Ser do contra...
Kobesk a 20 de Setembro de 2016 às 02:03
Em: A mulher que ama o misógino
Bom dia caro Rodrigo, li alguns de seus posts e gostei muito. Tanto que me sentir a vontade para recorrer a seu contato pelo email umavezildo@gmail.com. Acontece que parei de comunicar-me porque sentir incomodada com suas perguntas e colocações. Não sei como é com outras pessoas, mulheres talvez, mas foi o que me fez não responder mais apesar de querer muito continuar respondendo e ver que tipo de orientações ou conselhos você me proporcionaria. Talvez se você fosse menos direto ou quisesse saber menos da gente poderia dar certo de conseguir nos ajudar. Pense nisso. Obrigada.
Respondendo à Ana Kobesk:
Havia um homem que morava numa casinha. Era um homem de fé, muita fé. Então um dia uma forte chuva assolou os moradores de seu bairro e o rio próximo transbordou, alagando vários bairros, inclusive onde esse homem de fé fervorosa estava com sua casinha. As águas subiam parede acima e moradores precisaram sair às pressas. Vieram os caminhões de bombeiros e retiraram alguns moradores, mas outros ficaram e esse homem disse que confiava em Deus, permanecendo em sua casinha. A água subiu até a janela, vieram botes dos bombeiros e retiraram outros moradores, mas o homem de fé permaneceu dizendo que confiava em Deus. A água subiu até o teto da casinha e veio a guarda-costeira retirando animais domésticos e outros teimosos dos telhados, mas o homem permaneceu dizendo que confiava em Deus. Então a água subiu e cobriu o telhado e veio o helicóptero da polícia militar retirando os poucos teimosos insistentes dos telhados com a água batendo no peito, mas o homem permaneceu dizendo que não ia porque confiava em Deus. A água cobriu o homem que morreu afogado. No céu, o homem indignado encontrou-se com um dos anjos do Senhor, e perguntou por que Deus não o salvou da enchente? O anjo respondeu: "-Como não? Deus enviou caminhão, bote, barco e até helicóptero, mas você recusou todos eles!". Bom, Kobesk, a moral da história é que não se escolhe como quer ser ajudado, porque o auxílio é universal. As perguntas que faço são para saber com quem estou me comunicando, como é a pessoa que pede socorro. Vai que a pessoa esteja descuidada e vive largada, então eu sem o menor interesse de realmente ajudá-la digo: "-Olha, vista-se sensual e aja dessa forma assim e tal...", daí essa pessoa vai se sentir insultada, porque está feia, pálida quase cinza, totalmente acabada, às traças. Como acha que essa pessoa se sentirá? Recebo e-mail diário e respondo os que consigo - pois não vivo disso, não ganho nada com o blog, não há propagandas nem botão de doações, então faço isso por vocação, altruísmo, e outros motivos que já disse neste blog em algum post por aí. Então, quando vejo sua chamada de atenção em "-Talvez se você fosse menos direto ou quisesse saber menos da gente poderia dar certo de conseguir nos ajudar. Pense nisso."[sic], eu fico perplexo com a audácia contextual. Ainda que eu fizesse isso ganhando pra fazê-lo, é impossível ajudar alguém que escolhe como quer ser ajudado. Não vou ao mecânico e fico dizendo como quero que ele conserte o meu carro, bem dizer vou chorar pro preço dos serviços ficarem acessíveis ao meu bolso, desde que conserte o carro. Quem pede ajuda precisa ter consigo um dilema, o da confiança absoluta, porque se você lê o post, sente-se segura e envia um e-mail pedindo um help, certamente está disposta a expor sua necessidade e expor-se para que sua história seja entendida. É através de uma compreensão holística que se torna possível conseguir encontrar uma saída e ter ideias de como ajuda-la da melhor maneira. A intimidade no contato e nas informações é inevitável, a menos que se queira receita de bolo. Desculpe a franqueza, mas há coisas que requerem atenção.