunidades religiosas ou amizades de infância que, sinceramente, só lembravam de mim quando me viam ou eu me manifestava. Com meus 45 anos entendi que não preciso ser conveniente com gente desinteressante, não preciso ser cortês com aqueles que sorriem pra mim na minha frente e falam de mim nas minhas costas. E tampouco sou obrigado a manter as aparências. Descobri algo fantástico em mim: Sou um cara animado, intuitivo, perseverante. Líder por natureza, gosto de conversas inteligentes e interessantes. Sou bacana, calmo e controlado. Tenho interesse em pessoas divertidas, curiosas, pau-pra-toda-obra e positivas. Por isso, agora, dessa vez, menos é mais, quanto menos estranhos em minha vida, mais divertida, saudável e interessante ela se tornará. O resto é excesso acréscimo.