Uma terapia funcional.
Em 2011 assisti ao filme "Pronto para recomeçar". Após ser demitido do emprego de vendedor, em boa parte devido ao alcoolismo, ele descobre que foi despejado de sua própria casa pela esposa, que ainda por cima jogou todas as suas coisas no jardim. Sem reação, Nick simplesmente senta numa cadeira e lá fica bebendo cerveja. Frank Garcia, um amigo que é policial, lhe diz que legalmente ele pode ficar no local por cinco dias, caso realize uma venda no jardim. É o que Nick resolve fazer, colocando todas as suas coisas à venda e então vem a mensagem que me fez ter insights para um pensamento que atinge a muitos de nós. Se o ensaio das perdas faz a pessoa perceber o seu melhor no melhor do outro, então por que não um ensaio de ganhos ou de sensações de ganhos? O raciocínio parece confuso quando falo assim sem um referencial mais detalhado, mas meu ponto de vista se refere ao que venho fazendo desde 2010 com algumas amigas para quem tenho dedicado tempo, planejamento e uma entrega intensa de influência psicossocial e psicossexual. Tenho elaborado uma terapia arriscada de desmonte e remontagem de conceitos pessoais, psicológicos, reinventando mulheres destruídas por traumas de experiências em relacionamentos perversos. Mulheres sofridas, desestimuladas, perdidas e sem horizonte, sem projeto de vida, de ego violentado por homens irresponsáveis, egocêntricos e enganadores. Homens que sugam a energia e tiram de suas mulheres a alegria de viver uma vida feliz. Ogros nascidos para destruir conquistas, enfraquecer sonhos, enferrujar projetos e confundir mentes. Caras sem futuro, o tipo de companheiro que de companheiro não tem nada, senão apenas um entulho que se junta na vida dessas mulheres. Talvez ou muito provavelmente eu tenha me interessado em fazer isso por mulheres com esse estereótipo por me identificar com elas, supostamente por eu ter sido também atropelado por companhias assim, malditas companheiras que tiraram de mim toda a esperança que eu um dia poderia ter tido. E se há mulheres tão desumanas e mortais como as que me envolvi, certamente há muito mais homens tornando cada vez mais mulheres zumbis sociais e familiares, entendendo que se eu tive o azar de conhecer e me envolver com mulheres más, é porque elas também um dia tiveram referenciais de homens injustos e desprezíveis em suas vidas, fazendo valer que o justo paga pelo pecador. Tenho feito diálogos de reinvenção, em que não tenho cobrado nada por isso, até porque não é científico e sim uma percepção do psicológico humano no cotidiano das relações interpessoais. O arquétipo formado pelos conceitos de quem acredita em tudo o que vê para o referencial do que realmente é e não pode ser visto. Tenho me aprofundado no conhecimento dos conceitos hindus, indianos, chineses, como também taoísta, budista e cristão. Uma mistura de informações tirando de cada referencial uma que preenchesse a lacuna do meu pensamento transformador. Tenho aplicado do do-in, o shiatsu e o tantrismo nas sessões de tato e os conceitos como inspiração do terceiro olho. Dividi o conceito em duas seções: Diálogo e Laboratório. O diálogo é a indução de novos pensamentos, em que os conceitos são refeitos. Sim, os conceitos são o "modus vivendi" (modo de viver) de tudo aquilo que você absorve durante o seu dia-a-dia nos valores que você acredita ser bom ou aceitável ou tolerável para você viver a sua vida. Então os valores provém dos conceitos que você observa da experiência alheia e toma para si. Já os princípios são os todos os conceitos que você aprende para viver uma vida inteira, como a fé, a educação e moral cívica. O objetivo no Diálogo é acessar os conceitos do modus vivendi para desconceituá-los, a fim de substituir por conceitos novos para o "modus operandi" (modo de fazer). E há o Laboratório, que é o modus operandi constante com a afirmação dos novos conceitos, porque não basta dizer à uma pessoa no novo conceito achando que ela seguirá e sua vida mudará. Tem que ser repetitivo, porque, principalmente as mulheres, ninguém consegue acreditar num conceito, ainda mais sendo um conceito novo em sua vida se ouvir uma ou pouquíssimas vezes. Por exemplo: o conceito dos estudos só se tornam lembrados no momento das provas estudantis se o aluno estudar diversas vezes sobre o tema, a matéria, ou seja, se ele repetir o conceito, a informação insistidamente. Assim funciona no comportamento humano e o Laboratório, nome que melhor encontrei para elucidar o ideal de valor da reinvenção pessoal, é o modus operandi inserido na mente da pessoa. Entretanto, havia começado a aplicar o modus operandi na primeira pessoa, isto é, orientando para que fizesse com o outro o que era dito, ensinado, a fim de causar reação desta para aquela com quem ela convivia, e percebi duas vertentes complexas: A primeira se tratava do trato com uma terceira pessoa familiar em que o conceito modus operandi se tornava real e concreto, passando a ser modus vivendi. A segunda era intrigante, e se referia à pessoa com quem essa aprendiz lidava, convivia e se relacionava. Aprendiz foi o nome que encontrei para identificar a mulher de quem eu me tornava mentor. Mentor vem de mentoria, consiste em uma pessoa com experiência pessoal e/ou empresarial que oferece sua colaboração à outra (normalmente a alguém com pouca experiência), assim, seu objetivo é beneficiar o próximo através do seu conhecimento e experiência. Deve-se levar em conta que o mentor é precisamente aquele que ajuda o outro (fonte: conceitos.com). A segunda vertente não funcionava quanto à constância de conceitos para o modus operandi. Tentei por diversas vezes e com diversas mulheres sofridas ou desiludidas, mas havia algo errado, parecia ser maior ou mais forte. Cheguei a ler sobre alguns conceitos espiritualistas, porque não conseguia entender como seria possível a pessoa ter resultados com entes próximos-distantes (pai, mãe, irmã, irmão, amigos, amigas, colegas de trabalho etc), e ao mesmo tempo não ter a mesma influência com quem se relacionava, se tornando uma pessoa próxima-íntima de si. Mas não tinha nada a ver com espiritualidade. Tinha diante de mim um desafio para compreender a charada que a vida me pregara. Até que uma amiga que tenho há mais de 20 anos se permitiu (finalmente) ser uma aprendiz - pois'é, casa de ferreiro o espeto é de pau, e até a amiga de duas décadas não botava fé no que eu havia sacado das personalidades humanas. E começamos a aplicar os diálogos, destruindo totalmente os conceitos modus vivendi para deixar o "terreno" neutro, cru por um tempo, para que no momento adequado pudéssemos aplicar os novos conceitos modus operandi. Quando aplicava no âmbito pessoa próxima-íntima os resultados eram catastróficos. Tudo caía por terra e eu sabia que a outra parte da relação com a aprendiz tinha um poder de influência destrutivo absoluto e muito mais forte. Eu cheguei a mencionar que ela deveria ficar literalmente sem ninguém, para que pudesse dar certo, mas isso seria ruim, pois quando, então, ela retomasse a relação ou, simplesmente, iniciasse uma nova tudo cairia por terra novamente. Até que eu joguei a toalha e abri mão de continuar com isso. Passadas algumas semanas ela entrou num conflito com a outra parte e me procurou ansiosa pedindo para darmos continuidade ao projeto. Expliquei que não daria certo, pois não conseguia compreender do porquê as aplicações de novos conceitos de modus operandi não surtiam os efeitos com a parte da relação próxima-íntima (ficante, namorado, noivo ou marido), da mesma maneira que ocorria com as partes próximas-distantes. E ela teve uma sacada surpreendente, talvez no desespero de não perder o projeto de seu aprendizado, e me disse que eu deveria ser a parte oculta de sua relação, em que eu projetasse os conceitos, num reflexo neural de comportamento. Em outras palavras, seria como se eu fosse "o outro", mas um outro-mental, que mantivesse uma constância nas informações fazendo reflexo ou espelhamento psicológico, em que os conceitos de modus operandi se fusionassem nos conceitos da relação real com a outra parte. Mas aí fomos de encontro com uma novidade conflitante: como fazer isso de modo que não atrapalhe a relação real da aprendiz, pois eu deveria manter pulsos de estímulos constantes e no MSN isso se tornaria um problema, pois os históricos sempre ficam para trás a ponto de que podem ser pegos pela parte real e até explicar toda a metodologia, a destruição já estava consumada. Passei então a fazer os estímulos como a relação-reflexo por SMS. Tentamos pelo G-Talk do Gmail, mas há rumores que o Google irá acabar com muitas ferramentas em função do Facebook. Mas também não seria ideal, pois o mesmo seria de igual dificuldade que o MSN produziria. Passei a enviar estímulos de conceitos de relacionamento, como se eu fosse a parte maliciosa, tarada da relação. No começo foi engraçado, parecia uma brincadeira sacana, mas os resultados começaram a aparecer e a aprendiz passou a validar cada vez mais as melhoras em sua relação-real. Isso me deixou intrigado, passei a elaborar melhor meus textos, e lendo um artigo da jornalista Lilian Ferreira do UOL Ciência e Saúde 31/07/2010, compreendi que estava no caminho certo, muito embora diferente e estranho, mas estava funcionando. Num misto de conceitos do modus vivendi ilusório, surreal passei a bombardear com conceitos modus operandi e os estímulos levaram a aprendiz a buscar na parte-real de sua relação as respostas. Isso tornou a relação quente e envolvente. Para essa maneira de fazer chamei de Laboratório, pois no laboratório é onde se faz as experiências práticas, contudo os resultados estão a nível consciente das partes do projeto, em que não acontece a responsabilização de um e a vitimização de outro, neste caso, do mentor versus aprendiz. Passei a retomar os Diálogos e Laboratórios anteriores de outras aprendizes, e os resultados foram gratificantes. Do momento que apliquei o conhecimento de fazê-las pensar por antecipação como os homens pensam, dei a elas um poder novo de persuasão masculina e ao mesmo tempo as blindei contra as mazelas masculinas, esculpindo-as na malícia e perspicácia, acentuando o potencial feminino, sensual e sexual em seus relacionamentos. Mulheres felizes, maliciosas, inteligentes, honestas em seus sentimentos, valentes. Mulheres que começaram a se humanizar, pedir perdão, reconhecer suas limitações, seus erros, se reconciliarem com pai, mãe, irmãos, valores inseridos para o bem. Isso se refletiu absurdamente na sexualidade e na sensualidade também. Muitas vezes pensei em escrever um livro, mas quem iria entender isso sem antes me levarem para a fogueira feito Joana D'Arc? Percebi que certas coisas não devem estar ao alcance de todas as pessoas, infelizmente, mas as poucas que me procuram - certamente por estarem destruídas e sem rumo na vida (sina autodestrutiva), mulheres que sentem pena de si mesmas, que se autossabotam e vivem das migalhas de sentimentos alheios, para elas eu me dou e me dôo gentilmente. Provavelmente julgamentos acontecerão, e para que a aprendiz não descarregue suas crenças autodestrutivas no projeto de Diálogo e Laboratório sugiro a aceitação de regras. Tais regras se tornam o contrato assinado verbalmente comigo, a fim de que não tenhamos problemas na jurisprudência das relações futuras, até porque tenho minha vida pessoal e enquanto eu puder vou me dedicar a ensinar o insight que tive. A aprendiz deverá ser rigorosamente atenta às regras (pentagrama = 5): 1 - Nunca julgará ninguém, nem a mim e tampouco a si mesma. 2 - Nunca comparará ninguém, nem ela com alguém melhor, nem ela com alguém pior e tampouco a mim mesmo. 3 - Nunca deverá culpar ninguém, nem as pessoas de suas relações pessoais e sociais, nem a si mesma e tampouco a mim. 4 - Nunca deverá contar sobre o projeto, nem mencionar, sequer manter os diálogos ou laboratórios sujeitos à exposição, assim ela não se exporá e tampouco a mim. 5 - Nunca reagirá por si só sem antes refletir no projeto suas atitudes, assim o crescimento pessoal transmuta, faz com que os resultados fiquem diferentes. Dessa forma a aprendiz se desnuda e se desarma, conseguindo absorver cada novidade e aplicar em sua vida pessoal a cada encontro de validação. Os encontros são primordiais, pois as correções são feitas como postura, forma de olhar, jeito de falar, e todas as falhas são corrigidas segundo o que surge no Diálogo. Estou feliz por ter encontrado uma maneira de superar a intrigante dúvida que fazia o projeto de reinvenção sucumbir por falta de conteúdo prático e definitivamente transformador. Enviar estímulos-virtuais ou manter diálogos surreais com a aprendiz, em que ela toma para si como verdade absoluta e em seguida ou na primeira oportunidade aplica com a parte-real de sua relação tem sido surpreendente até para mim mesmo, muitas vezes. É curioso como a mulher precisa receber estímulos-virtuais para que possa pôr em prática seu aprendizado e colher frutos disso. Estímulo virtual é tudo aquilo que você aplica de forma real-imaginária, para que no momento de sua aplicação-real aconteça naturalmente, ocorrendo o reflexo-neurológico entre as três partes, tornando o reflexo-primitivo renovado. Em breve essa adorável aprendiz, amiga de longas datas, será liberada para viver sua vida por si só, sem minha influência ou consultoria, porque o melhor de tudo é quando a mulher sai do Diálogo e do Laboratório renovada, preparada para mudar seu futuro que, antes de tudo, estava fadado a não existir na intensa harmonia e empoderamento feminino.