Quer ser assaltado? Vá ao aeroporto.
Há tempos que viajar de avião não é mais um feito de luxo. Hoje em dia é mais uma opção de locomoção. Lembro de quando meus pais viajavam pela Varig, naqueles aviões com turbina de hélices, e o serviço de bordo era digno de foto para postar no Instagram, se fosse hoje em dia. Talheres bem acabado em inox, com o emblema prensado da companhia aérea nos cabos, pratos de porcelana e alimentos deliciosos, com direito à sobremesa, em que a colherinha também era em inox com o logotipo prensado no cabo. Guardanapo em algodão, coisa fina mesmo. Foi um tempo no passado, como muita coisa que passou e era de difícil alcance. Porém, atualmente, viajar de avião tem sido necessidade, para alguns se tornou até cansativo de tanto ir e vir nesse transporte. Em 2005 fui um desses que já não aguentava mais fazer uso de aviões para ir nos lugares a trabalho. Viajei por cerca de 64 vezes durante esse ano, em que pensar em viajar de avião me causava estresse e irritação, porque queria praticidade, do tipo, bora fechar essas portas, deixar de muita apresentação e pegar o beco logo. Isso mostra que viajar de avião não é mais item de diversão, senão de mero meio de transporte. Entretanto, não é o que as empresas que mantém seus negócios nos aeroportos perceberam. A cultura de lojas, cujo nomes ninguém nunca ouviu falar nem viu em outro lugar, senão nos aeroportos, é a de assaltar os passageiros com preços surreais dos seus produtos. Uma verdadeira roubalheira descabida, em que até franquias como a SubWay se deu a fazer parte do conluio com essas lojas inescrupulosas. Você poderá encontrar no aeroporto de Guarulhos, no terminal 2, onde os passageiros ficam reféns de lojas ladras, cujos preços são verdadeiras aberrações, a exemplo temos: Batatas Chips de 165gr da Elma Chips por R$ 15,00 (US$ 3,61), quando o preço geral está cinco reais. Água mineral de 350ml por R$ 5,00; quando o preço geral está em dois reais. Cabo para carregar o celular por R$ 168,00, quando o preço geral está em vinte e cinco reais e carregador a R$ 257,00, quando o preço geral está em trinta reais - os modelos que se encontra no comércio popular. Caixa de bombom Garoto por R$ 29,00, quando o preço geral está entre seis e oito reais, a um tablete de Hall's por R$ 8,00, quando o preço geral está a dois reais. Na franquia da SubWay, cujos preços são acessíveis em todo o território nacional, o mesmo sanduíche de 15cm que custa quase dez reais, lá nesse terminal custa a partir de R$ 26,00. Você encontra cafezinho contendo 25ml a R$ 8,00 e um pão com manteiga na chapa por R$ 15,00. O famoso e prático pão-de-queijo a R$ 5,00 cada - num tamanho menor que um sabonete. É uma cultura do roubo, da exploração, do constrangimento ao passageiro, que não tem a opção de se alimentar sem ser extorquido. Não obstante, essa cultura do roubo, da exploração, de tornar o cliente refém se estende às administradoras dos aeroportos, como há no aeroporto de Brasília, em que todos os pontos possíveis e imagináveis de estacionamento público foram demarcados, fechados ou interrompidos, forçando a todos os motoristas a usarem os estacionamento pago a R$ 15,00 a fração, ou seja, não importa se o sujeito ficar 15 minutos, pagará o mesmo valor que o outro ficar por uma hora. E ainda contam com a parceria do DETRAN e da Polícia Militar nessa armação, cuja pistas públicas foram invadidas para ampliação do estacionamento. São assuntos que ninguém se manifesta em protesto, ninguém fala nada, porque possivelmente há grandes corruptos políticos se beneficiando disso, como parasitas, que não aceitam contribuir com a cultura da honestidade nem dos bons costumes. Enquanto houver passageiros que paguem pelos produtos e serviços desses ladrões travestidos de empresas, a cultura do assalto nos aeroportos permanecerá por muitos anos.