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http://blogdorodrigocaldeira.blogs.sapo.pt

Desde 2008 - 716.000 visualizações em todo o mundo. Diário pessoal aberto, onde se pode ler experiências pessoais de vida, de relacionamentos, vislumbrar reflexões psicológicas, sociais e até pessoais.

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Não acreditar no amor

24.07.15, Rodrigo Caldeira

Venho ao longo dos anos tendo cada vez mais entendimento de que não devo/devemos acreditar no amor. Partindo do princípio lógico de que por amor Deus criou a Terra e seu firmamento, e depois de um monte de blablabla ele criou Adão e Eva, que pisaram na bola e foram expulsos do paraíso, mas por amor Deus poupou aos dois e entram aí mais um monte história. Por amor uma porrada de gente morreu no dilúvio por amor aos inocentes, as Cruzadas matou muita gente senão por amor a Deus, certamente por amor a alguém, como Tristão e Izolda, Paris morre por Helena em Tróia, Romeu por Julieta etc. Cristo foi crucificado por amor à humanidade. O amor já tentaram explicá-lo em Lusíadas, mas Camões falou, falou e não concluiu nada. Em os Coríntios, alguém do timão bíblico falou um monte de coisa e no fim não disse coisa com coisa. Por amor a mulher dá a luz e sente as dores do parto. E como bem diz Nando Rosa, eu matei o amor por tantas vezes e o que será de mim? Busquei o amor em casamentos e não encontrei senão só a minha ignorância de amar quem não me amava, mas talvez as condições que eu proporcionava. Busquei o amor longe e a decepção veio do mesmo lugar desse porto (in)seguro. Tenho vivido o amor a prestações, ora febris, ora pálidos. Sonhei com o amor por quase toda a infância, passei a adolescência amando ninguém, simplesmente porque vislumbrava o sentimento de como seria maravilhoso amar alguém. Na juventude amei muito nos amores platônicos, mas nunca perdia o foco no amor. Meio adulto amei e amaram minhas condições propoentes. Amei tanto o amor que aos dezesseis anos vi o rosto da mulher amada numa meditação, justamente 24 anos depois a encontrei, a conquistei, fui de encontro à ela a 1600 km de distância e ela me traiu meses depois. kkkkkkkk e ainda dizem que o amor é lindo. Era engraçado isso. Tinha ocasiões na juventude, que eu sentia tanto amor que me apaixonava pelo amor em si. Simplesmente eu estava amando, mas amando quem? Ninguém sabia, e nem eu. O amor simplesmente não me suporta, e eu agora entendi isso. Também não tenho mais paciência com ele. Metido, orgulhoso, sacana - o amor se acha. Amei cada uma das mulheres que tive a parcela para mim - não foram muitas, é verdade, mas as que tive ora me feriram, ora me adoçaram a vida um pouco - meu olhar, meus gestos, minhas massagens, meus toques, meu tratamento, tudo o que fiz foi com um sentimento de amor intenso e direcionado, nada foi padronizado, nada foi calculado, muito embora tenha quem pense que sou estratégico. Perdi o medo da chuva, do bicho papão, papai noel ou mesmo de fantasma, na verdade nunca vi um, nem espírito, nem alma, nem nada com os olhos que tenho. Então estou estando. Tenho estado. Andei nuns pegas, vi que sou bom nisso, não só sexualmente mas psicologicamente, já que enquanto estou praticando, também estou trabalhando a psicologia do tantrismo e o psicológico da amada, algo que me levanta muitas reflexões durante minhas entregas. Uma amiga me disse que existe o lado ótimo disso tudo que eu falei e existe o lado "que saco, dá só pra curtir não?". É verdade, eu me comparo muito com o filme "entrevista com vampiro", em que  Lestat de Lioncourt (Tom Cruise) disse que na época em que a peste assolou a Europa, eles tiveram que substituir sangue humano por sangue de sapos. E é mais ou menos assim que me vejo, aliás, é assim que vejo muitas pessoas fazendo - não que o sapo seja visto pejorativamente, mas visto como um animal disponível na ocasião e livre da peste por estar nas lagoas e não nas cidades, e eu poderia me referir às cabras, coelhos, enfim, mas estes também estavam infectados. Ou seja, na ausência do amor pelo amor somente, à medida de minha inquietação, exigências, vontades, desejos e interesses, eu me alimento de paixões momentâneas, corriqueiras, gozos calculados, e agrego um espírito empreendedor, altruísta nisso para que não se torne tão monótono, já que quando tive a experiência de que a coisa se torna monótona eu deveras brochava. Talvez contasse nos dedos de uma só mão aquelas que vivenciei o momento intensamente, sem empreendedorismo, mas com muita entrega. Não que eu seja frio e calculista, nem que eu brinque com os sentimentos das pessoas, mas expresso algo verdadeiro, honesto e isso vai bater contra conceitos pré-formados para muitas pessoas. O nosso humano não foi preparado para a honestidade, estamos sempre nos cobrindo com véus, máscaras. Nos iludimos à medida que podemos, porque não queremos ver a verdade nua e crua, não aceitamos o óbvio e queremos vestir de beleza as coisas feias e nocivas para nós. E continuando a reflexão, não sou dado ao sexo pelo estímulo das putarias, sou romântico até nesse quesito. Às vezes me apaixono profundamente, e ironicamente as cobranças que me fazem também me convencem que me apaixonar é uma armadilha, um erro a ser evitado. Mas se é para sair comendo a torto e à direita, sinceramente, prefiro as punhetas. Estou no ápice de meu fetichismo masculino, numa espécie de Casanova com Don Juan, tenho prestado consultorias gratuitas a pessoas com deficiência nos relacionamentos, justamente porque se comportam extremamente mal, erradas com elas mesmas, erradas com a pessoa amada, não se entregam, mas negociam suas entregas, como se negociassem um refém. Aliás, são pessoas que se portam refém da relação e com isso passam a odiar seu possessor. Homens mentirosos, mulheres tolas. Sempre a mesma coisa, tudo igual, só muda o nome dessas pessoas e seus endereços. E isso também já está me cansando. Casar duas vezes foi a pior burrice que cometi em toda minha vida. Não tinha preparo físico porque não transava como transo hoje - apesar que já brochei duas ou três vezes por puro desinteresse de estar ali, simplesmente agindo pelo instinto bruto e ignorante do encontro, isto é, o sexo sem sentido, o sexo pelo sexo e nada mais, cumprindo metas masculinas de varão, e isso faz minha mente girar. Detesto esse tipo de conclusão sexual, não tem o menor sentido encontrar uma mulher para simplesmente comê-la sem sequer ter havido um convívio, um porquê, uma motivação maior do que a meramente sexual. Não é comigo esse comportamento irracional, por mais que deliciosa que seja a mulher, tem que haver algo mais inteligente do que simplesmente ficar pelado e trepar. Certamente há explicação para tudo.e em meu psicológico eu não estava apto para constituir família, mal tinha cabeça para cuidar de uma família de hamisters, o que dirá uma nova família para mim. Deus me assustava e muitas vezes me inibia sexual e até masculinamente. E despreparado namorei uma linda moça sem estar pronto para isso, fui meio que super protetor, e isso foi uma extensão do que também fui para as ex-mulheres. Hoje estaria pronto, talvez não veria graça nessas mulheres com quem me envolvi sentimentalmente, na verdade nunca estive tão pronto como estou hoje, mas por ironia do destino não há a disponibilidade na safra de minha horta à colheita de um fruto que eu realmente tomaria para mim. É engraçado isso, a vida brinca com a gente. No momento em que não temos condições de ser alguma coisa para alguém, mulheres interessantes surgem para nos provocar decisões, empregos ou oportunidades de grandes negócios caem do céu na nossa frente, justamente porque não temos a competência para agarrá-lo. E no momento em que estamos preparados só ouvimos o silêncio e os grilos e do vento que empurra o novelo de espinhos deserto a fora. Obviamente, que não acontece muita coisa na minha vida sentimental, justamente porque eu não me permito que aconteça. É tudo tão instável, tão momentâneo... Essa amiga me recomendou um psicólogo, pôxa, mais uma que acha que não sou normal... hahaha... (uma vez perguntaram não sei pra quem, acho que foi para o Lobão se ele era normal. E a resposta foi interessante: "De perto ninguém é normal") e eu não quis desfazer da tentativa dela, mas certamente ela perdeu o tesão de tentar me ajudar, ainda que não tivesse pedindo ajuda. Minha cabeça não precisa de tanto raciocínio para entender o que se passa comigo ou saber o que preciso fazer. Sei o que preciso e sei como fazer, só não tenho a condição ideal para isso, muito embora há dois pensamentos em mim: O primeiro de que mesmo não tendo oportunidades de me relacionar, já me dei por satisfeito dessa novela toda, logo não me incomoda o fato de não ter alguém, sinto falta às vezes, mas não é o fim. O segundo se dá pelo status social, o prestígio, já que em algum momento isso será corrigido em minha vida e não quero estar envolvido com qualquer pessoa que pegue carona na nova fase que viverei, posso estar sendo egoísta, mas se pararmos para refletir, geralmente a fase que você vive não é a mesma que a pessoa que está com você estará vibrando, daí geram os conflitos e a herança disso são tristeza e separação. Entretanto, também estou preparado para o que der e vier, já que tenho uma gama de opções nas mulheres que conheci e que gostaram de mim. E se elas lerem este post? Bom, serão justamente as que eu não precisarei mais contar para alguma coisa relacionada ao sentimento, mas quem se importa? É como a mosca na sopa, você mata uma e vem outra no lugar. Ninguém fica sozinho, se ficar é porque quer ou não sente falta. Ou é uma pessoa tão cheia de paranóias que consegue fazer com que as pessoas se afastem dela. Sempre se conhece alguma pessoa legal ou desesperada por alguém, e isso acontece desde que o mundo é mundo. Então essa amiga me indicou um psicólogo muito conceituado, encheu o cara de flores e plumas, quase pensei que estivesse falando de um super star, mas, sinceramente, este psicólogo é como outros que buscam alternativas mais convincentes, é tão comum quanto qualquer outro, ainda mais seguindo uma linha oriental, alternativa, porque na falta ou ausência de ferramentas ou mesmo de munições da ciência da psicologia tradicional ele fez um guizado misturando a ciência com as tradições. Tudo é válido, mas há para quem é válido, assim como tudo pode ser comido, mas depende quem vai comer e o quê. "Todo dinheiro é válido, depende se você está no país certo", e por aí vai. Para ser mais preciso, é que não há a terapia perfeita ou o terapeuta ideal, tudo está em você, e o profissional ou a pessoa que está na sua vibe só faz despertar isso. Não há segredo na vida, tanto que até o próprio Cristo dizia "a tua fé te salvou"... percebe o que estou dizendo? Se você não quiser mudar, não há Jung ou Freud que mude você. Em Star Wars o Jedi Mestre Yoda diz "em você a força está", Ghandi também se referia a força interior, Mahadeva Shiva traz em sua literatura o universo de benfeitorias que seu Eu disponibiliza para você. Em Matrix,  Thomas Anderson (Keanu Reeves) é um entre os milhões de seres humanos adormecidos, que resolve acordar para dentro de si e ver um mundo novo. Todos, o tempo todo, dizem as mesmas coisas, buscam no outro a solução para problemas que são gerados dentro de suas próprias mentes. Não há segredo! É tudo uma questão de observação do observador e do observado. A amiga bem disse que existe conhecimento no mundo que sequer conseguirei alcançar em sua totalidade nessa vida existe a percepção do outro, que está para além desses conhecimentos, conhece coisas das quais eu falo e desconhece outras tantas também. Continuou dizendo que acontece que eu tenho mesmo um conhecimento gigante, mas às vezes parece que eu me perco em coisas simples e pequenas que estão à minha frente e por isso a sugestão (não aceita) do psicólogo. E continuou dizendo que gostaria que eu me percebesse nessa simplicidade que eu me pareço me perder às vezes. Engraçado é que sim, concordo com ela, e o ato de me perder é como a fumaça do vapor acumulado da maria-fumaça, precisa ter um escape de fraqueza, senão a pessoa pira. Todos nós precisamos nos perder vez em quando, é um ato de purificação ou de renovação química neural, senão ficamos chatos, ranzinzas, frios e mecânicos. Levo comigo um segredo, na verdade é uma observação, um conceito meu, obviamente não é científico, até porque quem sou eu para servir de base na cadeia acadêmica: Três fatores deprimem o ser humano: ausência, excesso e frieza. Três fatores estabilizam o ser humano: beleza, status e desejos. Três fatores estragam o ser humano: ausência de beleza, ausência de status e ausência de desejos. Então com esses fatores se consegue fazer a matemática do perfil de uma pessoa. Não tem erro. Já testei e venho testando há mais de dez anos. É bingo sempre. Se a pessoa tem excesso de coisas, qual é a primeira coisa que vem à cabeça? Oras, que quem tem mais reparte com quem tem menos, é óbvio. Mas quando essa pessoa tem mais e se torna fria com o muito que tem, ela se deprime, pois seu poderio perde o sentido. E se ela não tem muito, ou quase nada? Qual é a primeira coisa que vem à mente? Que essa pessoa parta para conquistar as coisas. Mas quando essa pessoa tem pouco ou quase nada e se torna fria com o pouco que tem, ela se deprime, pois não terá nada a perder, e não tendo nada a perder, ela já perdeu e estará perdida. E sua estabilidade está na beleza, porque todas as pessoas tem um quê de vaidade, até índio tem vaidade! Está também no status, porque todas as pessoas do planeta ostentam alguma coisa, justamente porque o status gera reconhecimento, que gera respeito, e sim, até índio tem status. E está nos desejos, porque os desejos sexuais, materiais, mentais, físicos, alimentares dentre outros dignificam o ser humano e o faz sentir-se vivo. E o que estraga qualquer humano é a ausência desses três fatores: beleza, status e desejos. Qualquer pessoa que tiver um problema e quiser resolvê-lo estará com excesso ou ausência, e a frieza será identificada nessa cabeça. E qual é a resposta para essa pessoa? Seja bonita, tenha reconhecimento, isto é, status e pratique seus desejos. Pronto, está curada. E tudo isso foi para dizer que não será um psicólogo que me trará soluções para o que preciso, já que a solução acabei de dizer. Certamente quem ler este post até aqui me julgará indigesto, insensível e até imaturo. Não tem problema, esse texto é uma obra de arte agressiva sim, como são as pinturas de Frida Kalo, são surreais, como as pinturas de Salvador Dali ou mesmo dirão que são assombrosas, como as gravuras de Goya. É um grito, um desabafo, um pedido de socorro em mim, como diz a letra de Ney Matogrosso no Sangue Latino, principalmente porque jurei mentiras e sigo sozinho, e assumo os pecados. Eu sou indisfarçável, mas não sou farsante. E o amor? Bom, o amor é como a morte, um dia você dará de cara e não terá escapatória. Mas certo mesmo é a morte.