Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

http://blogdorodrigocaldeira.blogs.sapo.pt

Desde 2008 - 716.000 visualizações em todo o mundo. Diário pessoal aberto, onde se pode ler experiências pessoais de vida, de relacionamentos, vislumbrar reflexões psicológicas, sociais e até pessoais.

http://blogdorodrigocaldeira.blogs.sapo.pt

Desde 2008 - 716.000 visualizações em todo o mundo. Diário pessoal aberto, onde se pode ler experiências pessoais de vida, de relacionamentos, vislumbrar reflexões psicológicas, sociais e até pessoais.

Por que você está só?

26.06.14, Rodrigo Caldeira

 andando sozinho.jpg

Assim como eu, por que você está só? O que lhe falta ou o que você busca? Está esperando um dia melhor para vir e acontecer? Alguém melhor que possa saciar sua fantasia versus sua vontade de estar bem acompanhado? Quer o melhor do melhor? Está em dúvida sobre quem é que merece ter você por companhia? Não sabe o que você quer de fato? Ou será que você é uma daquelas pessoas viciadas em solidão? Pois'é, toquei na ferida, né? Se você se sentiu incomodado com essa hipótese, saiba que pode ser que esteja sofrendo de "solitarismo" e isso lhe é um mecanismo perigoso de viver a vida. Solitarismo é o sentimento de viver em constante solidão sem estar só, é sentir necessidade de alguém sem se permitir ser acessado por ninguém. Quem vive no solitarismo convive bem com as pessoas, participa de redes sociais, conversa normalmente e é até uma pessoa muito bem relacionada, mas está sempre aprofundada no seu universo solitário, não divide suas emoções com ninguém, não interage em prol de alguém e tampouco vive as alegrias que lhe surgem, porque está sempre esperando que Aquela pessoa especial se apresente como pretendente incondicional. Viver em solitarismo é pior do que viver em solidão, porque quem vive em solidão vive a angústia de estar só sem ter forças para lutar por si mesmo pelo amor ou tesão de alguém. Já quem vive em solitarismo está sempre querendo viver a história que não é sua e por isso prefere perder oportunidades a ter que criá-las. Se você parar para pensar, atualmente uma relação entre duas pessoas que se gostam pode durar de um a três anos, às vezes passa disso um pouco. Sabendo que você viverá mais de trinta anos com a jovialidade necessária para manter um pique humanamente interessante, você poderá viver cerca de oito a dez relacionamentos nesse meio tempo. Ou seja, são basicamente uma dezena de pessoas maravilhosas que você terá conhecido e namorado, vivido alegrias e alguns aborrecimentos, sentido paz por ter alguém com quem transar e curtir, e sentido frustração por ter esse mesmo alguém cobrando e enchendo seu saco. Não há necessidade de viver em solitarismo, você pode muito bem viver um relacionamento interessante e instigante, sexy e sensual, amigo e companheiro, e dar o nome para isso de uma aventura demorada. E quando for vivenciar a relação com a pessoa, você não deve cometer a gafe de ficar lembrando-a de que em breve, ou possivelmente a relação poderá acabar pelo desgaste natural que acontece em tudo nesse mundo. Conheço garotas (quando digo garotas me refiro às mulheres), que são tão patéticas quanto à triagem que elas fazem, quase enredando o clássico filme "A espera de um milagre", porque o que elas fazem é isso, ou seja, abrem mão de situações que podem viver relações intensas e animadas, ainda que temporárias, para entrarem de cabeça no solitarismo, isto é, aquela que recua diante uma proposta de aproximação, sempre acreditando que virá algo melhor, mas a grande verdade que isso é uma enorme ilusão, uma auto-sabotagem. Se você não pode viver uma relação estável e duradoura, se permita pelo menos viver aventuras estáveis e que lhe faça muito feliz. Até porque a prática leva à perfeição, e você pode gostar tanto da aventura que vive ou viveu, que melhor do que um coadjuvante na sua vida que sempre está para satisfazer seus momentos e seu tesão momentaneamente, você desejará arduamente ter alguém que faça a mesma coisa, mas que tenha o mesmo desejo de ter alguém para muito ou toda a vida. Isso é muito simples de entender, até porque faz parte da sua vida e sempre fará, porque quando você pratica algo que, a princípio, não lhe é tão confortável, pois demandará um certo interesse de mudar um pouco seus costumes solitários - até porque quem vive no solitarismo terá um pouco de dificuldade para aceitar situações inovadoras em sua vida. Mas não inove de uma vez, e sim aos poucos, como a natureza, que mesmo se recriando sempre, faz isso tão lentamente que não notamos como crescem os arbustos. Eu vivo uma vida solitária, mas não vivo o solitarismo. Minha vida solitária provém de um emaranhado e complexo trançado de motivos, que não me trazem segurança nem me pacificam o espírito. Então eu me permito viver o que antes eu jamais me permitiria. Às vezes busco, vez outra sou buscado, requerido ou solicitado. Por um lado isso me é bom, preenche minha alma e me afasta da solidão, mas por outro lado me consome energia e me tira do foco principal. Não reclamo, porque querendo ou não, mais aprendo do que ensino e não há nada melhor do que simplesmente aprender e ensinar com alguém que está com você pelo prazer de estar ao seu lado, ainda que por uma estação. Quem vive em solitarismo está fadado a morrer solitário. E como sair do solitarismo? Pode parecer piegas ou excessivo o que vou dizer, mas é a grande verdade. Goste da sensualidade e da sua sexualidade, viva a lascívia de sua vida, goze, sorria, beije, aventure-se e cuide-se também. Ninguém conhece o amor se não conhecer o que é a paixão, a ardência de uma vontade, a oportunidade de uma experiência com alguém. Ônibus, avião, trem, barco, enfim, até bicicleta, moto ou carro estão aí para que se possa viver sua estação de felicidade, então pense rápido e viva sua vida com a intensidade que você julga merecer. Se exponha um pouco mais e mostre sua cara para que seja vista, porque sempre terá alguém que gostará de você e quererá viver a delícia de se envolver com você inteiro, seu corpo e seus pensamentos. Mas livre-se do solitarismo. 

 

"Solitarismo"

Quero sim,
Viver assim
Numa eterna euforia
Na espera do meu bem querer, bem querer

(João Paulo Tenório)