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http://blogdorodrigocaldeira.blogs.sapo.pt

Se trata de um diário pessoal aberto, onde as pessoas podem ler experiências pessoais de vida, de relacionamentos, reflexões psicológicas, sociais ou pessoais.

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Porque amar pode dar muito errado

20.04.22, Rodrih

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Assim me escreveu uma pessoa: "Recentemente me apaixonei, e apaixonei muito. Meu peito não cabia outro sentimento, senão o de projetar um sentimento pleno e confiante em gostar de alguém. Vi nessa pessoa o futuro mais bonito, de sua realização como profissional e em seus projetos pessoais. Estava disposto a conquistar o mundo junto da pessoa amada, e fazê-la se sentir especial. Mas com o tempo de diálogos, raros, de atenção quase mendigada, que estava amando o vazio". De fato, primeiro que, para amar alguém você nem precisa ter o primeiro encontro, porque o amor é um sentimento, e não uma roupa que você veste para experimentar e ver se serve. O sentimento tem que ser por antecipação, tem que gerar energia e poder. Os romancistas nos faz lembrar em seus best sellers, que os romances mais intensos, mais lindos e que mudaram o rumo da história foram justamente os que o amor surgiu antes mesmo dos amantes trocarem o primeiro beijo. Havia cumplicidade, entrega e um interesse mútuo na felicidade a dois. Trocavam-se cartas, que demoravam semanas ou meses para chegar até as mãos da pessoa amada, e ali estavam palavras - já um tanto antigas - de um sentimento bastante atual. Apaixonar-se por quem não acredita no seu amor é saltar de cabeça numa piscina sem água, não dá certo, não funciona. Neste caso, amar quem não crê na sua paixão, pode dar muito errado. Tudo para dar certo na vida sempre dependeu do quanto você acredita e não do quanto você duvida, sempre foi assim desde as primeiras civilizações, e continua sendo até os dias de hoje. Se para quem ama, o sentimento fortalece, edifica e empodera, para quem duvida do amor verá isso como controle e ansiedade. Não, não está certo, isso não vai adiante, está bem claro, não tem futuro. É preciso sentir amor mútuo, lá e cá, e se lá se percebe que vale a pena a pessoa que propõe esse sentimento, cá se acompanha simplesmente porque investir no amor é isso, é apostarem juntos no mesmo cavalo. Os casamentos estão em ruína porque os casais apostam em cavalos diferentes, isto é, o esposo investe nele, a esposa investe nela, e ambos investem no que querem consumir. Não há investimento um no outro, na relação, no sentimento, no projeto de vida. Quando você percebe que a parte amada pouco te responde em atenção, pouco manifesta seu sentimento, e raramente responde a suas mensagens, acredite, você está amando no vazio de sua insignificância, não tem energia aí, não tem a mínima possibilidade disso dar certo, porque será sempre um lado que ama sem ser correspondido, e o outro lado que ama a si mesmo, sem corresponder. Para quem ama, a outra parte está insegura de se entregar, mas para essa parte que é amada a verdade é outra, se trata de uma pessoa narcisista, e se envolver com uma pessoa narcisista é investir num salto de paraquedas usando mochila de acampamento. Sairá tudo dessa mochila, menos o que você mais precisa, um paraquedas. Não vale o risco. Uma pessoa narcisista é controladora, mas o nome usado é que é ciumenta, também é individualista e autossuficiente. Essa pessoa não precisa do seu amor, por si só se basta, porque seus valores são outros, estão em outras coisas, não em você e no projeto de vida que você propôs. Filhos únicos geralmente são narcisistas, e se a criação não tiver sido alicerçada nos valores da doação, da entrega e do amor acolhedor, certamente a pessoa que você escolheu amar não terá essa referência para retribuir. Infelizmente é assim que acontece, e tanto quem se apaixona por alguém assim sofrerá o fardo do descaso de sua paixão, como quem for a parte de lá, que acredita que o mundo gira em torno de si mesma. O mundo é como um moedor de carne, só que para este caso, também é um moedor de almas. Quem se propõe amar sem medo de acolher, vai encontrar alguém sem medo de ser acolhido. E quem se propõe a dar pouco valor ao amor de alguém por si, encontrará sempre alguém igual ou definitivamente obsessivo. Raramente uma pessoa narcisista percebe a oportunidade de aprender com aquela pessoa que sente por si a paixão arraigada de um amor intenso e edificante, seu subconsciente sempre se sentirá atraído por pessoas de igual sentimento vazio. Amar pode ser certo, desde que os amantes saibam o valor desse amor, porque não é possível amar sozinho.